terça-feira, 26 de setembro de 2017




Milho

Exportação de milho do Brasil em setembro caminha para superar agosto

A média diária de embarques em agosto foi de 228,6 mil toneladas, ante 138,7 mil toneladas em setembro de 2016.
     
As exportações de milho do Brasil atingiram 4,33 milhões de toneladas até a quarta semana de setembro, ou 289 mil toneladas por dia útil em média no mês, e estão no caminho certo para superar o volume de agosto, segundo dados divulgados nesta segunda-feira pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex). A média diária de embarques em agosto foi de 228,6 mil toneladas, ante 138,7 mil toneladas em setembro de 2016.

Os fortes embarques neste ano ocorrem após uma safra recorde do cereal de 97,7 milhões de toneladas em 2016/17, segundo dados do governo. A expectativa é de que o Brasil exporte em 2017 um recorde de 32 milhões de toneladas de milho, conforme previsão da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).

Já as exportações de soja, que nesta época já começam a perder ritmo, atingiram até o momento no mês 3,4 milhões de toneladas, ante 5,95 milhões em agosto e 1,44 milhão em setembro de 2016. Os embarques de soja no acumulado do ano já superaram um recorde anual registrado em 2015, também em função da safra histórica. Para o ano de 2017, a indústria estima exportações de 64 milhões de toneladas. 


Supersafra

Supersafra eleva estoques de milho e pressiona preço em 2018

Valor em 2018 deve ser 15,5% inferior ao estimado para 2017
     
Os estoques de passagem elevados após a supersafra de milho colhida em 2016/2017 devem pressionar os valores pagos pelo cereal no ano que vem, atingindo patamares menores que os deste ano. Em média, o valor em 2018 deve ser 15,5% inferior ao estimado para 2017, conforme projeção do Banco Pine.

A média de preços da commodity deve encerrar este ano em R$ 29,10 a saca de 60 quilos, estima o economista do banco Pine, Lucas Brunetti. Para o ano que vem, a projeção é de um valor médio de R$ 24,60 a saca. "A média será um pouco menor uma vez que, no começo de 2017, os valores da saca ainda refletiam a escassez do grão no ano anterior", diz Brunetti.
Ao longo de 2017, os preços do grão recuaram fortemente, pressionados pela supersafra de 2016/2017, que chegou a 97 milhões de toneladas, de acordo com estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). No ano anterior, o cenário era inverso: a falta de milho fez com que a commodity chegasse a um preço médio de R$ 44 a saca.
Para Brunetti, o estoque de passagem de milho estimado em 15,2 milhões de toneladas - 11 milhões de toneladas a mais do que o estoque do ciclo anterior, segundo o banco -, deve evitar uma retração significativa dos preços caso a perspectiva de redução de produção na próxima safra se concretize. Isso considerando um cenário de exportações de 35 milhões de toneladas do grão, como espera o mercado.
A opinião de Brunetti, porém, não é unânime. Para o consultor Carlos Cogo, a expectativa de uma quebra na primeira safra do grão no ciclo 2017/2018 deve ser suficiente para garantir uma recuperação de preços. "Já houve uma recuperação de preço expressiva e a tendência é de um mercado altista para o fim de 2017 e o ano de 2018", afirma. De janeiro a setembro deste ano, o valor médio da saca FOB no Paraná foi de R$ 24,73. No ano passado, essa média foi de R$ 40,72. No Paraná, os preços subiram 13,9% desde julho. E em São Paulo, o aumento já alcançou 20,7%, diz o consultor.

Ele também aponta como fator para o aumento dos preços o atraso no plantio de soja causado pela estiagem, e que pode fazer com que o cultivo da segunda safra de milho seja feito fora da janela ideal. "Isso amplia o perigo na safrinha", diz Cogo.
Para ele, as exportações de milho, que devem chegar a 32 milhões de toneladas neste ano ante 18 milhões de toneladas embarcadas no ano passado, também pesam neste cenário. "No primeiro semestre o País não exportou quase nada. Em agosto, foram 5,2 milhões de toneladas e, para setembro, os embarques devem chegar a 6,5 milhões de toneladas, o que seria um recorde mensal", estima.
Carnes
O preço do grão é um item crucial para os custos de produção de criadores de aves, suínos e bovinos, que vêm aproveitando os preços baixos da commodity no mercado interno. Para o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, não há motivo para preocupação no momento. "Os fornecedores do grão para o setor, além do Brasil, como Argentina e o Paraguai, estão com bons níveis de estoque de passagem", diz Turra. "E há ainda o milho dos Estados Unidos, cujas importações foram viabilizadas em 2016", afirma.
Para o presidente da comissão de pecuária de corte da Federação da Agricultura de Goiás (Faeg), Maurício Velloso, a oscilação nos preços tem um impacto mais significativo para o confinador não profissional. "Este ano foi muito favorável para a compra de insumos e boa parte dos profissionais deve ter se resguardado para atender à demanda", afirma. "Além disso, ainda temos uma janela extensa e favorável à compra."
Brunetti pondera que, embora o custo do milho possa estar baixo no momento, a receita não está tão boa para o setor, que teve um ano conturbado com diversas crises em 2017. "As grandes empresas não estão manifestando interesse em ampliar a demanda pelo grão."

Nova safra
Para o ciclo que se inicia, a perspectiva de Brunetti é de 91,1 milhões de toneladas totais do grão, 7 milhões de toneladas a menos do que a Conab prevê para 2016/2017. Considerando apenas a safra de verão, a retração deve ser de 23%, para 24,1 milhões de toneladas na comparação com o mesmo período do ano passado.
Essa queda é reflexo de uma menor área cultivada projetada para a safra verão, prevista em 5 milhões de hectares, 10% a menos do que na temporada passada. A produtividade também deve ser menor em relação ao ciclo passado, quando atingiu patamares acima da média na safra cheia de 2016/2017.
O plantio já teve início no Rio Grande do Sul, onde a área plantada já chega a 40% dos 731,2 mil hectares previstos e 12% no Paraná, que deve cultivar 344,5 mil hectares no verão.
Para a safrinha, o economista do banco Pine aposta em uma produção de 67 milhões de toneladas, queda de 5,6% ante as 71 milhões de toneladas colhidas neste ano. "Não acredito que vá acontecer uma grande expansão de área neste ciclo, já que houve um aumento significativo na temporada passada".
A expectativa do presidente da Abramilho, Alysson Paolinelli, é mais otimista. "Esperamos que a safrinha cresça o suficiente para compensar as perdas na safra de verão, para que possamos ao menos empatar a produção desta temporada com a da anterior", afirma. 

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