Um jeito seguro de reutilizar a cama de galinha
Pesquisadores da Embrapa Suínos e Aves, de Santa Catarina, validaram uma técnica que previne a disseminação de doenças aviárias causadas por vírus na cama de frango. O procedimento, chamado de fermentação plana, mostrou-se eficiente na inativação de microrganismos. Permitindo, dessa forma, que a cama de galinha possa vir a ser reutilizada sem prejuízos para o produtor.O processo, que consiste na umidificação do material e cobertura com lona impermeável para impedir a troca de gases com o ambiente, é um método de tratamento genuinamente nacional. “Ele foi inventado por avicultores brasileiros e ainda é pouco conhecido em outros países”, define a pesquisadora Clarissa Vaz.
Ela comprovou o efeito da fermentação plana sobre o vírus da Doença de Gumboro (VDIB) na cama de aviário reutilizada. “Os experimentos demonstraram que o método é efetivo sobre o vírus da Doença de Gumboro, um modelo viral altamente resistente ao ambiente. A estratégia também pode ser recomendada para inativar vírus aviários residuais com características de resistência equivalentes”, destaca Clarissa.
Estudos anteriores realizados pela pesquisadora Virgínia Santiago Silva, da Embrapa Suínos e Aves, em parceria com a Associação Brasileira de Proteína Animal, já haviam comprovado a eficiência do método no tratamento contra Salmonella Enteritidis e enterobactérias. O estudo é usado como referência pelo serviço veterinário oficial e agroindústrias avícolas.
Desta vez, a confirmação científica do efeito do procedimento sobre os vírus aviários é importante para auxiliar nas orientações aos produtores e na fiscalização pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Atualmente, questionamentos acerca do risco sanitário associado ao reuso da cama aviária entre lotes são frequentemente levantados no âmbito internacional. Novas normas técnicas e barreiras comerciais internacionais vêm exigindo comprovar a inativação de vírus aviários. Clarissa explica: “Isso tem sido um gargalo para a fiscalização dos procedimentos pelo serviço veterinário oficial em todos os estados, afetando diretamente as garantias de sanidade avícola. Também tem sido uma não conformidade detectada pelas missões internacionais oficiais enviadas pelos países importadores de carne de aves”.
A intenção agora é que os estudos realizados sejam efetivamente adotados como referência para a fiscalização do processo. “A avicultura brasileira está constantemente ameaçada por enfermidades e isso causa impacto na produção e exportação. Por isso, a importância e a urgência de trabalharmos com a prevenção”, enfatiza o fiscal federal agropecuário e coordenador do Programa Nacional de Sanidade Avícola do Mapa, Bruno Rebelo Pessamilio.
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