FRETE
CNA defende que tabelamento do frete traz perdas e insegurança jurídica
Perdas ocorrem em várias etapas da produções, diz CNA
Por:
CNA
A Confederação
da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) afirmou que o tabelamento
obrigatório dos preços mínimos do frete traz perdas e insegurança
jurídica aos produtores rurais e impactos sociais e econômicos negativos
para a toda a sociedade.
A entidade participou na segunda (27.08)
de audiência pública promovida pelo ministro no Supremo Tribunal Federal
(STF), Luiz Fux, para debater o tema. Fux é relator da Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI) 5959 contra a lei Lei 13.703/18, que
estabelece a tabela obrigatória de preços mínimos de frete rodoviário.
O Superintendente Técnico da CNA, Bruno
Lucchi, foi um dos expositores e apresentou os impactos da tabela no
setor agropecuário e em toda economia brasileira. “O tabelamento
obrigatório trouxe insegurança jurídica, que impacta drasticamente o
setor. As perdas para os produtores ocorrem em várias etapas da
produção, desde a venda futura de produtos, como milho e soja, até a
compra de insumos, como fertilizantes”.
Como exemplo desse prejuízo, Bruno
explicou que, antes da tabela, o custo do transporte, saindo de Sorriso
(Mato Grosso) com destino a Santos (São Paulo), era de R$ 290 por
tonelada. Após a tabela, esse valor aumentou 120%, passando para R$
637,10 por tonelada com cobrança do frete retorno (quando o contratante
paga o frete de retorno, em função do transportador não ter conseguido
carga).
“Muitos negócios estão deixando de ser
feitos e produtores estão sendo prejudicados no momento da compra de um
produto ou na comercialização. Esse aumento do frete traz distorções na
economia e afeta diretamente o preço dos alimentos e, consequentemente, o
teto da inflação”.
Segundo estimativas da consultoria LCA, se
mantido o tabelamento do frete, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA) em fevereiro de 2019 chegará a 6,50%, impulsionado pelo aumento
dos preços dos principais alimentos da cesta básica.
O Superintendente Técnico da CNA também
destacou que os postos de trabalho podem reduzir de 10 mil a 52 mil e as
exportações dos quatro principais produtos do agro em até 10%. “Nós
fizemos um apelo ao STF para que não espere o próximo governante ou até
as eleições, que decida pela inconstitucionalidade da lei o quanto
antes”, concluiu Bruno.
O consultor de Logística e Infraestrutura
da CNA, Luiz Antônio Fayet, iniciou sua exposição afirmando que a
agropecuária é o reflexo de um país que deu certo e que o sucesso do
agro se deve às famílias que trabalham em suas propriedades rurais. “Há
50 anos éramos importadores de alimentos e hoje somos os maiores
produtores e exportadores de produtos agropecuários”.
Fayet apresentou dados da balança
comercial brasileira e disse que “é muito claro que sem o agro, a
situação do país é crítica. É o setor mais importante para a economia”.
“Essa lei é inaplicável e fere a livre
concorrência do mercado, a lei da oferta e da demanda. Precisamos fugir
desse atraso e avançar”, afirmou.
No início deste mês, a CNA formalizou no
Supremo Tribunal Federal um aditamento à Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADI) 5959, protocolada pela entidade em junho,
para acabar com a eficácia da Medida Provisória (MP) 832, que criou a
tabela de frete para o transporte rodoviário.
Após a audiência nesta segunda, o ministro Luiz Fux disse que os ministros agora terão mais elementos para decidir a questão.
Participaram da audiência representantes dos transportadores de cargas e do setor produtivo.
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