terça-feira, 3 de novembro de 2015

Preço agrícola dispara com alta do dólar e entressafra




A alta do dólar e a entressafra começam a se refletir nos preços dos produtos agrícolas, que dispararam nos últimos 60 dias. De acordo com levantamento da GO Associados, no mercado doméstico, as cotações do açúcar e do etanol subiram, respectivamente, 44,8% e 31,4% no período. Houve alta de 14,8% no preço da soja; 18,8% para o milho; e 11,1% para o frango abatido.
Se, por um lado, o aumento da rentabilidade desses setores dará fôlego maior à debilitada economia brasileira; de outro, aumenta a inflação que, na avaliação do diretor de pesquisas econômicas da GO, Fábio Silveira, passará de 10% este ano. A alta dos preços agrícolas deve fazer o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), referência para o sistema de metas de inflação, subir 0,6 ponto percentual distribuído entre novembro e dezembro:
"A alta do dólar é um veneno para a inflação, mas é um santo remédio para o agronegócio", resumiu Silveira.
Segundo ele, as altas já apareceram no Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), da Fundação Getulio Vargas (FGV). Os preços agrícolas subiram 1,3% em setembro. Em condições normais, mesmo com o período de entressafra, o aumento ficaria entre 0,25% e 0,30%.
Silveira afirmou que preços agrícolas representam 25% do IPCA, ou um quarto da composição do índice:
"Vamos começar 2016 com preços agrícolas ainda pressionando a inflação nos meses de janeiro e fevereiro. Porém, com uma taxa de câmbio menor, acreditamos que a inflação fechará 2016 entre 6% e 6,2%".
Para o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal, Francisco Turra, a alta do preço do frango é um refresco para o setor, que ganhará mais em reais. Turra comentou que isso não significa que haverá repasse ao consumidor:
Alan Malinsk, assessor técnico de cereais, fibras e oleaginosas da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), avalia que, ao mesmo tempo que a desvalorização do dólar aumentou a rentabilidade do produtor, também elevou os custos entre 15% e 20%. Mais de 90% dos adubos e dos fertilizantes usados no plantio são importados:
De qualquer forma, os preços estão tão favoráveis ao produtor que metade das safras de soja e milho do Mato Grosso já foram vendidas antes mesmo de começar a colheita, em fevereiro do ano que vem.

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