quinta-feira, 30 de maio de 2013

Temos a maior safra, e daí?



Notícia maravilhosa: o Brasil está colhendo a maior safra da sua História. Serão 185 milhões de toneladas de grãos e oleaginosas, 11% mais do que na safra anterior. O Brasil, agora, é o primeiro produtor (84 milhões de toneladas) e exportador (41 milhões) mundial de soja. Os Estados Unidos ficaram para trás em soja e milho. O Brasil responde com incrível facilidade: aumentou 3,0 milhões de hectares plantados em apenas um ano. Se há lucro, o brasileiro planta.
Plantar cabe ao produtor e ele faz sua tarefa. Exportar cabe ao Governo e ele anda de muletas, percorrendo até 2.300 km para chegar aos navios. Boa parte da safra será perdida. Hoje o Brasil está sufocado por transportes ineficientes, caminhões velhos, portos velhos, navios pequenos. Quando se soma aos grãos o açúcar e as importações os portos brasileiros entram em colapso. O Brasil está proibido de crescer. Caminhões esperam até 45 dias para descarregar a soja nos navios.
Para complicar, o Governo baixou a Lei 12.619, restringindo a jornada dos caminhoneiros, retirando 500.000 carretas das estradas, aumentando o frete entre 25% e 50% em 2013. Uma insanidade!
A capacidade de estocagem é de 72% da safra, enquanto países sérios como os Estados Unidos têm 133%. 60% dos grãos concentram-se nos Cerrados, mas apenas 14% é escoada pelos portos do Norte e Nordeste. Faltam ferrovias e estradas.
Produzir é fácil. O Governo pode comemorar, mas apenas sobre o esforço do homem do campo. O Brasil, então, continua sendo o país produtor, de um lado, e o país esbanjador, ou perdulário, pelo outro. E pior: um país que tenta proibir a produção. Outro bom exemplo é o Nordeste.

A cabra e a Seca - Assim como o Centro-Oeste mostra a pujança da soja, milho, algodão e outros grãos, o Nordeste poderia mostrar a pujança do Semiárido, não apenas com a pecuária rústica (gado, ovinos e caprinos), mas com outras atividades específicas.
Não tem mais sentido manter a população do Semiárido algemada a um destino horroroso. Acabou-se o tempo em que os coronéis (políticos) mandavam nos votos de cada povoado. É preciso acabar com os coronéis modernos que distribuem esmolas aos sertanejos para mandar nos votos. Os coronéis sempre viveram encastelados nos Governos, nos Palácios e chegou a hora de caçá-los, pois não é tolerável ver a sucessão de desmandos nas coisas públicas.
A Seca não é problema, é apenas uma característica, indicativo de um bioma. Como resolver o problema da Seca? Muito fácil: basta estocar alimentos e água para o gado, pois este - o gado - tira bom proveito do clima seco e quente. É uma insanidade “combater” a Seca, pois o clima é benéfico e, então, não precisa ser combatida.
Estocar alimentos e água não é possível no microfúndio asfixiante, que reduz o Homem a um pária, um ser primitivo de antes dos tempos bíblicos. O Nordeste precisa de uma Reforma Agrária com uso da razão, conforme foi pregado por Celso Furtado e tantos pensadores. Uma Reforma Fundiária feita por cientistas, sobre o mapa geológico da região, reordenando as propriedades dentro de módulos que realmente possam produzir. Ou seja, o inverso das diabólicas Reformas Agrárias sovietizantes. Afinal, o povo não come terra, o povo come alimentos. Por isso, o correto é distribuir alimentos, e não terra. É preciso acabar com a mistificação e demagogia que já causou tanto atraso para os nordestinos.
As propriedades teriam que ter a mínima condição ecológica suficiente para produção de alimentos e estocagem para os períodos secos de 2 ou 3 anos. Ninguém pode barrar a chegada de futuras secas, mas elas podem ser aguardadas com o uso da razão.

Novo tempo - Ademais, o mundo caminha para ter 9,2 bilhões de pessoas e toda terra disponível precisa entrar em produção. O Nordeste é maravilhoso para produção pecuária, desde que haja alimentação e água estocadas. Pode gerar fabulosa riqueza.
A cabra, a ovelha, o gado rústico são de extrema importância para o Sertão nordestino, não só pelo leite e carne, mas também pelo couro que recebe 3.000 horas de sol, resultando no melhor produto do mundo. É uma formidável riqueza que jamais mereceu atenção das autoridades algemadas por Brasília.
Além disso, as 3.000 horas de sol poderiam transformar o Nordeste num formidável polo cinematográfico. Hoje, o maior está em Holywood (semiárido); o segundo está na Índia; o terceiro está na Nigéria (semiárido) - para aproveitar o máximo de horas de sol. Muitos países gostariam de realizar seus filmes no Nordeste, se a região tivesse a infra-estrutura e técnicos competentes. Também os polos de informática dirigem-se para o clima seco, por ser mais limpo e estável. Ou seja, os Semiáridos de outros países geram riqueza invejável; no Brasil o Semiárido gera imagens dramáticas de pessoas morrendo. Um enorme atraso promovido e perpetuado pelos governos que usufruem dessa dantesca situação.
Enfim, as chances do Sertão nordestino são enormes. É um crime manter o povo sertanejo algemado a uma triste sina de flagelado, para angariar votos. É um crime implantar obras inúteis como a transposição do rio São Francisco só para eleger um sucessor no trono. E tantos outros “desatinos” praticados pelos políticos.
Seria mais moderno, mais elogiável, propor medidas corretas, decentes, de interesse do bem-estar social de todos. O Nordeste já sofreu demais nas mãos dos maus políticos, politiqueiros e politizados.
Seria bom ver alguém colocar o valor correto na Cabra & Ovelha, na Vaca sertaneja, no leite e queijos especiais, no sol benfazejo, no povo trabalhador que está sendo convertido num bando de esmoleres. A imagem de Nordeste como “asilo de pobres” não tem mais sustentação e vai chegando o momento de algum herói nordestino exigir, num Tribunal Internacional, a atenção sobre a região, para acabar com a discriminação, o uso político e o genocídio contra seu povo. A bandeira “Brasil versus Nordeste” é uma causa que precisa ser enfrentada, de verdade, para garantir a integridade da nação.

A Bolsa Bicho, sim senhor!



Se todos os professores brasileiros ensinassem esta lição na sala de aula, o país seria outro, mas como fazer para que eles possam ensinar? 

Um professor de economia, numa universidade do Texas, disse:
- Eu nunca havia reprovado um só aluno antes, em minha vida...
Todos ficaram admirados e o professor continuou:
- ... mas, uma vez, eu reprovei uma classe inteira. Eu não queria, mas tive que reprovar.
Os alunos pediram mais explicações e o professor continuou:
- Os alunos tinham insistido que o socialismo realmente funcionava. Para eles ninguém deveria ser pobre e ninguém deveria ser rico, tudo deveria ser igualitário e justo. Eu dizia que não, que isto não dava certo, mas os alunos ameaçaram entrar em greve e, então, desafiei a classe para fazer uma experiência socialista. Em vez de dinheiro, utilizaríamos as notas nas provas. Todo mundo topou e eu tive que, no final, reprovar a classe inteira, onde havia bons e maus alunos. Foi uma pena.
Socialismo escolar
O professor contou o caso, como aconteceu.
Todas as notas seriam concedidas com base na média da classe e, portanto, seriam justas. Socialismo é isso: igualdade para todos. Ou seja, todos receberiam a mesma nota, o que significava que ninguém seria reprovado. Isso também quis dizer - claro! - que ninguém receberia a nota máxima “5”, pois sempre haveria alunos com notas muito ruins e que rebaixariam o valor do “10”. Assim, não adiantaria tirar nota “2”.
1 - Primeira prova - Começou o teste. As notas variaram entre “1” e “10” e todos receberam “6”, na média da primeira prova. Foi um bom resultado, bem comemorado pela maioria. O socialismo estava dando certo.
Os alunos que não se esforçaram ficaram muito felizes com o resultado, mas quem estudou com dedicação ficou indignado, pois queria ter tirado “9 ou 10”.
2 - Segunda prova - Quando veio a segunda prova, os preguiçosos estudaram ainda menos, pois esperavam tirar notas boas de qualquer forma. Aqueles que tinham estudado bastante no início resolveram que eles também se aproveitariam do “trem da alegria” das notas e estudaram menos. As notas variaram de “1” a “8”, mas a média ficou em “4”. Muita gente não gostou, pois esperava, de novo, um “6”. Houve um “pioramento” da classe.
3 - Terceira prova - Dessa vez ninguém era otário para ficar estudando para favorecer os vagabundos. Mais valia ser preguiçoso e festivo, como a maioria. As notas variaram entre 1 e 6, com média geral em “3”, para desgosto geral. A classe estava se nivelando por baixo. Não havia mais notas grandiosas, nem alunos aplicados.
4 - Quarta prova - Esta era a última prova e as notas variaram entre “zero” e “5”, um desastre! Começaram, então, as desavenças entre os alunos, para culpar os responsáveis que não estavam mais tirando boas notas, para ajudar os “coitadinhos desprovidos de cultura”.
O recinto virou lugar de palavrões, xingamentos, de sujeira e pichação, um beco da escória. Os mais indignados, que clamavam por “justiça” eram justamente os que sempre tiravam as piores notas e que queriam o socialismo, pois só enxergavam vantagens. Agora, com o socialismo nas mãos, queriam crucificar os mais esforçados pelo rebaixamento geral da classe. Não admitiam ser culpados de nada, pois eram pregadores da justiça para todos, da igualdade para todos. Bons pregadores e instigadores.
Resultado: chegou o final do ano - tristeza! - todos os alunos repetiram, levaram “bomba”, com notas baixas. Antes, muitos passavam (nota”7” e “8”) e alguns eram excelentes (nota “10”). Agora, a classe inteira tinha levado bomba por ter se tornado adepta do socialismo.
Esse foi o estrago do socialismo em um único ano! Depois, o professor explicou que aconteceu o mesmo na Rússia, quando Stalin mandou fuzilar todos os camponeses trabalhadores, para prestigiar os vagabundos e houve a maior fome já vista. Também aconteceu na China, onde Mao Tse Tung fuzilou os bons produtores rurais e houve uma notável tragédia. Na Rússia morreram 35 milhões de pessoas, na China ninguém conseguiu contar (alguns afirmam ter sido mais de 60 milhões).
Na sociedade ocidental acontece o mesmo. O socialismo consegue se disfarçar de mil maneiras, levando muitos anos para deteriorar as famílias e a sociedade, pois - no início - ele parece ser muito bom para os pobres. Com o passar dos anos, as pessoas abandonam famílias, tornam-se selvagens, sem religião, sem moral, sem ética, vivem penduradas em expedientes condenáveis, praticam crimes de toda sorte, acobertadas pelo socialismo. Assim, vencem a escuridão, o medo e a violência. Os mais ladinos são apontados como heróis; os que roubam dos cofres públicos viram heróis; mensaleiros viram heróis; presidentes da república viram milionários do dia para noite; etc. Enfim, o socialismo é muito bom para quem está no Poder, no trono, bastando manter os pobres na pobreza, alimentados com “bolsa-esmola”.
 
A cana-de-açúcar é um alimento importante para os animais.
A boa e a má Bolsa
Esse é o mal do socialismo: “todos são iguais”, mas contam com o esforço dos mais destacados para sobreviver. Então, é um jogo desleal, em que apenas os mais trabalhadores são punidos, sofrendo a extorsão em forma de impostos. Antes, no regime democrático, cada um colheria seus frutos: os mais destacados seriam aprovados e os mais relaxados seriam reprovados. No socialismo, tudo é nivelado por baixo (menos para os que estão no Poder).
Quando o Governo tira as recompensas dos que trabalham (pesado) para distribuí-las entre os que pouco trabalham, terá um fracasso pela frente. A moeda da felicidade social seria a recompensa justa pelo trabalho. Ao dar “bolsas”, o Governo comete um crime de lesa-pátria. O correto não seria “dar bolsas”, mas estimular o crescimento social (inclusão social) por meio da educação profissional, etc. Assim como o bom aluno gostaria de ter uma “Bolsa” para estudar cada vez mais, também o cidadão gostaria de ter uma “Bolsa” para poder trabalhar mais e sustentar sua família. Estas seriam boas “Bolsas”.
As “Bolsas” que reduzem a população à preguiça, levando-a a recusar os tradicionais serviços, correspondem a uma injeção de droga: um vício que destrói a economia regional. É o que se vê no Sertão nordestino e em muitos outros lugares, onde todos se recusam a trabalhar, para não perder a “Bolsa”. Isso é um crime contra a nação que quer e precisa trabalhar.
 
Quem tem bagaço de cana consegue escapar das Secas. 
Pobreza para todos
É impossível levar o pobre à prosperidade simplesmente começando a punir os ricos pela sua prosperidade. Ao fazer “doações” aos pobres, retirando dos ricos, o Governo faz com estes parem de trabalhar e de se dedicar aos negócios. Rapidamente surgirá o caos e todos estarão reduzidos à pobreza.
Para cada pessoa que recebe “esmolas” sem trabalhar, outras estarão sendo obrigadas a trabalhar, sem receber nada em troca. O Governo sabe que não pode tirar de um lado para colocar em outro, mas faz de conta que não enxerga. O Governo somente dá para outro algo que tirou de alguém. Para o recebedor da “Bolsa” é muito bom, pois o povo acha que o Governo foi o “salvador”, o distribuidor de presentes, mas isso é falso e não pode durar, pois o poço vai secar. O Governo não dá nada, apenas distribui o que extorquiu de outro.
No Brasil, o Governo chama de “imposto”, mas é pura extorsão. Imposto é o dinheiro que o Governo arrecada para construir obras que interessam a todos, sejam pobres ou ricos. Extorsão é o dinheiro que o Governo arrecada para construir obras para prestigiar uma pessoa (rei, governante, parente, político, etc.), uma classe, uma casta, uma empreiteira, um partido político, etc.
Nos maus governos a maioria das obras públicas tem apenas um objetivo: o dividendo eleitoreiro e não o bem-estar das pessoas. Geram “caixa” para os partidos políticos, a ser distribuído pela imensa rede espalhada em Estados e municípios que, por sua vez, garantem resultados nas próximas eleições.
Uma das ferramentas eleitoreiras, então, é “redistribuir” a riqueza, fazendo doações, ou esmolas, para certas fatias mais simplórias da sociedade. Estas pessoas são tão pobres e necessitadas que não se preocupam com a origem da “Bolsa”. Para manter o Poder, então, basta manter as pessoas sempre bem pobres e necessitadas, sustentadas por “Bolsas”. Isso é um crime contra a humanidade. Todo governante doador de “Bolsas” deveria ser julgado pela História!
As nações ricas e sérias distribuem o superávit do PIB entre os mais pobres. Não dão “Bolsas”, mas distribuem o saldo da riqueza. Isso é um bom governo. Distribuir o superávit está na Constituição, é seguido por todos os presidentes e não apenas um ou outro.
Como chegar ao fim de uma Nação? Muito simples: quando metade da população entende a ideia de que não precisa trabalhar, pois a outra metade da população irá sustentá-la e - ao mesmo tempo - quando a outra metade entende que não vale mais a pena trabalhar para sustentar a primeira metade. Nesse ponto, de fato, acabou-se a Nação, ou seja, a consciência de Pátria. Essa região, depois disso, estará pronta para uma guerra civil, que é o maior crime contra a humanidade que pode existir, ao colocar irmão contra irmão.
Riqueza para todos
Quem teria coragem de punir o Governo que pratica extorsão, que tem o domínio da imprensa, tem o exército e tem os juízes do país a seu dispor? É muito difícil, pois o Governo estará praticando uma “ditadura silenciosa”, algemando todos os organismos públicos a seu dispor. Governo que distribui “Bolsas” está com um pé na ditadura, pois a “redistribuição dos lucros da Pátria (do superávit) deveria estar escrito na Constituição”, para o bem de todos, e não permanecer como ferramenta manipulável pelo governante do momento.
Ou seja, antes de distribuir “Bolsas”, caberia ao homem público registrar essa iniciativa na Constituição. Depois, sim, não somente um governo, mas todos, pelo futuro afora, teriam que seguir a Constituição, para felicidade das pessoas. As “Bolsas” não seriam mais “esmolas”, mas ferramentas capazes de garantir o crescimento das famílias, exatamente como já fazem as nações mais avançadas do planeta, como Dinamarca, Suécia, Finlândia, etc. O cidadão não é “feudo” de um ou outro governante (ditadura), mas é o dono da Pátria (democracia).
Bolsa Bicho
A “Bolsa” para as pessoas é emergencial, para momentos de crise. Já a “Bolsa Bicho” é a maneira de manter as atividades econômicas, de manter os empregos. Diz o Dr. Manelito (Berro-163): “Não existe Bolsa Família para os bichos do Semiárido e os rebanhos estão sendo dizimados, embora a solução seja evidente, exatamente como fazem outros países. (...) A prioridade do uso do bagaço de cana do litoral chuvoso, num ano de seca “braba”, é socorrer os rebanhos das terras secas. Deveria ser. Estes são convertidos na única hipótese de sobrevivência, sem migração do seu povo, produzindo leite para destinações importantes. Constatação tão simples, grandiloquente, mas ainda invisível para a burocracia”. Continua: “A usina queima boa parte do bagaço gerado em suas próprias caldeiras. O restante daria para encher todas as cocheiras da zona seca, hidrolisadas com cal, e acudir todos os gados, já que os rebanhos foram reduzidos nas últimas décadas, por falta de apoio institucional capaz e consistente”.
Resumo: As Bolsas deveriam manter as atividades econômicas, antes de tudo, para garantir a dignidade dos cidadãos. A esmola vicia o cidadão (Luiz Gonzaga), enquanto o emprego enobrece.
Texto base: Adrian Rogers, 1931.

A ovelha do segredo



O novo professor, Leôncio, era moderno, musculoso, bem feito, bigode sempre nos trinques, roupa engomada, sapato brilhando, fala mansa, gentil, religioso, moralista. Era o homem que toda mulher queria ter. Por onde passava, suspiros voavam. Não negava conversa com nenhuma mulher, sendo elogiado pela maneira delicada com que atendia a todas, com um sorriso enorme.
Quincas, dono da bodega, era o felizardo do povoado, com a mulher mais vistosa. Todos perguntavam: “Como é que um homem feio e desajeitado desses consegue manter uma mulherzona daquelas?
A resposta era sempre a mesma, com um sorriso:
- Cabresto curto. Muito curto.

 

Numa segunda feira, Leôncio chegou à bodega, levando uma ovelha, deixando todo mundo admirado. Foi logo pedindo:
- Seu Quincas, daria para o amigo guardar essa carneirinha por meia hora? Já está com cabresto.
- Claro! A meia hora vai virar uma hora, ou não?
- Meia hora é meia hora, seu Quincas, sem atraso.
O bodegueiro amarrou a carneirinha no quintal, enquanto o homem ia embora assobiando. Fez o que tinha que fazer, voltou, pegou o animal e foi-se embora.
Na semana seguinte, segunda-feira, voltou Leôncio, com outra ovelha:
- Seu Quincas, por gentileza, poderia guardar essa marrãzinha por duas horas?
- Claro! Duas horas que viram três, ou não?
- Não, seu Quincas, duas horas são duas horas, na certeza.
O bodegueiro amarrou a marrãzinha no quintal, enquanto Leôncio saiu assobiando para fazer o seu negócio na praça..
Na outra semana, segunda-feira, Leôncio aparece de novo:
- Seu Quincas, por acaso o nobre amigo ainda tem paciência e poderia guardar essa ovelhinha por duas horas e meia?
- Mas, claro que sim! Duas e meia que vão virar três?
- Não, seu Quincas, vão ser duas e meia, no duro.
O bodegueiro amarrou a ovelhinha no quintal enquanto Leôncio saía assobiando em direção à Igreja central.
Na próxima semana, segunda-feira, Leôncio reapareceu:
- Seu Quincas, se bem lhe conviesse, o amigo não ficaria preocupado em guardar a marrãzinha por um tempinho, três horas?
- Claro! Três horas que vão virar quatro?
- Não, seu Quincas, fique tranquilo que serão três, mesmo.
Dessa vez, Quincas ficou curioso. Onde será que o homem ia? Pagar contas? Rezar na igreja? Visitar algum doente? Visitar algum preso? Dar aula para algum aluno atrasado? Não bebia, não fumava, era educado e gentil, gente fina. Mas tinha, com certeza, um segredo em toda segunda-feira. E por que essa ovelha, toda segunda-feira?
Matutou, matutou, não entendeu, mas resolveu passar a limpo, no próximo encontro.
Não demorou, pois na segunda-feira, eis o Leôncio surgindo, com uma bela marrã na corda:
- Seu Quincas, com as bênçãos de Deus, o amigo poderia guardar essa ovelha, por três horas?
- Claro, professor, pode deixar e já sei que o amigo é pontual, mesmo.
Amarrou a ovelha no fundo do quintal, enquanto o professor ia caminhando em direção à praça. Quincas chamou, depressa, o ajudante:
- Pegue esse pacote de linguiças que é para a Da. Lurdinha. Mas antes de entregar, você vai seguir o professor Leôncio. Quero saber onde ele vai.
Assim foi feito; o ajudante voltou e ficou amuado, trabalhando, meio se escondendo.
À tarde, Quincas lembrou-se do caso e perguntou ao ajudante:
- E então, você seguiu o professor?
- Sim.
- Viu em qual lugar foi?
- Sim.
- Era a Igreja, Fórum, Cadeia, Sindicato, Escola, onde foi?
O ajudante não quis responder, olhava para os cantos, engolia em seco, sem jeito.
- Pois diga, homem, aonde foi o professor?
- Xii - balbuciou bem baixinho - ele entrou na sua casa, patrão!

quarta-feira, 29 de maio de 2013

PARA PENSAR:

"Se perder um amor... não se perca! Se o achar... segure-o! Circunda-te de rosas, ama, bebe e cala. O mais... é nada”

Fernando Pessoa

 


PARA REFLETIR:

"Há muitos homens que se queixam da ingratidão humana para se inculcarem benfeitores infelizes ou se dispensarem de ser benfazentes e caridosos”

Marquês de Maricá

O sertanejo e a seca

Autor: Roosevelt Garcia - 24/05/2013

O Governo Federal pratica discriminação contra os nordestinos, mas isso fica acobertado pela visão tétrica dos flagelados das secas, crise após crise, alimentando aqueles que vivem desses miseráveis episódios humanos que teimam em não sair do dia-a-dia do grande país.
 
O escritor Woden Madruga me pede para escrever sobre a Seca, um assunto que ninguém gosta de falar. Fico  acuado pensando como esse assunto ficou pequeno diante das Agendas do Congresso Nacional, das Assembleias dos Estados nordestinos e do discurso dos candidatos a prefeito na última e recente eleição. Nenhum falou sobre a Seca que castigava e castiga ainda seus eleitores.
O Semiárido e seus bichos, suas plantas e sua gente amargam o esquecimento institucional e ficaram pequenos a partir da extinção do Conselho Deliberativo da Sudene, onde governadores como Aluízio Alves, Miguel Arrais, ACM e tantos outros gritavam para o país inteiro ouvir as dores dos seus povos bem governados. Acabou, esse tempo se foi. O Nordeste seco perdeu a voz, creio, para sempre.
Se quiser, pensando nos rebanhos de vacas magras e prenhes que após o parto o bezerro cai e fica no chão, só e abandonado, deixo algumas lágrimas caírem na solidariedade muda aos sertanejos que vivem da criação desses lendários animais. Pois é, cabe perguntar, quem cuida de nós, produtores rurais do Semiárido?
- O Governo Federal criou o Programa da Agricultura Familiar e nele botou miniprodutores, apoiando-os com Bolsa Família, Bolsa Estiagem, Seguro Safra e crédito rural bom e barato. E foi por essa via que os ex-futuros flagelados foram absolvidos e resguardados. São agricultores de lavoura de subsistência – milho, feijão, mandioca e jerimum. Dependem da chuva anual. Quando a Seca traz pra eles o roçado vazio são as Bolsas que os protegem.
- E, agora, eu pergunto qual o nome que deve ser dado aos outros, milhares de produtores rurais e suas famílias, que vivem nas mesmas terras secas desses sertões do Nordeste?
O Semiárido pode ser muito rico, como em outros países. 
Era preciso que uma verdade milenar fosse estabelecida: todos os produtores rurais, mini, pequenos, médios e grandes são iguais perante a Seca. Quando ela se instala, sob a luz do sol abrasador, todas as fronteiras desaparecem entre Estados, municípios e fazendas cobrindo regiões imensas e suas populações. A Seca não tem endereço, está no sertão de todos nós.
As políticas públicas para o Semiárido podem diferenciar os seus beneficiários, mas não podem excluir usuários do mesmo chão. Excluir é discriminar. Esta distorção conceitual deve ser removida dos Planos de Safra pelos formuladores da política agrícola do país.
Fico imaginando um palco enorme, do tamanho do Sertão, onde entrariam em cena Dona Seca e o Doutor Governo Federal. No meio do palco, onde ocorrerá a batalha, estariam nós, os produtores e seus rebanhos. Pois bem, abre-se a cortina e começa a luta dessas duas grandes forças. Passado o primeiro ano quem ganhou e quem perdeu patrimônios do seu modo de produzir e viver? Dona Seca ganhou, encurralando o pobre e amofinado Governo Federal.
Dona Seca quando chega demora-se a ir embora, dura um ano, dois e, às vezes, três anos. Não se assemelha às enchentes, aos furacões destruidores e passageiros. Pois bem, nesse 2012 e começo de 2013, Dona Seca já ganhou do Governo Federal.
A bem da verdade é uma derrota que se repete ao longo da nossa história. Cabe perguntar: será que o Nordeste brasileiro é a única região Semiárida do planeta? Claro que não. Existem regiões produtivas nas terras secas dos EEUU, Argentina, Austrália, Espanha, partes da Ásia e África. O México tem na sua bandeira um pé de palma, símbolo da fertilidade do seu Semiárido.
Há, portanto, um conhecimento disponível, uma “fonte de saber”, construída ao longo de séculos de convivência com as suas secas. Aqui no Rio Grande do Norte criamos uma ação inovadora – o Programa do Leite. Deixado à míngua, foi salvo, na última hora, pelas mãos do atual Governo do Estado.
Termino esta carta com a cara pra cima, procurando chuva no céu, sem nuvens, sem luz para clarear a inteligência das instituições que cuidam do nosso Sertão.
Só pra ilustrar: a Barragem de Poço Branco está com uma comporta quebrada, esvaindo a sua água para o mar! Faz é tempo, viu DNOCS?
 Roosevelt Garcia - é pecuarista,
ex-Secretário de Estado, escritor.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Integração libera mais R$ 20 milhões vítimas da seca no Ceará

- Publicado por Robson Pires O Ministério da Integração Nacional autorizou a transferência de R$ 20 milhões adicionais ao estado do Ceará. Os recursos destinam-se a ações de socorro e assistência às vítimas da seca, a pior a atingir a região do Semiárido, ou caatinga, nos últimos 50 anos.
Segundo a Portaria 206, publicada no Diário Oficial da União de hoje (24), o dinheiro será repassado ao governo estadual em uma única parcela, para aplicação em obras cujo prazo de execução não ultrapasse 365 dias, a contar da liberação dos recursos.

NOTA DO BLOG:
Pense num estado sem prestigio, este RN. Todos os estados do NE estão sendo beneficiados com recursos em pról da estiagem.O meu, o seu, o nosso RN, nada. Pelo menos é o que se comenta. Amém...
PARA PENSAR:

"Para conhecermos os amigos é necessário passar pelo sucesso e pela desgraça. No sucesso, verificamos a quantidade e, na desgraça, a qualidade”

Confucio

 


PARA REFLETIR:

"Os homens deviam ser o que parecem ou, pelo menos, não parecerem o que não são”

William Shakespeare

Governo define parâmetros para contratos de opção de milho

Volume de recursos disponível para as operações é de R$ 580 milhões
Os preços para Contratos de Opção de Venda público (COV) para a saca de 60kg de milho em grãos foram definidos em R$ 15,12 no Mato Grosso e Rondônia e de R$ 19,74 nos estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste (exceto Mato Grosso). A portaria, assinada pelos ministros da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Antônio Andrade, e da Fazenda, Guido Mantega, foi publicada nesta quinta-feira, 23 de maio, no Diário Oficial da União (DOU).
Nessa modalidade de contrato futuro, o vendedor tem a opção de vender o produto para o Governo ou no mercado. O volume de recursos disponível para as operações é de R$ 580 milhões. Os contratos serão firmados em múltiplos de 27 toneladas, que é a quantidade calculada por caminhão de transporte.
Caso haja decisão pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para a antecipação do contrato, será deduzido para cada mês de adiantamento R$ 0,46/60kg para os estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste, exceto Mato Grosso, e de R$ 0,42/60kg para Mato Grosso e Rondônia.
O Governo também lançará contratos “a termo” para aquisição de um milhão de toneladas de milho. Nessa modalidade, o produtor é obrigado a entregar o milho nos armazéns da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
“Esses instrumentos são fundamentais para a recomposição dos estoques públicos do Governo. Além disso, vão viabilizar uma alternativa de comercialização do cereal aos produtores”, explica o secretário de Política Agrícola do Mapa, Neri Geller.

Governo Federal anuncia conjunto de políticas públicas para o campo


Governo Federal anuncia conjunto de políticas públicas para o campo

Foto: Rômulo Serpa/MDA

O Governo Federal apresentou na tarde, desta quarta-feira (22), um conjunto de políticas públicas interministeriais específicas para o campo. O anúncio atende a pauta de reivindicações do 19º Grito da Terra Brasil, promovido pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag). A divulgação das medidas foi feita pelos ministros do Desenvolvimento Agrário (MDA), Pepe Vargas, e da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, durante reunião no Palácio do Planalto, em Brasília (DF), com representantes do movimento.
A apresentação do ministro Pepe Vargas incluiu ações destinadas à convivência com o Semiárido; ao crédito fundiário e renegociação de dívidas; ao Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego no Campo (Pronatec Campo); à Política de Desenvolvimento Territorial; e às novas diretrizes para a reforma agrária. “Nossa meta para os próximos 12 meses é vistoriar um milhão de hectares. Já temos 534 áreas vistoriadas, com trabalho pronto. Dessas, 234 estão trancadas em algum processo na justiça.” O presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Carlos Guedes, explicou como o processo será iniciado. “Vamos começar com 150 imóveis, desses 90 foram indicados pela Contag.”
“Tivemos um processo autônomo e democrático. Reconhecemos o esforço que o Governo Federal tem feito para debater a pauta do campo com 15 ministros de estados diferentes, que responderam a pauta do Grito da Terra, uma pauta muito extensa com mais de 200 itens. Saímos com a garantia da reforma agrária contínua, da política de Ater e da ampliação de créditos para custeio e investimento. Agora, vamos fazer um trabalho de verificação detalhada”, contou o presidente da Contag, Alberto Broch.
Na avaliação do ministro Pepe Vargas, as questões abordadas resultam em um processo de fortalecimento nacional para agricultura familiar. “Estamos discutindo muito além de uma proposta de políticas agrícola, estamos debatendo um grande Plano Nacional de Desenvolvimento Rural e Sustentável que, nas palavras da própria presidenta, ‘constrói um país mais democrático e mais igual’”, definiu.
Ainda na reunião, Pepe Vargas adiantou alguns avanços que serão contempladas pelo Plano Safra da Agricultura Familiar 2012/2013, com anúncio oficial previsto para o dia 6 de junho. “Os valores precisos serão anunciados pela presidenta Dilma Rousseff, mas podemos dizer, com toda certeza, que o volume de recursos disponíveis para as linhas de crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) serão maiores que R$ 18 bilhões. As linhas do programa terão limites maiores de enquadramento e será divulgado também o aumento dos limites do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que significa na prática mais comercialização dos agricultores familiares. Mas a grande novidade que é a criação da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural. Mais que ampliar, vamos melhorar a qualidade dos serviços de Ater oferecida, com processo de formação continuada. Vamos levar tecnologias que estão nas prateleiras da Embrapa, das agências de pesquisa, para os agricultores”, detalhou.
Os ministros da Pesca e Aquicultura, Marcelo Crivella, e do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, também divulgaram ações que atendem a pauta do 19º Grito da Terra Brasil. Todas as medidas foram consolidadas em um documento entregue aos representantes da Contag. “Temos a determinação de manter sempre um canal de diálogo aberto, que se traduza em ações”, sintetizou o ministro Gilberto Carvalho.

Leilão de milho da Conab registra deságio de 21,5% no preço médio de venda



O leilão de compra de 28 mil toneladas de milho ensacado, realizado nesta quarta, dia 22, pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), para entrega nos polos de distribuição do Rio Grande do Norte (12 mil toneladas) e Paraíba (16 mil toneladas), conseguiu despertar o interesse dos cerealistas, que disputaram os 12 lotes ofertados. O leilão registrou um deságio de 21,5% no preço médio de venda do milho, incluindo o frete (623,97 reais/tonelada), em relação ao valor médio de abertura (795,20 reais/tonelada).
O leilão mostrou que o transporte rodoviário ainda é a melhor alternativa para remoção de milho da região Centro-Oeste até as cidades do Nordeste atingidas pela seca. A Conab tentou, sem sucesso, em três oportunidades, comprar as 28 mil toneladas a granel de milho para serem entregues por navio nos Portos de Natal (RN) e Cabelo (PB). As

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Grito da seca. Um Sucesso

STTR DE ANGICOS PARTICIPA DO GRITO DA SECA ESTADUAL

Ontem dia 21 de maio, foi realizado em NATAL, o GRITO DA SECA ESTADUAL, com a organizações de varias entidades que formam o FÓRUM DO CAMPO, estiveram presentes mais de 5.000 pessoas, para reivindicar melhorias para agricultura familiar, a concentração foi em vários pontos importantes de NATAL, e em seguida sairão em passeata, ate a frente da governadoria, onde uma equipe da organização sentou com a governadora para que ela recebesse e desse resposta a pauta de reivindicações da agricultura familiar. 
PRESIDENTE DO STTR DE ANGICOS - IVANALDO ROGERIO
DE CAMISA LISTRADA DE VERMELHO, ANTES DA SAIDA PARA NATAL COM 
 UMA PARTE DOS REPRESENTANTES DE ANGICOS
Postado por Almir Medeiros

Leilão de Milho da CONAB

Mais um leilão de milho realizado pela CONAB. Desta feita para o RN e a Paraiba. Previsão de chegada: De junho a julho. Amém, senhor.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Convivência com semiárido melhora com crédito emergencial e assistência técnica, no CE



Convivência com semiárido melhora com crédito emergencial e assistência técnica, no CE

Foto: Ascom/MDA

Para superar problemas gerados pela seca, ações governamentais federais e estaduais têm sido realizadas a fim de recuperar a capacidade produtiva das famílias e permitir que estas paguem seus financiamentos. Iniciativas que têm surtido efeito em municípios como o de Quixeramobim, a 206 km de Fortaleza (CE), afetado pela estiagem da região.
A família Lima está no rol dos que tiveram que vender suas cabeças de gado de leite para não perder os animais no período de seca que, nas contas de Samuel Lima Pinheiro, foi intenso durante 14 meses.
O reforço veio com o acesso à linha emergencial para os atingidos pela seca na região, enquadrados no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), do Ministério do Desenvolvimento Agrário. O contrato de R$ 12 mil, feito pelo irmão, João Lima, com juro de um porcento ao ano, dez anos para pagamento e 40% de bônus em pagamentos feitos em dia, assegurou tranquilidade à família.
“Com o dinheiro da linha emergencial, pagamos o custeio pecuário que vencia este ano (2013)”, conta Samuel.  “Estamos pensando em acessar o Pronaf Semiárido”, diz o agricultor, que acredita que a família tem boas perspectivas.  O irmão João tem ainda financiamento pelo Pronaf Mais Alimentos e acessa a linha de custeio pecuário do Pronaf.
Samuel e o irmão, juntos, criam 40 cabeças de gado. Vendem seu produto para empresa de laticínio da região, que produz doce e queijo com o leite comprado da produção familiar. Eles vivem e trabalham na fazenda Santa Izabel, de 78 hectares. Também plantam feijão para consumo próprio e milho para alimentação dos animais.
Samuel descreve que, devido ao longo período de estiagem e ao vazamento constante, o açude usado pela família havia secado. ”Agora, sem o vazamento e com a ampliação, a água deve durar o ano todo para as famílias”. Ele conta que 15 famílias se beneficiam do açude localizado próximo à fazenda dele e do irmão.  “Com o açude, a gente tem condição de fazer irrigação e não vai precisar vender mais nenhum animal”, observa o agricultor.
“O açude é uma obra de infraestrutura do poder público, demonstrando que os agricultores produzem desde que tenham acesso ao crédito, assistência técnica (Ater) e tecnologia de convivência com o semiárido”, aponta Argileu Martins, diretor do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural (Dater) da Secretaria da Agricultura Familiar (SAF/MDA).

Açudes asseguram água ao Semiárido
Além de Quixeramobim, os municípios de Madalena e Piquet Carneiro foram beneficiados pela construção de 25 açudes, que serão usados por 500 famílias.
“A Emater do Ceará, com recursos do tesouro do estado, investiu R$ 600 mil na construção de açudes; depois da construção, choveu 125 milímetros na segunda semana de maio, isso encheu os reservatórios e resolveu, pelo menos neste ano, o problema angustiante da seca nessas localidades”, relata o presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Emater/CE), José Maria Pimenta.
NOTA DO BLOG: E no RN? Nadica de nada. Parece que não estamos em emergência. Alô Alô políticos do meu estado, vamos bocar a boca no trobone...

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Gergelim orgânico é alternativa viável para agricultores familiares do Nordeste 
Seja para alimentação ou para uso fitoterápico, fitocosmético ou nas indústrias químicas e farmacêuticas, o gergelim é um produto amplamente conhecido em todo o mundo. Atualmente, está se difundindo com importância nas áreas rurais do Semiárido. A cultura tem sido adotada como uma alternativa viável de ocupação, emprego e renda para os agricultores familiares do Nordeste.

Essa oleaginosa já é uma velha conhecida da região, utilizada tradicionalmente na confecção de doces caseiros. O cultivo, no entanto, estava praticamente restrito aos fundos de quintais, sem aproveitamento do seu potencial econômico.

A planta tem sido uma aposta da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para a região, por uma conjunção de diversos fatores. O principal deles é a grande adaptação dessa cultura às condições de clima e de solo, que são historicamente os maiores limitantes da atividade agrícola no Semiárido. Além disso, é também adequada à cultura local, facilitando a aceitação por parte dos produtores.

Na propriedade do agricultor Antonio Gessildo de Oliveira, no município de Lucrécia (RN), o gergelim sequer tinha espaço entre os cultivos de milho, feijão, sorgo e girassol. Com o incentivo da Embrapa ele começou a plantar gergelim orgânico, em 2011, inicialmente em uma pequena área de 50m². Animado com os bons resultados da primeira produção, aumentou a área para 1,5 hectare, de onde tirou mais de uma tonelada em apenas uma safra. Ele conta que, em pouco tempo, já conseguiu melhorar a renda e a qualidade de vida da família, e o gergelim se tornou sua prioridade de cultivo.

Outro benefício que o agricultor e sua família também estão experimentando é a redução da insegurança alimentar, com a inserção de um produto com alto valor nutricional em sua dieta. Gessildo está satisfeito com os novos hábitos alimentares da casa: “Substituímos o óleo de soja pelo de gergelim, que é orgânico e mais saudável, e usamos também o tahini (pasta de gergelim), no lugar da manteiga, para passar no pão”.

Processamento – Como forma de incentivar o consumo e de agregar valor ao produto, a Embrapa tem oferecido aos agricultores cursos para processamento do gergelim, com o viés do aproveitamento alimentar e agroindustrial. Em todas as localidades atendidas pelos projetos da empresa, nos estados do Piauí e do Rio Grande do Norte, foram instaladas pequenas agroindústrias para extrair o óleo nas próprias comunidades.

Uma das comunidades, localizada no município de São Francisco de Assis do Piauí (PI), percebeu o grande potencial do produto e almeja conquistas mais ousadas: já tem certificação orgânica para suas sementes, agora está buscando a certificação do óleo de gergelim orgânico.

Além da extração do óleo, o resíduo da prensagem do gergelim também é aproveitado para a fabricação de diversos coprodutos, como biscoitos, doces, cocadas e bolos. “Nas capacitações que damos aos agricultores, buscamos valorizar as tradições de cada local, aproveitando e adaptando as receitas que eles já utilizam. À medida que a comunidade vai avançando, também passamos a trabalhar com produtos mais elaborados”, destaca Ayice Chaves Silva, técnico agroindustrial da Embrapa Algodão (Campina Grande, PB).

“A vantagem é que o mesmo gergelim que o agricultor planta e colhe para fazer seu doce, também é consumido na Europa, EUA, no Japão, na China, Coreia e em vários lugares do mundo. Então ele pode vender tanto na bodega ou na feira local, como também pode exportar”, observa Silva. Além disso, existe uma demanda internacional por alimentos funcionais, por produtos da agricultura orgânica e com apelo social de geração de trabalho e renda para produtores familiares.

O tema gergelim orgânico foi discutido em uma mesa redonda, no workshop “Agrobiodiversidade e Agroecologia no Nordeste”, durante a qual foram apresentadas as experiências de agricultores familiares do Piauí e do alto sertão paraibano. O workshop, organizado pela Embrapa, segue até o dia 17 de maio, em Petrolina (PE).

Fernanda Birolo – Jornalista (0081DRT/AC)
Embrapa Semiárido

Noticias do PRODECENTRO

Mais 74 territórios rurais são incorporados ao Programa de Desenvolvimento Sustentável


Uma nova maneira de pensar as políticas públicas para o crescimento das regiões do País chega a 1.072 municípios. O Programa de Desenvolvimento Sustentável de Territórios Rurais (Pronat), do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), vai incluir 74 novos Territórios Rurais em seu mapa de ações. A decisão foi tomada nessa quarta-feira (15), durante a 54ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável (Condraf), realizada em Brasília (DF).
Antes da portaria, assinada pelo ministro Pepe Vargas, eram 165 territórios organizados. Esse número salta para 239, chegando próximo da meta estipulada de 280 Territórios Rurais até o fim de 2015. Com essa inclusão, o Pronat passa ter um público de mais de 65 milhões de pessoas.
“Isso quer dizer que a gente tem acréscimo de um terço de novos territórios ao Programa, 36% de novos municípios e, por meio deles, poderemos ampliar as ações de planejamento, de promoção, de articulação de políticas públicas em torno do desenvolvimento rural”, afirmou a secretária de Desenvolvimento Territorial do MDA, Andréa Butto.
Os novos territórios rurais significam uma ampliação da atuação do Ministério do Desenvolvimento Agrário, uma vez que as políticas de crédito, de apoio à comercialização e assistência técnica, tão presentes no campo brasileiro, são fortalecidas, por meio do Pronat.
Para que os territórios sejam incorporados no programa, eles precisam atender a alguns critérios estabelecidos, tais como: o máximo de 80 habitantes por Km², não ultrapassando a 50 mil pessoas por município; ter uma representação consolidada da sociedade civil e do poder público; e possuir um conselho estadual rural sustentável, capaz de analisar as questões levantadas pelos municípios. Cabe a Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT/MDA) verificar e absorver os novos territórios, além de submeter ao Condraf à inclusão.
“Acrescentamos mais um critério, que é a presença da agricultura familiar nesse processo. Se um território tiver um percentual superior a 50% de estabelecimentos da agricultura familiar, ele pode ser incorporado ao Programa, mesmo que ultrapasse os 80 habitantes por km²”, esclareceu Andréa Butto.
A partir da inserção, os novos territórios passam por um processo de organização e planejamento para a elaboração dos planos de desenvolvimento rural sustentável - responsáveis por trazer um diagnóstico mais preciso sobre os municípios e de estabelecer metas e diretrizes para o avanço territorial.
Pronat
O Programa Desenvolvimento Sustentável de Territórios Rurais (Pronat) é implementado pela SDT desde 2003 e conta com a parceria de diversas instituições da sociedade civil, além dos governos federal, estaduais e municipais. A SDT atua nos territórios apoiando a organização e o fortalecimento institucional dos atores sociais locais na gestão participativa.
O Pronat conta com colegiados de âmbito territorial, fóruns constituídos em cada território por instituições da sociedade civil e do poder público, responsáveis pelo planejamento territorial, pela articulação institucional, elaboração de propostas e projetos técnicos, acompanhamento e controle social das ações do programa e de outras políticas públicas que concorrem para o desenvolvimento sustentável dos territórios.

Festa do Boi desse ano no RN está garantida


O Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN), por intermédio da 10ª Promotoria de Justiça de Parnamirim, celebrou Termo de Ajustamento de Conduta com a Associação Norte-Rio-Grandense de Criadores (ANORC), responsável pela “Festa do Boi”, que será realizada no Parque de Exposições Aristófanes Fernandes, este ano, no período de 12 à 19 de outubro.
O TAC visa garantir que a edição do evento este ano de 2013 seja realizada em estrita conformidade com a legislação pertinente, de modo a não provocar poluição ambiental (sonora, atmosférica e do solo), que em anos anteriores causou transtornos à comunidade local e ao meio ambiente.
O ajustamento objetivou também garantir a ordem e a segurança do público presente no evento, com o compromisso por parte dos organizadores de somente contratar empresas de segurança privada que estejam exercendo suas atividades de forma rigorosamente regular, atendendo as exigências normativas, para atuar ao lado do efetivo policial.
O TAC foi assinado pelo Presidente da ANORC perante a 10ª Promotoria de Justiça de Parnamirim, com atribuições na defesa do meio ambiente.

Grito da Seca: trabalhadores rurais fazem mobilização para cobrar providências do Governo

- Publicado por Robson Pires Trabalhadores rurais de todas as regiões do Rio Grande do Norte se reúnem em Natal, na próxima terça-feira (21/5), para participar do movimento Grito da Seca: sede de água, sede de direitos, uma grande mobilização que pretende chamar a atenção das autoridades e da população para os problemas provocados pela seca.
A concentração do movimento está marcada para as 8h, no Viaduto de Ponta Negra. De lá, cerca de cinco mil trabalhadores vão seguir, em caminhada para as proximidades do Estádio Arena das Dunas, onde acontecerá um ato público. Em seguida, o grupo irá para o Centro Administrativo, com o objetivo de cobrar ações estruturantes do Governo Estadual para a convivência com a seca.
A Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Rio Grande do Norte (Fetarn), que está organizando o movimento, em parceria com o Fórum do Campo Potiguar (Focampo), vai entregar uma pauta de reivindicações à governadora Rosalba Ciarlini, destacando pontos como a questão da terra, os recursos hídricos, a assistência técnica, a concessão de crédito aos agricultores, a educação no campo e a segurança.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Reunião do PRODECENTRO em Galinhos






Aconteceu terça feira passada dia 14 a quarta reunião plenária do colegiado PRODECENTRO na linda cidade de Galinhos. A representante do MDA Dra. Lavínia não pode comparecer para compor a pauta da reuniõa, como também, o representante da EMATER. O prefeito de Fernando Pedroza José Renato, foi o principal palestrante, infocando a situação por que passa os município brasileiros, principalmente do semiárido. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Angicos, Naldinho, fez um discurso em tom de revolta contra as ações do governo estadual em prol do produtor rural. Como sempre, Naldinho foi muito aplaudido pelos presentes. Apróxima reunião deverá acontecer na cidade de Guamaré ou Afonso Bezerra, na segunda terça feira do mês, como manda o Dr. Regimento.

segunda-feira, 13 de maio de 2013



Cabras & Ovelhas e a conversa malamulenguenta



Até o Globo - Quem diria? Até o jornal “O Globo”, defensor ferrenho de qualquer governante com a chave do cofre, botou a boca no trombone, e afirma corretamente que o latifúndio é parte da história do país, seja como força política no Império e na República Velha ou peça de exploração ideológica principalmente na segunda metade do Século XX. O termo “Reforma Agrária” tornou-se cativo de programas de governo, sempre encontrado em discurso políticos, como forte bandeira a favor do povo. mesmo sem ser. Nos governos FHC, Lula e Dilma os “trabalhadores sem-terra” escancararam as porteiras do Governo, sempre querendo terras e mais terras, e benefícios que não são dados aos que suaram para ter sua propriedade.

Afirma “O Globo” que o Movimento dos Sem-Terra acabou, pois todas as conquistas da agricultura brasileira, desde a década de 1970 aconteceram por conta dos “com-terra”, ocupando o Centro-Oeste, os Cerrados, estimulando a criação da Embrapa, etc. Nesse período, apesar dos “padrinhos”, a imagem do MST foi manchada por invasões, depredações, usurpações, etc. sem qualquer produção. Segundo o jornal, o “surgimento da grande empresa agroindustrial não se deu em prejuízo do minifúndio e da Agricultura Familiar; muito pelo contrário”.

No final, o jornal chega à realidade inexorável: “a modernização do campo é tão evidente como a urbanização da população”. De fato, o ser humano evolui para a cidade, deixando para trás a exploração do campo, que foi a inspiração e aspiração por milhões de anos, mas acabou. O MST está atirando num fantasma, recrutando militantes entre desempregados de pequenas e médias cidades, todos sem qualquer vocação para lidar com a terra. Para estes bastam as “Bolsa Família”, “Bolsa Maternidade”, “Bolsa Gás”, “Bolsa Transporte”, etc. Por qual motivo uma pessoa pretende sofrer no campo, ao lado dos que já sofrem por décadas? Quem quiser mais informações sobre o raro e valente editorial pode procurar na Internet o tema “A cada vez mais desnecessária Reforma Agrária”.



Bom Brasil - Os governantes são pitorescos, escondendo o óbvio. Em 2050, o Brasil terá 254 milhões de habitantes - muito pouco! A população rural estará restringida a 16,3 milhões de pessoas (hoje é de 29,5 milhões). Só ficarão no campo as pessoas com amor à terra, de fato! Será uma das menores populações rurais do planeta (dados do IBGE, também da FAO e do USDA).

De 1976 a 2010 a área plantada cresceu 27% no Brasil, mas a produção de alimentos saltou para 273%. Neste período, o país deixou de ser importador, para se transformar em exportador. Parabéns para dentro das porteiras.

Incrivelmente, o país explora 29% das terras e mantém 71% delas como “áreas protegidas”, enquanto a média mundial é de apenas 12%. Protegidas contra quem? Os preços das commodities são ditados no Exterior, por países que também já estão comprando os créditos de carbono da floresta amazônica aos índios, enquanto o Governo faz de conta que não enxerga! O Governo protege o quê contra quem?

Agora, tramita no Congresso, uma nova Lei, para permitir que as terras indígenas sejam exploradas por “brancos” que sabem ganhar dinheiro e transferi-lo (dinheiro) para os índios, proibidos de fazer uma exploração lucrativa. De fato, a PEC 237/2013 altera o Artigo 176 da Constituição Federal, querendo explorar as terras indígenas, pois índio não gosta só de “Bolsas”. Conforme publicado pela Revista Veja, em junho de 2012, os índios Parecis viviam na penúria, contando com pouca assistência do Governo Federal. Uma parceria com produtores rurais da região transformou suas vidas. Os fazendeiros forneceram máquinas e insumos para o plantio de soja e girassol, ensinaram e plantaram. Hoje a renda da família indígena está em torno de R$ 12 mil por ano e alguns já compraram até “caminhonete de branco”, construíram “casa de branco” estão colocando os filhos em “escola de branco”, fugindo dos antros educacionais da Funai. Afinal, índio é um ser humano com direito à civilização “dos brancos”. Se não teve chance até hoje, está na hora de ter. Se o branco coloca a terra para produzir e fica “rico’, por que o índio não pode aprender o mesmo?



Mau Brasil - O Brasil não pode continuar na rabeira do mundo. Os maiores produtores de alimentos são: Estados Unidos (401.669.990 de toneladas de cereais); Índia (260.163.000); Indonésia (84.797.000); Brasil (75.191.866). Por que tão pouco? Por falta de investimentos, ora! A frota brasileira de tratores é de 806.000, quase igual à da Itália (1,75 milhão), Polônia (1,03 milhão), França (1,27 milhão), Alemanha (1,04 milhão), Espanha (885 mil), Turquia (905 mil), Reino Unido (500 mil). Estes países são menores que alguns Estados brasileiros!

Ao mesmo tempo, estes países cuidam do bem-estar de sua gente. Se o Brasil fosse a França estaria cobrando 0,8% de impostos dos alimentos. Se fosse a Inglaterra, não haveria impostos sobre alimentos. O Brasil, porém, na contramão do desenvolvimento, cobra 32,7% de tributos da produção rural. Para cada 100 sacas, ou bois, um terço vai para o Governo!

Enquanto isso, os “assentamentos rurais” são favelas rurais, berço de violência, de alienação social, cultural e religiosa. É um degrau para uma guerra civil futura, mas o Governo faz de conta que não enxerga.



Mamulengos - O lamentável é a hipocrisia dos governantes que defendem ferrenhamente seus “feudos” ao invés de defender o progresso das pessoas. O Nordeste Sertanejo é um grande exemplo: nas últimas décadas o Governo trata a região como celeiro de ignorantes que pode ser mantido a pão e circo. Qualquer estudioso sabe que uma Seca de 2 ou 3 anos liquida a infraestrutura produtiva. Então, o gargalo da economia sertaneja é a infraestrutura produtiva. O Governo, porém, tem horror de liberar recursos para dentro das porteiras. Até as malsinadas “Frentes de Emergência” foram proibidas de trabalhar dentro das porteiras. Assim, bilhões e bilhões são gastos para enganar a opinião pública.

Para eleger a presidente Dilma, o Governo não hesitou em dinamitar as caatingas, promovendo a maior destruição ecológica já vista na História, enquanto a imprensa divulgava os disparates ecológicos na Amazônia, para distrair a atenção dos urbanos. Hoje, a caatinga está esburacada e não irá levar uma gota de água para a torneira do sertanejo, até porque a água já está acumulada há décadas na própria região. O Governo, porém, jamais quis o bem-estar do sertanejo, quer apenas enganá-lo com loas e troas, com obras espetaculares para um Governo Espetacular. Os que dominam o Poder sabem que o “espetáculo” vence eleições e é apenas isso que importa aos parasitas que infestam os cargos públicos. Enquanto isso, fazendeiros, proprietários de terras, grandes e pequenos, são obrigados a enfrentar a Seca, vendo uma montanha de recursos ser dilapidada tão somente para atender interesses politiqueiros.

Um exemplo: em plena Seca, a mais vistosa iniciativa do governo federal tem sido um filme que a SECOM botou nas televisões do Sertão. Nele, “Chambinho do Acordeon”, feliz e sorridente, anda pela caatinga informando que “a seca sempre vai existir, mas o sertanejo vai poder se defender cada vez mais dela”. Cantando louvores aos investimentos feitos pelo governo, informa que “o sertanejo é um cabra forte, só precisa de apoio, e vai ter cada vez mais”. Pura mentira e hipocrisia! Os sertanejos estão sem carros-pipa e não precisam de propaganda, pois o que lhes falta é água. No meio de uma Seca criminosa essa atitude do Governo Dilma chega a ser deboche. Afinal, o preço dessa propaganda daria para comprar muitos carros-pipa.

Na verdade, os governos não querem fuzilar os sertanejos, de uma vez só, eles querem que o sertanejo fique vivo, pobre, lascado, algemado às “bolsas”, trocando votos por conversa fiada glamurosa, Um genocídio lento, inexorável, irresponsável, criminoso. Durante a seca de 1998, Lula foi enfático ao dizer que “o sofrimento do povo nordestino só vai acabar no dia que a gente tiver políticas de investimento para tornar esta terra produtiva. E essas políticas o PT tem”. Quais eram? Nunca disse e ninguém nunca viu.

Antes de Lula, o presidente Fernando Henrique foi ao Ceará na campanha de 1994 e prometeu transpor as águas do rio São Francisco. Então, Lula aproveitou e deu o bote: “Ele (FHC) foi mentiroso e vai mentir de novo prometendo a transposição para ganhar voto”. Então, em 2003, já eleito, Lula também mentiu: “Nesses quatro anos, 24 horas por dia serão dedicadas para fazer aquilo em que acredito: a transposição das águas do rio São Francisco para as pessoas”. Ficou oito anos no Governo; a doutora Dilma juntou mais dois e, depois de 10 anos, o “copo de água” ainda não apareceu. Nem uma gota! O rio São Francisco definha; a caatinga vai sendo dinamitada; ninguém explica como as vacas e cabras vão passar por sobre o canal; etc.

Enquanto isso, o governador do Ceará pagou um cachê de R$ 650 mil à cantora Ivete Sangalo para festejar a inauguração de um Hospital Regional em Sobral, pois ali está o berço político de sua família. Só houve um erro: não havia ainda um hospital para ser inaugurado! Assim desaparece o dinheiro dos impostos: alimentando os trustes que comandam o país e, ao mesmo tempo, enganam o povo trabalhador, principalmente o rural.



Cabras & Ovelhas - Em 2050, o mundo estará produzindo 106 milhões de toneladas de carne de gado, ao lado de 25 milhões de toneladas de carne de ovinos e caprinos. São dados da FAO. O crescimento dos ovinos e caprinos já está profetizado, analisado, calculado, projetado e deverá acontecer principalmente no Brasil e África, por terem muitas áreas disponíveis para a pecuária. Além da carne há ainda o leite, os queijos valiosos e a pele que pode atingir cifras estratosféricas para a região nordestina.

Certo estava Eloy de Souza quando dizia: “mais vale um bode vivo depois de uma Seca que todas as iniciativas dos políticos”. As cabras & ovelhas são uma legítima ferramenta para resolver o problema socioeconômico do Sertão Nordestino. Em vários países, caprinos e ovinos já não são mais apontados como “fazedores de desertos”, pois os verdadeiros desertificadores são os homens. Estes países já estão trocando vacas e bois por cabras e ovelhas, olhando o futuro.

O problema nordestino, então, reside na hipocrisia governamental. Certo estava Celso Furtado ao falar que “a solução para o Brasil tem que passar necessariamente pela arrumação do Nordeste”. Também certo estava Rui Barbosa que dizia, em célebre discurso: “a mentiraria é o desastre do povo brasileiro”. Segundo o ilustre poeta, a mentiraria está em tudo: nos políticos, governantes, pessoas simples, pessoas cultas, religiosos, etc. As pessoas aprenderam a tirar proveito da mentiraria generalizada, vinda de cima para baixo. A mentira estimulada pelos governantes leva o povo à violência, como já vai se vendo, cada vez mais, nos meios urbanos.

As coisas verdadeiras vão ficando para trás; para depois. A pecuária de pequenos ruminantes sertanejos (tanto no Nordeste como no extremo Sul, nos pampas) é vítima permanente desse comportamento de lesa-pátria.

O fato é que, enquanto a população não tiver as ferramentas para cobrar a montanha de dinheiro que os políticos gastam à toa, não se terá uma solução à vista. Será que Lula, um dia, irá pagar pelos R$ 15 bilhões que estão sendo torrados na Transposição? Essa dinheirama daria para resolver, de vez, o problema dentro das porteiras que precisam enfrentar a Seca, sempre. Alguém vai cobrar o cachê que foi pago a Ivete Sangalo, para comprar, com ele, melhor atendimento às pessoas que precisam de um hospital?



Conclusão - A verdade é que a Seca não é ruim, tanto quanto a neve também não é ruim. O ruim é não ter condições de estocar alimentos e água para os animais e pessoas. Os animais adoram o clima seco, por ser o mais saudável. A Seca, ironicamente, é milagreira: multiplica os votos dos que sabem prometer, prometer, prometer, como pessoas espetaculares, que sabem distribuir pão e circo. O povo vive do espetáculo, enquanto o produtor de alimentos está algemado à sina que não precisaria existir.

O fato é que, se os brasileiros não produzirem alimentos, os gringos virão e colocarão a terra em produção para abastecer os 9,2 bilhões de pessoas que estarão vivendo no ano 2050. Com apoio total dos políticos que, hoje, dizem que estão defendendo o bem-estar dos sertanejos. Continuarão hipócritas, malamulengando numa terra de mamulengos.

Vários países estão de olho arregalado, auscultando a potencialidade sertaneja. É o começo da grande transformação que precisa ser feita, para o bem-estar das pessoas e mais dignidade para com os que produzem alimentos no Brasil.