Madame Kirchner acordou em Pernambuco
Enfrentar
 o clima rude, o solo áspero, a morte em cada crise, a decadência rural,
 as vantagens urbanas - tudo isso é fácil, mas difícil é lutar contra o 
próprio governo quando insiste em ser pior do que o clima e o solo, 
tirando do sertanejo o pouco que lhe subsiste. 
Madame Kirchner -
 Sempre houve pecuária na Argentina. Em 1866 nascia a Sociedade Rural 
Argentina (SRA), com o lema: “cultivar o solo é servir à Pátria” - 
refrão de gente séria. Em 1875 já acontecia a primeira Exposição 
organizada pela Sociedade Rural Argentina, enchendo os cidadãos de 
orgulho. Em 1880 foi introduzido o gado Holstein, o melhor do planeta. 
Em 1920 entraram as raças Friburgo, Flamenco, etc. Em 1924, a Sociedade 
Rural Argentina adotou o nome “Holando-Argentino” para as misturas de 
várias origens, tentando acertar o rumo. Eram iniciativas erradas, pois 
contrariavam o solo e o clima. Então, surgiram os carrapatos. Depois de 
algumas epidemias que arrasaram a pecuária, a Argentina descobriu o 
Brasil, ou melhor, descobriu o Zebu Brasileiro. Fez algumas importações e
 acabou salvando parte do gado. Descobriu, assim, que cada solo tem o 
gado que merece. 
A
 seguir, tendo assumido o solo (coisa que os governos nordestinos ainda 
não fizeram, mas os sertanejos já - e sofrem por isso), a Argentina deu 
um salto, passando a ser considerada a “Europa latina”. Viveu muito bem 
por um período. Ultimamente, porém, sucumbiu diante de governos 
melífluos e populistas, que persistem no cargo até hoje, promovendo uma 
derrocada no setor rural. O “modelo ruralista” da América do Sul está em
 frangalhos por conta de maus governantes que distribuem esmolas às 
pessoas, comprando seus votos, ao invés de estimular o trabalho e a 
produção.
É
 o “adeus à produção e viva a inércia do cidadão” - exatamente como 
acontece no Brasil moderno. Quando políticos resolvem ser ditadores, 
usando a democracia para destruí-la, os desastres vão se acumulando e o 
prato do povo vai se esvaziando - é sempre assim. O rebanho argentino já
 foi de 61,0 milhões de cabeças. Caiu para 57,6 milhões (2008), chegando
 a 48,95 milhões (2012), por erro governamental, por ter desprezado os 
pecuaristas e o próprio solo. Agora, a Madame Kirchner vai gastar pelo 
menos 12 anos para a recuperação do campo. Azar do povo, claro! Enquanto
 isso, a Madame trata de botar a culpa nos pecuaristas, claro!
A
 Sociedade Rural berrou, berrou (e continua berrando) e a Madame não 
gostou. Resolveu mostrar que é durona, a dona do cangaço de lá. Em 2012,
 determinou a expropriação do prédio onde está a Sociedade Rural 
Argentina, dentro do Parque de Exposições de Palermo. Ora, o Parque está
 lá há mais de 100 anos! Trata-se, então, de um gesto claramente 
ditatorial e de escárnio, deixando claro que “quem manda na casa é ela”.
 Ora, Palermo é uma das exposições mais conhecidas do planeta por conta 
do esforço permanente da Sociedade Rural.
O
 governo da Madame nunca prestara, mas entrou em queda livre desde 2006,
 quando disse que iria proteger a mesa do cidadão. Pretendia trocar a 
imagem do bife no prato por votos eleitoreiros. Politizava assim o preço
 da carne. Depois, aumentou os impostos para 27,5%, um absurdo a mais na
 direção do desastre! Os pecuaristas, que nunca conseguiram assinar um 
acordo com São Pedro, também perderam a briga com a Madame e a imprensa 
comprada. Agora sobra Seca e a Ditadura no costado do fazendeiro 
argentino que já foi um dos mais eficientes do planeta.
A
 Argentina despencou de terceiro maior exportador (2005) para um modesto
 undécimo lugar (2012). O quilo subiu 44% para o cidadão e, em 2012, 
chegou a 167% - enquanto o gado era dizimado. Muitos pecuaristas 
migraram para a agricultura da soja, mais sólida e sem tanta pressão 
governamental. Quase igual ao que acontece no Brasil. 
Foram
 perdidos 7.000 empregos na pecuária e mais 7.000 serão perdidos em 
2013. Foram fechadas 120 fábricas, perdendo-se mais 13.200 empregos. 
Fecharam 20 frigoríficos e outros 12 estão fechando. No geral, a 
capacidade ociosa é de 40%. Belo desastre argentino!
Governos
 populistas sempre terminam assim: praticam gestos de “lesa-pátria” e 
não são punidos, inventam desculpas na imprensa aliciada; colocam a 
culpa naqueles que trabalham duramente para continuarem apenas vivos no 
negócio. 
A
 Argentina é o melhor exemplo da vez. Se tivessem escutado a voz da 
Sociedade Rural, os argentinos teriam bife na mesa e cordeiros no campo.
 O povo é levado a esquecer que uma grande nação é alicerçada no setor 
rural, como os Estados Unidos e todo país sério. Quando um governo tenta
 derrubar o setor rural (Cuba, Venezuela, Argentina, etc.) dá com os 
burros n´água e quem paga a conta é o cidadão simplório.

O caso pernambucano -
 Não satisfeita com o desastre argentino, a Madame Kirchner resolveu, 
agora, acordar em Pernambuco. O governador está querendo tirar proveito 
político da área onde está o famoso Parque de Exposições do Cordeiro, 
onde acontece a famosa Exposição Nordestina há muitas décadas. Outros 
Governos já tentaram derrubar a Sociedade Rural Nordestina. Um deles 
loteou o recinto com favelados e sem-tetos, durante uma Exposição 
Nacional. A revista “Agropecuária Tropical” publicou uma reportagem que 
ficou famosa, mostrando a “A Feira dos Mangaios”, uma doidice 
governamental. Ditadura dá nisso!
Agora,
 sem consultar qualquer pecuarista, ou economista rural, o governador 
resolve rebentar uma tradição secular de Pernambuco, na calada da noite.
 “Nada foi comunicado à Sociedade Rural, nada foi solicitado e, para 
piorar, o Estado está mergulhado numa pavorosa seca. Só mesmo a Madame 
Kirchner poderia querer uma medida tão drástica, sem motivo e sem nexo. 
Esta é a pior seca dos últimos 40 anos. A produção de leite caiu de 2,2 
milhões litros/dia para 800 mil. O setor rural combalido precisa de toda
 a ajuda possível, para manter a criação e aplacar os prejuízos e eis 
que o governo resolve gastar uma montanha de dinheiro para ajudar os que
 vivem da cidade, ou seja, para agradar os eleitores de uma única 
cidade. Tenta destruir uma atividade econômica para lucrar alguns votos 
em Recife, maior celeiro eleitoral de Pernambuco. É um crime de 
lesa-pátria.
Madame
 Kirchner inspirou o governador pernambucano, assim como Cuba inspirou 
Bolívia, Venezuela e outras republiquetas que navegam de mal a pior.
Em
 Goiânia - Também em Goiânia, capital de Goiás, o Governo quis (e 
continua querendo) assumir a área onde está o famoso Parque da SGPA. O 
Governo está certo, e os agropecuaristas concordam, mas ainda não 
chegaram a um acordo. Democracia é isso: diálogo; nada de usar a força!
O Governo de Goiás ofereceu tudo: fez maquete e projetos com o seguinte: 
a) uma área maior que a atual, mas fora da cidade; 
b) um metrô especialmente construído para levar o povo até o novo Parque; 
c) infraestrutura muito mais moderna, em comum acordo com a SGPA; 
d) aeroporto e heliporto à disposição dos agropecuaristas; 
e) centro de convenções no recinto; 
e) garantia de que seria o melhor parque do Brasil; etc.
f) participação maciça do governo para viabilizar a primeira exposição no novo recinto.
Mesmo
 oferecendo tantas compensações, os pecuaristas de Goiânia ainda não 
aceitaram e continuam com o famoso Parque, no centro da capital de 
Goiás, atravancando o trânsito nos dias de festa. 
A
 tradição tem peso, não pode ser vencida com gestos de ditadores. Se os 
goianos não aceitaram tudo que foi oferecido, por que os pernambucanos 
estão sendo massacrados a troco de nada? O povo goiano sabe o valor de 
seu setor rural, da produção rural. Um dia, o parque de Goiânia irá sair
 da cidade, claro! - mas com apoio total da classe rural. Parabéns à 
democracia em Goiás.
Voltando a Pernambuco - Várias 
tentativas de diálogo foram tentadas junto do governo, mas nada foi 
adiante. Em dezembro de 2011, a Sociedade apresentou uma carta relatando
 as carências mais urgentes do Parque, em busca de soluções que pudessem
 trazer melhores condições de trabalho aos criadores e ao público 
visitante. 
“Há
 dois anos estamos aguardando uma resposta que nunca veio. Este local 
tem sido modelo para o país, onde os criadores encontram apoio e têm a 
possibilidade de discutir avanços no setor agropecuário, além de também 
encontrar espaço para expor e vender seus animais” - comenta o 
presidente da ACP, Manassés de Melo Rodrigues. Warner Silva, diretor da 
ACP, acusa: “Não entendemos porque, justo num momento tão difícil, 
quando todo apoio é mais do que necessário, estão pensando em fechar 
portas da atividade”.
Construir
 uma praça de lazer para os recifenses? Ora, o Parque do Cordeiro pode 
propiciar esse lazer, pode compartilhar com o povo, com parceria do 
Estado, sem desmantelar a estrutura que é o ponto de convergência de uma
 importante atividade econômica do Estado. Ao invés de destruir o 
Parque, bastaria somar uma área de lazer compatível.
Golpe no escuro -
 “A necessidade mais urgente é o apoio aos criadores. Queremos e devemos
 ser ouvidos. Ficamos surpresos e estamos sem entender porque não fomos 
consultados a respeito. Então, vão mesmo tirar o nosso maior apoio no 
pior momento que a agropecuária está vivendo? Toda a classe agropecuária
 pernambucana está surpresa” - finaliza o presidente da ACP.
Gidalte
 Magalhães, presidente da APECCO-Associação Pernambucana de Criadores de
 Caprinos e Ovinos, realça: “solicitamos que o Governo do Estado 
construísse um novo parque em São Lourenço da Mata, ao lado da cidade da
 copa (o governo tem área para isto), mas não tivemos sucesso em nosso 
pleito”.
Emanuel
 Rocha, vice-presidente da ACP lembra: “São R$ 26 milhões que poderiam 
ser empregados para a ajuda que o setor tanto precisa, com extrema 
urgência e de fundamental importância para Pernambuco”.
Argentina
 x Pernambuco - A peça burlesca está mais parecida com Kirchner do que 
com Goiânia: mais um gesto de ditadura num Brasil que está acumulando 
gestos e gestos similares sem as devidas punições. Cabe a última 
reflexão: “nas repúblicas das bananas e na terra de Pindorama nada é 
feito de graça. Se esta mudança nefasta está sendo feita no escuro é 
porque alguém está auferindo bons lucros. Quem será”? 
Kirchner
 fechou jornais e televisões para somente levar ao público o que ela bem
 quiser, como acontece no início de qualquer ditadura. Será que 
Pernambuco já começa a trilhar o mesmo caminho? Afinal, o Nordeste está 
amargando a Transposição, já chegando aos R$ 8,0 bilhões, dinheiro 
suficiente que poderia quase solucionar, de vez, os problemas dos 
sertanejos, sem explodir uma única dinamite nas caatingas. A 
Transposição tinha dois objetivos: eleger o sucessor de Lula e 
prestigiar cartéis de agroindústria. Água para o povo? Ora, o povo!
O
 povo nordestino precisa de governos fortes, que façam coisas fortes, 
para fortalecer a produção, pois atrás dela estão os empregos e o 
bem-estar das pessoas. Trocar obras por votos, ou apenas para aliciar a 
opinião pública, é um crime de nações pequenas comandadas por gente 
miúda. O Brasil precisa de grandeza; o Nordeste, muito mais, segundo 
inspirava Celso Furtado e tantos pensadores.
 
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