terça-feira, 7 de março de 2017

A seca em Pernambuco e no nordeste transforma canaviais em desertos


Canaviais em Fevereiro na Mata Norte de PE (5)A estiagem que segue pelo sexto ano seguido em PE e em grande parcela do NE, transforma o verde dos canaviais ao tom acinzentado da terra quase nua com a morte da cana e poucos pés atrofiados. O caos atinge grande faixa territorial que se inicia na cidade de Nazaré da Mata em direção à Mata Sul de Pernambuco e que continua em Alagoas e Sergipe.
Em PE, o sumiço dos canaviais dá lugar a áreas parecidas com desertos, já bem perceptíveis entre as cidades de Tracunhaém e Nazaré – região considerada o epicentro da seca pela Associação dos Fornecedores de Cana de PE (AFCP). Em Carpina, por exemplo, tem chovido bem abaixo da média desde junho de 2016. Choveu 208% a menos que o previsto para o período entre junho e dezembro. Situação bem similar em outras várias cidades. Com isso, a nova safra será afetada significativamente, prejudicando uma das principais cadeias produtivas do PIB do Estado. Mesmo chovendo regular a partir de agora, já prevê-se grande déficit de 30% em comparação a safra atual, que foi de 11,5 milhões de toneladas de cana.
O cenário é desolador. Vastos hectares sem nada brotar e outros com pequenos pés de cana morrendo. Nos locais do epicentro da estiagem, a AFCP prevê um prejuízo mais drástico, porque mesmo que a chuva chegue, já houve grande mortandade dos brotos da cana nesses últimos meses – período em que a planta mais precisava de água para crescer. A previsão é de uma perda de até 70% em relação a produção anterior. No engenho Quatis do produtor Felipe Neli, em Lagoa de Itaenga, por exemplo, só deve atingir 30% do montante produzido na safra 2016/17.
Até os canaviais da Zona da Mata Sul, que tradicionalmente chove mais, têm convivido com a morte de socaria (broto da cana) devido a seca que também provocará impacto sobre a nova produção. A morte da socaria não é comum na região. Ela só ocorre quando o déficit hídrico é elevado e continuado, como tem sido verificado desde junho de 2016. Diversas as propriedades da região já penam com a situação, como observado no engenho Boa Sorte em Xexéu, do produtor rural Frederico Pessoa de Queiroz.

“A seca também tem prejudicado significativamente a produção de cana nos estados de Alagoas e Sergipe. Em SE, ha relatos até de usinas comprando água de carro pipa para findar a moagem da safra 2016/17″, informa Alexandra Andrade Lima, presidente da União Nordestina dos Produtores de Cana (Unida). O dirigente conta que a situação é menos drástica no Rio Grande do Norte e na Paraíba. E em uma pequena faixa em Pernambuco, situada a partir da cidade de Ferreiros em direção a PB. Todavia, a previsão do déficit da nova safra nordestina é elevada. A estimativa já é de um prejuízo de 20% em comparação à safra anterior.

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