Alta do dólar eleva rentabilidade de agricultores no Brasil
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SÃO PAULO - A recente desvalorização do real será positiva para os
produtores de commodities agrícolas do Brasil, apesar do aumento dos
custos decorrentes de insumos atrelados ao dólar e do ambiente de preços
internacionais em curva descendente.
Especialistas no setor, que é líder de exportações do país, são unânimes em apontar que a cotação do dólar, que acumula alta de quase 5 por cento em junho, vai se converter em negócios um pouco mais lucrativos, no momento em que os valores dos produtos cotados na moeda dos EUA forem convertidos em real.
"Em termos líquidos, é favorável essa desvalorização cambial", disse o analista Fábio Silveira, da GO Associados.
A mudança cambial tem origem, em boa parte, nas perspectivas sinalizadas pelo banco central dos EUA, o Federal Reserve, de reduzir os estímulos monetários, lembrou o coordenador do Cepea e professor da Esalq/USP, Geraldo Barros, apontando que isso também acaba pressionando os preços das commodities.
"O aumento dos juros tende, como regra, a agir no sentido da queda dos preços em dólares das commodities. Portanto, nem todo ganho com a desvalorização vai se transformar em ganhos para o agronegócio brasileiro", acrescentou Barros.
De qualquer forma, continuou o professor da Esalq/USP, entre efeitos negativos e positivos, o produtor brasileiro deve ser beneficiado.
"A experiência passada sugere que o saldo para o agronegócio deve ser positivo, com aumento na renda", disse ele.
As commodities em geral sofreram na quinta-feira, no mercado internacional, sua maior liquidação em um ano e meio, por conta das sinalizações do Fed. Alguns mercados, como o do petróleo, mantiveram a tendência de queda nesta sexta-feira.
Outro fator que pressiona os preços das commodities agrícolas é a perspectiva de um mercado mais bem abastecido. Para o açúcar e o café, safras abundantes no Brasil --maior exportador de ambos os produtos-- têm derrubado as cotações.
Já a soja, principal produto da pauta de exportações agrícolas do Brasil, está sendo impactada pela perspectiva de uma grande safra norte-americana em 2013. As cotações dos contratos mais distantes na bolsa de Chicago, os da safra nova dos EUA, têm valores 15 por cento mais baixos que os da safra velha.
EFEITO DO DÓLAR
o cruzamento das cotações futuras da soja em Chicago com a taxa de câmbio mostra que as perspectivas para o produtor rural melhoraram ao longo de junho, segundo estimativa feita pelo SimConsult, da corretora Centrogrãos, de Mato Grosso.
Levando-se em conta a cotação em Chicago e o câmbio no fechamento do dia 3 de junho, um agricultor de Sorriso (MT) receberia um valor líquido de 43,57 reais por saca de soja de 60 kg em março de 2014.
O mesmo produtor receberia 44,47 reais por saca com base no mesmo cálculo feito com o preço na CBOT e o câmbio atualizados desta sexta-feira.
Em outras palavras, mesmo com uma desvalorização da soja este mês, a alta do dólar já teria rendido um ganho de 2 por cento ao agricultor.
Como os custos de produção variam de propriedade para propriedade, e dependendo da boa gestão realizada em cada fazenda, os insumos têm um peso maior ou menor na conta final de rentabilidade.
Em todos os casos, no entanto, a atual conjuntura ainda é favorável para quem planta.
"Naturalmente isso ajuda o setor, porque a receita bruta e líquida, em reais, vai ser um pouco maior", avaliou o secretário-geral da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Fábio Trigueirinho.
O economista José Roberto Mendonça de Barros, da consultoria MB Agro, acredita que após uma comercialização muito favorável para os produtores de grãos em 2012, há caixa para apostar em ganhos ainda maiores ao longo do ano.
"A estratégia é clara, usar o capital de giro para antecipar os insumos e dá para correr do risco do câmbio, porque ele não vai voltar... Não vejo a menor condição de ele voltar a 1,80; 1,90 ou 2 (reais). Para a agricultura, câmbio desvalorizado é bom. Ponto", disse ele, em uma entrevista recente.
O movimento de maior rentabilidade da soja deve ser acompanhado também por outras commodities exportadas pelo país, na avaliação da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).
"É bem-vindo (a alta do dólar), algumas commodities como café, minério, açúcar, que estão com preços mais baixos... essa elevação do câmbio recupera a redução da rentabilidade (em reais)", disse José Augusto de Castro, presidente da entidade.
CUSTOS
Por outro lado, os principais insumos da agricultura, como fertilizantes e defensivos, são precificados em dólar, o que corrói boa parte dos ganhos. Mas não ao ponto de eliminar a vantagem oferecida pelo câmbio.
"Alguns desses itens (de custos) não são dolarizados, como salário, por exemplo. O saldo é positivo", disse o diretor da consultoria AgroConsult, André Pessôa.
Os custos dolarizados podem chegar a até cerca de 50 por cento do total das despesas dos produtores, mas isso em áreas como Sorriso (MT), maior produtor de soja do país, onde as despesas estão mais atreladas ao dólar do que em outras áreas agrícolas do Brasil, segundo o Cepea.
Especialistas no setor, que é líder de exportações do país, são unânimes em apontar que a cotação do dólar, que acumula alta de quase 5 por cento em junho, vai se converter em negócios um pouco mais lucrativos, no momento em que os valores dos produtos cotados na moeda dos EUA forem convertidos em real.
"Em termos líquidos, é favorável essa desvalorização cambial", disse o analista Fábio Silveira, da GO Associados.
A mudança cambial tem origem, em boa parte, nas perspectivas sinalizadas pelo banco central dos EUA, o Federal Reserve, de reduzir os estímulos monetários, lembrou o coordenador do Cepea e professor da Esalq/USP, Geraldo Barros, apontando que isso também acaba pressionando os preços das commodities.
"O aumento dos juros tende, como regra, a agir no sentido da queda dos preços em dólares das commodities. Portanto, nem todo ganho com a desvalorização vai se transformar em ganhos para o agronegócio brasileiro", acrescentou Barros.
De qualquer forma, continuou o professor da Esalq/USP, entre efeitos negativos e positivos, o produtor brasileiro deve ser beneficiado.
"A experiência passada sugere que o saldo para o agronegócio deve ser positivo, com aumento na renda", disse ele.
As commodities em geral sofreram na quinta-feira, no mercado internacional, sua maior liquidação em um ano e meio, por conta das sinalizações do Fed. Alguns mercados, como o do petróleo, mantiveram a tendência de queda nesta sexta-feira.
Outro fator que pressiona os preços das commodities agrícolas é a perspectiva de um mercado mais bem abastecido. Para o açúcar e o café, safras abundantes no Brasil --maior exportador de ambos os produtos-- têm derrubado as cotações.
Já a soja, principal produto da pauta de exportações agrícolas do Brasil, está sendo impactada pela perspectiva de uma grande safra norte-americana em 2013. As cotações dos contratos mais distantes na bolsa de Chicago, os da safra nova dos EUA, têm valores 15 por cento mais baixos que os da safra velha.
EFEITO DO DÓLAR
o cruzamento das cotações futuras da soja em Chicago com a taxa de câmbio mostra que as perspectivas para o produtor rural melhoraram ao longo de junho, segundo estimativa feita pelo SimConsult, da corretora Centrogrãos, de Mato Grosso.
Levando-se em conta a cotação em Chicago e o câmbio no fechamento do dia 3 de junho, um agricultor de Sorriso (MT) receberia um valor líquido de 43,57 reais por saca de soja de 60 kg em março de 2014.
O mesmo produtor receberia 44,47 reais por saca com base no mesmo cálculo feito com o preço na CBOT e o câmbio atualizados desta sexta-feira.
Em outras palavras, mesmo com uma desvalorização da soja este mês, a alta do dólar já teria rendido um ganho de 2 por cento ao agricultor.
Como os custos de produção variam de propriedade para propriedade, e dependendo da boa gestão realizada em cada fazenda, os insumos têm um peso maior ou menor na conta final de rentabilidade.
Em todos os casos, no entanto, a atual conjuntura ainda é favorável para quem planta.
"Naturalmente isso ajuda o setor, porque a receita bruta e líquida, em reais, vai ser um pouco maior", avaliou o secretário-geral da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Fábio Trigueirinho.
O economista José Roberto Mendonça de Barros, da consultoria MB Agro, acredita que após uma comercialização muito favorável para os produtores de grãos em 2012, há caixa para apostar em ganhos ainda maiores ao longo do ano.
"A estratégia é clara, usar o capital de giro para antecipar os insumos e dá para correr do risco do câmbio, porque ele não vai voltar... Não vejo a menor condição de ele voltar a 1,80; 1,90 ou 2 (reais). Para a agricultura, câmbio desvalorizado é bom. Ponto", disse ele, em uma entrevista recente.
O movimento de maior rentabilidade da soja deve ser acompanhado também por outras commodities exportadas pelo país, na avaliação da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).
"É bem-vindo (a alta do dólar), algumas commodities como café, minério, açúcar, que estão com preços mais baixos... essa elevação do câmbio recupera a redução da rentabilidade (em reais)", disse José Augusto de Castro, presidente da entidade.
CUSTOS
Por outro lado, os principais insumos da agricultura, como fertilizantes e defensivos, são precificados em dólar, o que corrói boa parte dos ganhos. Mas não ao ponto de eliminar a vantagem oferecida pelo câmbio.
"Alguns desses itens (de custos) não são dolarizados, como salário, por exemplo. O saldo é positivo", disse o diretor da consultoria AgroConsult, André Pessôa.
Os custos dolarizados podem chegar a até cerca de 50 por cento do total das despesas dos produtores, mas isso em áreas como Sorriso (MT), maior produtor de soja do país, onde as despesas estão mais atreladas ao dólar do que em outras áreas agrícolas do Brasil, segundo o Cepea.
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