Brasília -- Cerca de 600 representantes de organizações de 
economia solidária de todo o país estão reunidos para fazer um balanço 
sobre a área e discutir os desafios para os próximos anos. A 5ª 
Conferência Nacional da Economia Solidária ocorre em Luziânia (GO), 
cidade a cerca de 60 quilômetros da capital federal.
 Um dos desafios apontados é o acesso ao financiamento para os 
empreendimentos econômicos solidários. A representante da Rede 
Universitária de Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas Populares, do 
Ceará, Ana Dubeaux, aponta a necessidade de implementação de um fundo 
com recursos públicos para financiar o trabalho das organizações.
 "De 2003 para cá, começamos a ter políticas públicas para a economia 
solidária, mas elas ainda são muito fracas. Não existe um fundo público 
que apoie o investimento nos empreendimentos que estão querendo se 
organizar em forma de trabalho associado que é fundamental para a 
economia solidária existir", disse, acrescentando que as políticas 
públicas governamentais têm se destinado, principalmente a formação e ao
 mapeamento das atividades e não oferecem recursos suficientes para a 
aquisição de maquinário.
 Ana Lourdes de Freitas, do Empreendimento Econômico Cultural Templo da 
Poesia, de Fortaleza (CE), também cita o desafio da sustentabilidade dos
 empreendimentos e a necessidade de uma lei federal que regulamente a 
atividade. A organização da qual Ana Lourdes faz parte busca 
sensibilizar o público para as artes e faz também apresentações pagas 
para custear as despesas do grupo. "Assim com as grandes empresas 
recebem investimentos para crescerem, acreditamos que também os 
empreendimentos da economia solidária precisam de investimento para que 
se expandam. Queremos produzir para que a comunidade local consuma".
 A conferência nacional ocorre a cada três anos e o momento de debates é
 também para tratar de avanços alcançados desde o último encontro. O 
crescente reconhecimento da economia solidária é apontado como um dos 
avanços por Ana Dubeaux. "Temos conseguido fazer com que haja um 
reconhecimento da economia solidária que começa a existir nas 
estatísticas, começa a ter políticas públicas voltadas para ela e um 
olhar da sociedade em geral", disse.
 O índio guarani Vanderley Martins, da Aldeia Jaguapireu, de Dourados 
(MS), veio para a conferência com outros 29 indígenas e conta que os 
índios estão entre os primeiros praticantes da economia solidária, já 
que sempre fizeram trocas. Ele coordena um grupo que produz artesanato e
 com os produtos também busca difundir a cultura indígena. A economia 
solidária é para eles uma importante fonte de geração de renda.
 "Temos um banco comunitário na nossa cidade, o Banco Pire, que tem um 
valor em caixa. O empreendimento vai lá, faz o empréstimo e paga em 
parcelas com juros muito pequenos. Nosso grupo Guaté trabalha com 
artesanato, acessórios e junto com o artesanato vai uma embalagem que 
conta nossa história. Quando chegamos à comunidade com o resultado do 
nosso trabalho, é muito gratificante", contou.
 A 5ª Conferência Nacional da Economia Solidária começou ontem (9) e vai
 até o dia 13 de dezembro com o tema Bem-Viver, Cooperação e Autogestão 
para o Desenvolvimento Justo e Sustentável. Uma das definições da 
economia solidária é a de uma atividade de geração de trabalho e renda 
com inclusão social. Compreende práticas econômicas e sociais 
organizadas sob a forma de cooperativas, associações e empresas 
autogestionárias.
 
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