quinta-feira, 16 de julho de 2015

Especialistas debatem experiências de sistemas integrados durante congresso mundial sobre ILPF



A quarta sessão plenária do Congresso Mundial sobre Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, realizada na tarde de terça-feira (14), contou com palestras sobre a adaptação de sistemas ILPF para modelos agroecológicos, implantação dos sistemas ILPF na Europa, a produção animal sustentável e a valoração da eficiência ambiental nos sistemas integrados.
A pesquisadora Julie Ryschawy, do INRA- Institut National de la Recherche Agronomique, da França, destacou em sua palestra a pesquisa desenvolvida com o objetivo de desenhar cenários para o desenvolvimento de sistemas integrados agroecológico, tanto em menor escala (nível individual) quanto de integração regional.
Ryschawy apresentou três estudos de casos. No primeiro caso foram reunidas informações de 50 pequenos proprietários, com baixa especialização, que utilizam sistema de integração pecuária-lavoura. No segundo grupo foram agrupados 24 produtores orgânicos e no terceiro, seis produtores dispostos a promoverem trocas entre si, o que foi classificado como "coexistência global".
A metodologia da pesquisa, utilizada nos três estudos de caso, combinou o conhecimento dos atores locais, o desenvolvimento dos cenários, a simulação dos modelos e a avaliação coletiva. Para entender as estratégias dos produtores foi realizado estudo retrospectivo sobre suas trajetórias.
Sistemas agroflorestais – O professor Paul Burgess, da Cranfield University, do Reino Unido, expôs algumas das diretrizes do projeto Agforward, iniciado em 2014 e que envolve mais de 20 universidades, institutos de pesquisas e organizações de agricultores de diversos países europeus.
O objetivo principal do projeto é incentivar práticas agroflorestais na Europa que promovam o desenvolvimento rural sustentável. Para atingir essa finalidade, o projeto identifica, desenvolve e testa inovações no campo para aumentar os benefícios e a viabilidade dos sistemas agroflorestais.
De acordo com Burgess, o primeiro ano do projeto contou com a participação de 800 produtores que adotam diferentes sistemas agroflorestais. A primeira preocupação foi identificar quais são, na opinião dos produtores, os maiores problemas para integrar o componente florestal à pecuária ou à lavoura. Em seguida serão feitas as análises dos benefícios econômicos e financeiros dos sistemas integrados.
Um exemplo citado por Burgess foi da comercialização dos chamados "ovos de bosques". Os consumidores europeus estão dispostos a pagar mais 20 centavos de libras pelos ovos provenientes dos sistemas agroflorestais. O resultado para o produtor é o aumento de sua renda e a melhoria ambiental de sua propriedade.
Pecuária sustentável – O professor Michael Lee, da University of Bristol e Rothamsted Research, do Reino Unido, elencou os passos em direção à produção animal sustentável. O primeiro está relacionado à alimentação dos ruminantes. Estima-se que 70% dos grãos produzidos são usados na alimentação dos rebanhos. "Temos o desafio de alimentar a população que aumenta mundialmente. Os cereais atualmente usados na alimentação animal devem atender os humanos e os animais se alimentarem de pastos", disse.
Para avançar na sustentabilidade, os pecuaristas precisam garantir bem estar e saúde dos animais. As consequências da incidência de doenças, como frisou Lee, são a perda de produção e a impossibilidade de desenvolver a genética animal. Conjugar genética animal e adaptação ao ambiente é outro passo. Lee citou como exemplo a espécie Holstein que em clima temperado sua produção chega a 30 litros de leite/vaca/dia. No entanto, ao ser importada para África e Ásia, sua produção tem uma queda de 30%.]
A participação da sociedade nos processos de mudança também foi destacada por Lee. Seja do consumidor compreendendo melhor o valor dos produtos agropecuários para uma dieta saudável ou dos produtores buscando sistemas que causem menores danos ambientais. "Precisamos desenvolver sistemas não só com resiliência pecuária, mas com resiliência ambiental também", concluiu.
Ao abordar a valoração da eficiência ambiental dos sistemas integrados utilizando avaliações de ciclo de vida, o professor David Styles, da Bangor University, do Reino Unido, ressaltou o desafio de criar valores de referência para sistemas integrados, em função dos seus múltiplos produtos.
Liliane Castelões (16.613 MTb/RJ)
Embrapa Cerrados

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