Os impactos da falta de chuva na agricultura e na pecuária dessas regiões deixou a situação dramática em alguns lugares.
O sudoeste e o sul da bahia não são regiões acostumadas a enfrentar períodos tão longos com pouca chuva. Agora, vivem uma estiagem de nível extremo, com a mesma intensidade do sertão e deixa pecuaristas e agricultores preocupados com as mortes de gados e lavouras perdidas.
Produção de cacau afetada
Na região de Ilhéus, a maior produtora de cacau do país, houve prejuízo nas lavouras. Por causa da falta d'água, as plantações estão secas e os frutos não se desenvolveram, vários ficaram murchos, pretos e caíram do pé impossibilitando que algo fosse aproveitado na safra.
"Na safra que seria colhida até agosto, vai haver uma perda de mais de 50% de safra. Algumas propriedades não vão colher nem 10% do que colheram no ano anterior", disse o agrônomo Silvino Kruschesvky.
Com os problemas nas lavouras, alguns fazendeiros estão dispensando funcionários: "A gente trabalha aqui de 20 a 24 funcionários, nesse momento são 15 e vai baixar para 12 e até o fim do ano vão ser só 8... Boa parte deles mora aqui com as famílias e não tem como mantê-los com produtividade tão baixa", explica o proprietário Arthur Slaibi.
Lavouras de café sofrem
A produção de café conilon também foi afetada e a produção deve cair pela metade. O desenvolvimento dos grãos demorou tanto que em algumas lavouras a colheita só começou três meses depois do normal. O grão que sai pequeno da lavoura fica menor ainda depois de seco e descascado e causa prejuízos.
"O produtor perde duas vezes: na lavoura e depois do beneficiamento porque ele vai precisar de mais café para encher uma saca de 60 kg", explica o produtor Edimar Margotto Junior.
Pecuaristas perdem gado e produção de leite
O gado é o mais afetado pela seca. Na região de Itapetinga, no sudoeste da Bahia, onde está 40% do rebanho do estado, mais de 30 mil cabeças de gado morreram em 14 municípios da região, segundo a Agência de Defesa Agropecuária do estado.
Nos últimos 11 meses, só choveu forte em duas semanas de janeiro. Nos outros meses, os índices ficaram muito abaixo da média. Para o diretor do sindicato rural da região de Itapetinga, Marcelo Ferraz, os prejuízos vão além da perda do rebanho. A recuperação de pastagens é o que mais vai exigir do criador, pego de surpresa com a seca prolongada.
"É uma seca inusitada, tanto que chegou numa situação como essa porque não acreditava-se que fosse chegar a esse ponto. Então é um ano de prejuízo total. Se tiver financiamentos, escalonameto das dívidas, e chuva- se chover- vão ser três, quatro anos, no mínimo, pra recuperar", disse ele.
Sem capim para pastagem, os pecuaristas tentam diminuir os prejuízos com ração, mas nem sempre é suficiente. Alguns fazendeiros levam os animais que conseguem ganhar um pouco de peso com a ração para áreas alugadas de pastagens em outros municípios. Além disso, alguns tentam conter os gastos com ração retirando pastagem de regiões que não estão totalmente secas.
A seca também afetou a produção de leite e a queda na região é de 60%. Uma fábrica de iogurte e queijos passou a operar dia sim e dia não e 25% dos funcionários foram dispensados. O presidente, Antônio Rodrigues, explica que os ajustes foram necessários: "Nós não podemos é pensar em fechar a cooperativa porque fazemos a captação de leite de pequenos produtores. E nessa época eles foram os que sofreram mais".
Com as mortes e a retirada de gado, a redução no rebanho em 14 municípios da região de Itapetinga chega a 15%. Mais de oito mil produtores foram atingidos, segundo a Agência de Defesa Agropecuária da Bahia. O período normal de estiagem na região começa agora então agricultores e pecuarista devem se preparar para pelo menos mais três meses sem chuva.
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