Pesquisadores brasileiros sequenciam o genoma do Gir Leiteiro
 O
 sequenciamento do genoma da raça bovina Gir Leiteiro está concluído. O 
feito tem importância histórica, já que é o primeiro sequenciamento do 
genoma de um mamífero feito por equipe 100% brasileira. O avanço 
científico também traz perspectivas muito otimistas para o setor 
produtivo, pois completa a outra metade do quebra-cabeça que forma a 
genética do Girolando. Este híbrido das raças Gir e Holandesa é 
responsável por mais de 80% do leite produzido no Brasil. A cadeia 
leiteira detém o maior faturamento do agronegócio nacional e é a que 
mais gera emprego, principalmente no interior, já que apenas 50 
municípios não produzem leite no país.
 O
 genoma da vaca holandesa foi sequenciado em pesquisas nos Estados 
Unidos. É o animal de produção cujas pesquisas genômicas estão mais 
adiantadas e com melhores resultados na aplicação comercial. Agora, com 
as informações sobre o DNA da raça Gir organizadas, o trabalho de 
sequenciamento do genoma do Girolando será simplificado. A expectativa é
 que o resultado seja obtido em um ano, enquanto o sequenciamento do 
genoma do Gir levou quatro anos para ser concluído, envolvendo 
pesquisadores da Embrapa, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
 e da Fiocruz-Minas.
 O pesquisador Marcos 
Vinícius da Silva, líder do projeto na Embrapa Gado de Leite, explica 
como se dá o processo, comparando o DNA a um quebra-cabeça: "O genoma já
 sequenciado das raças puras seriam a foto que vem na caixa do jogo e 
que serve de guia para a montagem. Temos então duas fotos: a do Gir e a 
do Holandês. Partes do quebra-cabeça do Girolando vão seguir a foto do 
Gir e outras partes seguirão a foto do Holandês. Importante lembrar que 
são guias apenas. Isto porque o processo de evolução pode gerar novas 
mutações".
 Os estudos levam à identificação 
dos genes que conferem a animais Gir maior tolerância ao calor e mais 
resistência a doenças, enquanto genes do Holandês respondem pela maior 
produção de leite. Mas qual é o impacto para o setor produtivo destes 
avanços da ciência? Neste contexto, basta compreender que será possível 
acelerar os ganhos genéticos e otimizar os sistemas produtivos em 
fatores como produtividade, qualidade do leite e saúde animal.
 Na medicina, estudos do DNA humano já permitem a execução de 
procedimentos preventivos para eliminar riscos de desenvolver doenças 
herdadas geneticamente. Também permitem determinar a dieta e o programa 
de exercícios físicos adequados com base nas informações genéticas 
individuais do metabolismo. A precisão que começa a transformar a 
maneira de o homem lidar com sua saúde também poderá transformar a 
produção no agronegócio.
 DNA Mitocondrial
 Outra conquista científica foi o sequenciamento do genoma das 
mitocôndrias dessas raças. Cada célula carrega informações genéticas no 
núcleo – DNA nuclear – e também no citoplasma – DNA mitocondrial. Este é
 menor e com poucos genes em relação ao núcleo, porém porta as 
características de herança materna, enquanto no núcleo são obtidas as 
informações herdadas do pai. O genoma mitocondrial está relacionado à 
possibilidade de se verificar a origem do indivíduo, também a de algumas
 doenças e processos que envolvem grande demanda energética, como a 
produção de leite. Foram identificadas diferenças relevantes entre os 
genomas mitocondriais das raças zebuínas, caso do Gir Leiteiro e do 
Guzerá, quando comparados com raças taurinas, como o Holandês. 
 Ferramentas genômicas
 
 Com o genoma sequenciado, o grupo de pesquisa atua no desenvolvimento 
de ferramentas para a seleção de indivíduos com foco no melhoramento 
genético das raças. Silva explica que já identificaram variantes 
específicas nos genes do Gir relacionados às características de maior 
importância econômica: tolerância ao calor, resistência a doenças e 
metabolismo de lipídios da glândula mamária, que influenciam a 
concentração e a secreção de lipídios no leite e também o volume da 
produção leiteira.
 
Em julho deste ano, essas ferramentas genômicas serão aplicadas na prova de pré-seleção para o Sumário Brasileiro de Touros, uma publicação anual do Programa Nacional de Melhoramento de Gir Leiteiro que ranqueia os indivíduos pelo mérito genético. Embrapa, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Fiocruz-Minas, juntamente com a Associação Brasileira de Criadores de Gir Leiteiro (ABCGIL) estudam um modelo de negócio para que as ferramentas também sejam disponibilizadas no mercado, visando a atender, principalmente, a produtores e centrais de inseminação.
 
O mesmo caminho será percorrido em relação ao gado Girolando. A perspectiva é disponibilizar até o início de 2016 as primeiras ferramentas associadas a genes de importância econômica para a raça. A solução permitirá que, a partir de um investimento relativamente baixo, os produtores sejam recompensados por evitar que animais geneticamente inferiores sejam incorporados ao rebanho.
 
Os resultados científicos relatados foram obtidos em pesquisas financiadas por Fapemig, CNPq e Embrapa. Contam com apoio da Secretaria do Estado de Ciência Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais (Sectes/MG), Polo de Genética, Polo de Excelência do Leite, Epamig, Centro Brasileiro de Melhoramento do Guzerá (CBMG) e as associações de Criadores ABCZ e ABCGIL.
 
Em julho deste ano, essas ferramentas genômicas serão aplicadas na prova de pré-seleção para o Sumário Brasileiro de Touros, uma publicação anual do Programa Nacional de Melhoramento de Gir Leiteiro que ranqueia os indivíduos pelo mérito genético. Embrapa, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Fiocruz-Minas, juntamente com a Associação Brasileira de Criadores de Gir Leiteiro (ABCGIL) estudam um modelo de negócio para que as ferramentas também sejam disponibilizadas no mercado, visando a atender, principalmente, a produtores e centrais de inseminação.
O mesmo caminho será percorrido em relação ao gado Girolando. A perspectiva é disponibilizar até o início de 2016 as primeiras ferramentas associadas a genes de importância econômica para a raça. A solução permitirá que, a partir de um investimento relativamente baixo, os produtores sejam recompensados por evitar que animais geneticamente inferiores sejam incorporados ao rebanho.
Os resultados científicos relatados foram obtidos em pesquisas financiadas por Fapemig, CNPq e Embrapa. Contam com apoio da Secretaria do Estado de Ciência Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais (Sectes/MG), Polo de Genética, Polo de Excelência do Leite, Epamig, Centro Brasileiro de Melhoramento do Guzerá (CBMG) e as associações de Criadores ABCZ e ABCGIL.
 Viabilidade econômica
 As diferentes técnicas de seleção, advindas da genética tradicional, da
 genética molecular e da genômica, são usadas como estratégias 
complementares no melhoramento de raças. Uma aplicação prática pode ser 
feita na incorporação de novos indivíduos ao sistema produtivo.
 Em bovinos leiteiros, a taxa de substituição gira em torno de 20 a 25%.
 Se um produtor tem 100 vacas em lactação, por exemplo, irá descartar 20
 vacas no ano seguinte e deve substitui-las por novilhas geneticamente 
superiores. Em um plantel de 50 novilhas, é indicado fazer uma avaliação
 genética tradicional, reduzindo o grupo de interesse para 30 novilhas 
e, só então, genotipar esses indivíduos. A associação das técnicas 
garante a eficiência tecnológica e econômica da estratégia de seleção.
 Outra tecnologia, os chips de DNA, tornou possível maximizar os ganhos 
genéticos por meio da redução do intervalo de gerações e do aumento da 
intensidade de seleção. A ferramenta pode ser usada para genotipar, por 
exemplo, touros testados para banco de sêmen, vacas destinadas para 
leilão e até mesmo embriões. Assim, não é preciso esperar nove meses de 
gestação até o nascimento para executar a avaliação genética.
 Carolina Rodrigues Pereira  (MTb 11055-MG) 
Embrapa Gado de Leite
Embrapa Gado de Leite
 
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