sexta-feira, 10 de março de 2017

Novas raças ganham mais desempenho quando são originadas de cruza sanguíneo distantes

bois dupla de frenteO fenômeno natural da heterose ou vigor híbrido mostrou, de acordo com uma pesquisa realizada por cientistas da Embrapa e do National Center For Genetic Resourcesm  Preservation do  Agricultural Research Serviço ( ARS), dos Estados Unidos,  que quanto maior é a distância genética entre as raças, melhor é a qualidade dos animais obtidos em cruzamentos. Já os animais com muita proximidade sanguínea têm desempenho inferior em relação ao peso da carcaça, produção de leite, resistência às doenças e às adversidades do meio ambiente.
Entre os bovinos, a pesquisa confirmou que distância e variabilidade genética são maiores entre as raças Curraleiro Pé-Duro e Nelore. O estudo revelou também que o curraleiro pé-duro foi o que ficou mais próximo da raça Caracu, seguido das norte-americanas e das de origem francesa. Três fatores naturais, segundo o pesquisador Geraldo Magela Côrtes Carvalho, da Embrapa Meio-Norte (PI), que representou o Brasil no estudo, atuam para ampliar a variabilidade genética: a mutação, a deriva genética e a migração.
Carvalho explica que as mutações, também chamadas de deriva genética, podem ocorrer quando duas populações são separadas por um longo período de tempo e contribuem para a diversidade dentro das raças. De acordo com o especialista, o isolamento de populações é consequência do uso local e do manejo da raça e reduz o tamanho efetivo do rebanho. “O grau de diferenciação entre as raças estudadas revelou baixo fluxo de genes entre as populações brasileiras analisadas, o que indica isolamento reprodutivo, diferente do encontrado nas raças norte-americanas, que apresentaram pouca diferenciação entre os bovinos de corte”, compara.
Ele garante que a distância e a variabilidade genética são fatores determinantes para a boa qualidade de um rebanho. A pesquisa revelou também que a variabilidade é maior entre os indivíduos do que entre as raças. Entre os indivíduos, a variabilidade chega a 75%. Entre as raças, principalmente as norte-americanas para corte, não passa de 25%.

O trabalho, conduzido por dois anos na sede do ARS, em Fort Collins, no Colorado, usou 19 raças bovinas: quatro brasileiras e 15 norte-americanas. Para chegar a esse resultado, os cientistas fizeram genotipagem em populações distintas de bovinos dos grupamentos nelore, gir (Bos indicus) caracu e curraleiro pé-duro (Bos taurus), todos brasileiros. As raças norte-americanas estudadas são de origem espanhola, francesa, britânica e da remota Ilha Chirikof, no Alasca.

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