Mulheres do agro têm orgulho do setor, mas ganham menos que os homens
Levantamento realizado com mais de 4 mil mulheres, em 17 países, mostra que desigualdade de gênero no Brasil ainda é muito forte
No caso do Brasil, alguns indicadores chamam a atenção quando comparados ao resultado global do levantamento. Um deles é resultado da pergunta “em geral, quão orgulhosa você está por trabalhar na agricultura”, em que 80% das respondentes no Brasil se disseram muito orgulhosas, contra 70% da média global. Por outro lado, há uma enorme diferença no que se refere à igualdade de oportunidades em relação aos homens. Apenas 28% das mulheres brasileiras disseram que têm as mesmas oportunidades (treinamentos, desenvolvimento e plano de carreira etc) que o sexo oposto; 78% acreditam que existe discriminação de gênero no país, contra
Quando o assunto é salário, o Brasil novamente se destaca pela desigualdade – 49% das mulheres dizem ganhar menos que os homens. Nos outros países consultados, o porcentual é de 37%. O levantamento, segundo a diretora de marketing da Corteva para América Latina, Ana Claudia Cerasoli, serviu para mostrar a real situação nos principais mercados em que a multinacional atua e, principalmente para balizar algumas ações da empresa. De acordo com a executiva, a companhia vai ampliar investimento em programas de empoderamento das mulheres do agronegócio. “A pesquisa ajudou a mostrar as áreas mais críticas e com isso faremos alguns ajustes de rotas, principalmente em relação à capacitação e treinamentos. De positivo no Brasil foi 62% disseram que o nível de discriminação melhorou, mas a maioria ainda entende que a discriminação só vai acabar dentro de uma a três décadas. O que é bastante tempo”, acrescenta Ana Claudia.
Lideranças femininas
O projeto piloto será executado em 2019 em parceria com a Fundação Dom Cabral, tradicional instituição de ensino, e com a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag). “O curso vai falar da parte regulatória e política no agro, questões de sustentabilidade e novos formatos de governança. As mulheres serão selecionadas dentro de um perfil de tamanho de fazendas, mas o principal é que estejam dispostas a assumir posicionamento de liderança dentro do setor. As cinco melhores vão participar de uma visita nos Estados Unidos. Quando voltarem, elas vão compartilhar o que viram com as outras do grupo”, explica Ana Claudia.
O plano da empresa é transformar o projeto numa plataforma que em 2020 atenda 300 mulheres do agronegócio brasileiro.
Confira outras conclusões do estudo
● 80% das mulheres que responderam à pesquisa estão na faixa etária entre 20 e 39 anos.
● Maior parte das entrevistadas é dona ou sócia-proprietária (44%), 24% são funcionárias, 18% gerentes e 12% supervisoras.
● 55% são pequenas produtoras (de 01 a 19 funcionários).
● 90% têm muito orgulho do ofício no Brasil (mais do que a média global de 70%).
● 63% das brasileiras acreditam que atualmente existe menos discriminação do que há 10 anos (dentro da média global).
● 44% das brasileiras consideram que o País levará em média de uma a três décadas para alcançar equidade entre os gêneros.
● 49% dizem que ganham menos que os homens.
● 42% dizem que têm menos acesso a financiamento do que os homens.
● Para as produtoras brasileiras, família e estabilidade financeira estão no topo das preocupações. Por mais que tenham orgulho do que fazem, o trabalho aparece como uma das últimas prioridades.
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