terça-feira, 4 de setembro de 2018

Pesquisa busca descobrir resistência de pragas aos produtos químicos aplicados na lavoura

largata na folhaA resistência em qualquer organismo é fruto de uma seleção genética. O uso recorrente de determinado agrotóxico com o mesmo ingrediente ativo, ou de cultivares transgênicas com a mesma tecnologia (mesma proteína BT, resistência ao herbicida glifosato, etc.) pode levar à seleção de insetos, fungos e plantas daninhas resistentes ao controle. Com isso, são demandadas mais pulverizações, o custo para controle fitossanitário aumenta e pode-se chegar à perda completa de eficiência de algumas tecnologias.
Pesquisadores da Embrapa estão monitorando e fazendo testes em laboratório para identificar ocorrências de resistência de pragas, doenças e plantas daninhas às formas de controle químico ou cultural nas lavouras de soja, milho e algodão em várias regiões.  O trabalho é estratégico, uma vez que visa antever problemas e propor alternativas de manejo que possam evitar que a característica de resistência se dissemine.
A Embrapa Agrossilvipastoril (MT) monitora há dois anos populações de três espécies de pragas: a lagarta do cartucho (Spodoptera frugiperda), falsa medideira (Chrysodeixis includens) e a Helicoverpa armigera. Indivíduos coletados em diferentes regiões produtoras são testados em laboratório utilizando-se técnicas como a de dose diagnóstica e a de curva de dose-resposta.
Resultados dos testes já identificaram populações de lagarta do cartucho resistentes ao inseticida Metomil e de falsa medideira resistente ao Teflubenzuron. No caso da Helicoverpa armigera o pesquisador da Embrapa Rafael Pitta diz ainda não ser possível afirmar se há resistência. Por ser uma espécie mais difícil de coletar, foram feitos testes com um número menor de populações.
“Não identificamos a resistência ou pelo número pequeno de amostras, ou porque a praga é mais recente no País, então está há menos tempo em contato com os produtos que usamos por aqui. Ainda não dá para afirmar se há problema de resistência”, explica.
De acordo com Pitta, no caso dos insetos, não é possível especificar geograficamente onde ocorrem mais casos de resistência. Os episódios são isolados e há situações em que a população de um município apresenta resistência, mas no município vizinho não.

Identificada a resistência, pesquisadores informam aos produtores e consultores técnicos da região, orientando-os sobre as melhores estratégias para evitar que o problema cresça. Entre as alternativas está a rotação de mecanismos de controle. Se a resistência for ao inseticida, deixando de usar determinada molécula e, sendo resistência à tecnologia BT, usando cultivares com mais de uma proteína.

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