Pesquisa pretende selecionar microrganismos que combatam a broca-podridão da cana-de-açúcar
Uma
pesquisa da Embrapa cujo projeto foi recém-aprovado pela Faperj
pretende contribuir para o controle do complexo broca-podridão que ataca
a cana-de-açúcar e desenvolver um insumo biológico capaz de minimizar o
problema nas lavouras canavieiras. A intenção é estudar como
microrganismos endofíticos do gênero Bacillus podem ser
utilizados com essa finalidade. “Esses microrganismos possuem a
capacidade de produzir esporos que garantem sua sobrevivência sob
situações adversas e alguns deles, como as bactérias pertencentes à
espécie B. thuringiensis, produzem as chamadas proteínas Cry,
responsáveis pela ação bioinseticida que é letal à broca”, destaca o
pesquisador José Ivo Baldani, da Embrapa Agrobiologia (Seropédica, RJ),
que está a frente do trabalho.
O pesquisador explica que bactérias dessa espécie são capazes de colonizar os tecidos internos das plantas e, portanto, poderiam, durante a fase de esporulação, produzir as pró-toxinas Cry. Além disso, outras estirpes de Bacillus com atividade antagônica ao fungo causador da podridão poderiam ser inoculadas em conjunto, visando à inibição da entrada do fungo nos orifícios causados pela broca. “A hipótese desta pesquisa é que nossa coleção de culturas possui estirpes capazes de promover o controle biológico da broca e do fungo causador da podridão vermelha na lavoura canavieira”, aponta.
Causada pela praga Diatraea saccharalis (espécie de mariposa), a broca da cana-de-açúcar tem sido contornada com diversos tipos de manejo: químico, biológico e, mais recentemente, com plantas transgênicas. O controle biológico da broca tem sido considerado um programa de sucesso, por aumentar os inimigos naturais da praga no agroecossistema, mas esbarra no problema de multiplicação em larga escala desses inimigos e na aplicação no momento correto. O controle químico, por sua vez, além do custo elevado, acarreta problemas à população de organismos benéficos do solo e também ao ambiente, por deixar resíduos químicos que podem ser transportados a mananciais. Por fim, o transgênico, que implica no desenvolvimento de variedades de cana-de-açúcar capazes de expressar os genes Cry, ainda não está disponível no mercado.
Já no caso da podridão, provocada pelo fungo Colletotrichum falcatum, ainda não há um controle químico disponível. Estudos recentes apontam o potencial das bactérias endofíticas frente a esse fungo, o que aumenta a expectativa para que ajam positivamente contra a podridão da cana. “Acredita-se que o comportamento endofítico possibilite a essas bactérias permanecer nas áreas de cultivo por mais tempo, potencializando o controle das pragas e do fungo e, consequentemente, contribuindo para a redução de custo da cultura, para o aumento da produtividade e para a sustentabilidade do agroecossistema”, explica o pesquisador.
Cultura canavieira poderia ter produtividade aumentada
O Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, com produção de aproximadamente 620 milhões de toneladas de cana plantada em uma área de 8,59 milhões de hectares – ou 72,23 toneladas por hectare. A cultura é uma das principais do País e está distribuída em quase todo o seu território, sendo que os estados de São Paulo e Minas Gerais são responsáveis por cerca de 64% da produção total. Os dados são da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Apesar disso, a produtividade média por hectare é considerada baixa, principalmente por causa de perdas de produção decorrentes de fatores ambientais, do manejo e da incidência de pragas.
Estima-se que os prejuízos causados pela broca da cana representem, hoje, perdas superiores a R$ 5 bilhões ao ano para o agronegócio brasileiro, mesmo com os diferentes tipos de manejo aplicados no controle de pragas. “Esse prejuízo deve ser ainda maior se considerarmos que a D. saccharalis também ataca outras culturas de importância econômica, como o arroz, a aveia, a cevada, o milheto, o milho e o sorgo”, revela Ivo.
Para a prospecção da coleção de culturas com o intuito de encontrar bactérias que tenham potencial para o controle do complexo broca-podridão da cana-de-açúcar, deverão ser realizados bioensaios in vitro para a seleção de bactérias com atividade antagônica ao fungo C. falcatum e com ação entomopatogênica à broca. A intenção é selecionar cinco estirpes de Bacillus com atividade antifúngica contra as linhagens de C. falcatum e cinco com atividade entomopatogênica contra as larvas da broca, também detectando-se a presença de genes Cry nestas últimas. As estirpes terão sua eficiência testada em casa de vegetação, na presença do fungo e da praga, e também em campo, em áreas infestadas pela praga e infectadas pelo fungo.
O pesquisador explica que bactérias dessa espécie são capazes de colonizar os tecidos internos das plantas e, portanto, poderiam, durante a fase de esporulação, produzir as pró-toxinas Cry. Além disso, outras estirpes de Bacillus com atividade antagônica ao fungo causador da podridão poderiam ser inoculadas em conjunto, visando à inibição da entrada do fungo nos orifícios causados pela broca. “A hipótese desta pesquisa é que nossa coleção de culturas possui estirpes capazes de promover o controle biológico da broca e do fungo causador da podridão vermelha na lavoura canavieira”, aponta.
Causada pela praga Diatraea saccharalis (espécie de mariposa), a broca da cana-de-açúcar tem sido contornada com diversos tipos de manejo: químico, biológico e, mais recentemente, com plantas transgênicas. O controle biológico da broca tem sido considerado um programa de sucesso, por aumentar os inimigos naturais da praga no agroecossistema, mas esbarra no problema de multiplicação em larga escala desses inimigos e na aplicação no momento correto. O controle químico, por sua vez, além do custo elevado, acarreta problemas à população de organismos benéficos do solo e também ao ambiente, por deixar resíduos químicos que podem ser transportados a mananciais. Por fim, o transgênico, que implica no desenvolvimento de variedades de cana-de-açúcar capazes de expressar os genes Cry, ainda não está disponível no mercado.
Já no caso da podridão, provocada pelo fungo Colletotrichum falcatum, ainda não há um controle químico disponível. Estudos recentes apontam o potencial das bactérias endofíticas frente a esse fungo, o que aumenta a expectativa para que ajam positivamente contra a podridão da cana. “Acredita-se que o comportamento endofítico possibilite a essas bactérias permanecer nas áreas de cultivo por mais tempo, potencializando o controle das pragas e do fungo e, consequentemente, contribuindo para a redução de custo da cultura, para o aumento da produtividade e para a sustentabilidade do agroecossistema”, explica o pesquisador.
Cultura canavieira poderia ter produtividade aumentada
O Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, com produção de aproximadamente 620 milhões de toneladas de cana plantada em uma área de 8,59 milhões de hectares – ou 72,23 toneladas por hectare. A cultura é uma das principais do País e está distribuída em quase todo o seu território, sendo que os estados de São Paulo e Minas Gerais são responsáveis por cerca de 64% da produção total. Os dados são da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Apesar disso, a produtividade média por hectare é considerada baixa, principalmente por causa de perdas de produção decorrentes de fatores ambientais, do manejo e da incidência de pragas.
Estima-se que os prejuízos causados pela broca da cana representem, hoje, perdas superiores a R$ 5 bilhões ao ano para o agronegócio brasileiro, mesmo com os diferentes tipos de manejo aplicados no controle de pragas. “Esse prejuízo deve ser ainda maior se considerarmos que a D. saccharalis também ataca outras culturas de importância econômica, como o arroz, a aveia, a cevada, o milheto, o milho e o sorgo”, revela Ivo.
Para a prospecção da coleção de culturas com o intuito de encontrar bactérias que tenham potencial para o controle do complexo broca-podridão da cana-de-açúcar, deverão ser realizados bioensaios in vitro para a seleção de bactérias com atividade antagônica ao fungo C. falcatum e com ação entomopatogênica à broca. A intenção é selecionar cinco estirpes de Bacillus com atividade antifúngica contra as linhagens de C. falcatum e cinco com atividade entomopatogênica contra as larvas da broca, também detectando-se a presença de genes Cry nestas últimas. As estirpes terão sua eficiência testada em casa de vegetação, na presença do fungo e da praga, e também em campo, em áreas infestadas pela praga e infectadas pelo fungo.
Embrapa Agrobiologia
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