A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação 
(FAO) em uma reunião, em Roma, em que estive presente, saiu em defesa de
 erradicar a fome no mundo. Era o ano de 1996 e havia 1 bilhão de 
pessoas famintas ao redor da Terra. A meta era reduzir em 5% ao ano esse
 universo, com o aumento da produtividade agrícola e a redução da 
miséria. Nesses 17 anos, as tecnologias das ciências agrícolas 
evoluíram. Com a criação de alternativas para o desenvolvimento da 
agricultura, a produtividade “explodiu”. No entanto, as metas não foram 
alcançadas, pois cerca de um terço dos alimentos produzidos no mundo é 
perdido durante os processos de produção e venda, um desperdício 
equivalente a US$ 1 trilhão, de acordo com informações da FAO. Em um 
mundo com uma população de 7 bilhões de pessoas, que deve chegar a 9 
bilhões até 2050, o desperdício de alimento não faz sentido, seja do 
ponto de vista econômico, ambiental ou ético. Além da perda de produção,
 são desperdiçados também recursos como água, terras cultiváveis, 
insumos agrícolas e tempo de trabalho _ sem contar a geração de gases de
 efeito estufa pela comida em decomposição e o transporte dos alimentos.
 Precisamos transformar a maneira como produzimos nossos alimentos, para
 alcançarmos a verdadeira sustentabilidade. Chama a atenção o impacto 
ambiental causado por essas perdas. Os números são astronômicos. A 
quantidade de terras cultiváveis usada para produzir comida desperdiçada
 ao ano é o equivalente ao tamanho do México; 24% da água usada na 
agricultura anualmente é gasta com alimentos desperdiçados; 70 milhões 
de piscinas olímpicas seriam cheias com o volume de água usado para 
produzir os alimentos desperdiçados a cada ano; e 28 milhões de 
toneladas de fertilizantes são usados para cultivo do alimento que é 
perdido. O desperdício de alimentos no mundo choca quando sabemos da 
necessidade de tantos. Dados indicam que não são consumidos 44% de 
frutas e vegetais; 20% de raízes e tubérculos; 19% de cereais; 8% de 
leite; 4% de carnes; 3% de oleaginosas e leguminosas e 2% de frutos do 
mar. A luta contra o desperdício de alimentos tem que envolver todos os 
elos da cadeia, dos produtores aos consumidores. Assim poderemos atuar 
de forma a consolidarmos segurança alimentar à população mundial. A 
conscientização é o primeiro passo. Reduzir as perdas pode ser uma das 
principais estratégias mundiais para se conseguir um futuro alimentar 
sustentável.   (ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL  ZERO HORA)
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