Cadeia Produtiva 
        
Mercado de açúcar: MERCADO FICA PESADO E REALIZA FORTEMENTE
Um mercado que sobe 430 pontos em pouco 
mais de um mês (16.75-12.50) estava fadado a um ajuste de preços e 
tomada de lucro. Foi isso que aconteceu. O vencimento maio/2016 encerrou
 a quinta-feira a 15.87 centavos de dólar por libra-peso uma 
desvalorização na semana de apenas 10 pontos, no entanto, o colapso nos 
preços no último pregão da semana, desvalorizando mais de 5%, com o 
mercado caindo de 16.75 para 15.78 demonstra que o mercado estava pesado
 demais. Os demais meses de vencimento fecharam praticamente 
inalterados. Ou seja, tudo que o mercado subiu ao longo da semana 
devolveu no pregão de quinta-feira com acentuada desvalorização de 88 
pontos.
Além de ter subido fortemente e muito 
rapidamente, o fato é que a desvalorização do real na semana atraiu 
novas fixações de preços. O fechamento da quarta-feira mostrava mais de 
R$ 1.400 por tonelada (se pegarmos NY negociado a 16.71 centavos de 
dólar por libra-peso e o real a 3.6765), ou seja, um preço recorde. 
Acredito que muitos negociadores se deram conta de que os preços estavam
 absurdamente vantajosos e saíram fixando no dia seguinte incentivados 
por um real mais fraco. Ainda assim, o fechamento de quinta-feira 
mostrava R$ 1.340 por tonelada o que me leva a crer que NY poderá 
continuar a cair (dependendo do desempenho do real) mais uns 3-4%.
Os sinais de que precisávamos para 
consolidar a alta robusta do mercado de açúcar em NY não se confirmaram 
porque o mercado físico continua devagar e o enfraquecimento dos spreads
 demonstra que os participantes do mercado já não acreditam em falta de 
disponibilidade de açúcar para maio.
Por outro lado, a queda na venda de 
etanol hidratado pode colocar ainda mais pressão no início de safra e 
mudar a equação uma vez que o açúcar em NY ainda é mais vantajoso para a
 usina do que o hidratado em aproximadamente 20-30 pontos.
O mercado de açúcar em NY tem sido 
alimentado fortemente pela posição especulativa dos fundos que carregam 
um volume de mais de 200.000 contratos comprados. O derretimento do 
mercado na quinta-feira mostra que os fundos liquidaram parte de suas 
posições ainda não refletidas pelo número publicado pelo CFTC. O mercado
 esticou e parece ter encontrado um nível provisório de segurança.
Muito embora os fundamentos do mercado 
continuam positivos com as constantes correções de déficit mais 
acentuados, o componente câmbio voltou a fazer a diferença. Nos últimos 
seis meses, a média do fechamento de NY foi de R$ 1.275 por tonelada 
usando a taxa de câmbio do Banco central. Esse número deve ser usado 
como parâmetro para tentarmos estabelecer aonde os preços de NY devem 
orbitar. Nos últimos 3 meses, esse valor passa para R$ 1.288. Ou seja, 
com o real a 3.6000 um chão razoável para o açúcar seria 15.42 centavos 
de dólar por libra-peso, com o real a 3.8000 o chão passa para 14.61 
centavos de dólar por libra-peso.
O que pode mudar esse cenário é o atraso
 na moagem em consequência das chuvas. No entanto, o arrefecimento da 
economia pode mudar a abordagem das usinas em relação o mix de produção,
 colocando mais açúcar no sistema e consequentemente pressionando os 
atuais níveis de preço. Por enquanto, isso são conjecturas.
Acredito que o mercado ainda não se deu 
conta de que o Centro-Sul pode ir para seu terceiro ano seguido de menor
 produção de ATR apesar de uma quantidade de cana maior a ser moída. 
Embora 2020/2021 ainda esteja muito longe, não tenho dúvidas de que 
estamos começando a construir um mercado extremamente positivo para os 
próximos anos dada a limitação que o Brasil tem de expansão de 
investimentos vis-à-vis um mercado consumidor mundial que cresce entre 
1.9% e 2.2% ao ano enquanto a produção patina nos 1.6% de crescimento ao
 ano.
Gestão no Campo
 
Nenhum comentário:
Postar um comentário