Gado Sindi da Embrapa é registrado como Puro de Origem
Um grupo de 46 bovinos da raça Sindi, pertencente ao rebanho da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), foi registrado como Puro
de Origem (PO) pela Associação Brasileira de Criadores de Zebuínos
(ABCZ). A marcação dos animais a ferro e fogo aconteceu nesta
segunda-feira, 23, no Campo Experimental da Caatinga, da Embrapa
Semiárido, em Petrolina-PE.
Os animais são descendentes diretos da segunda importação de bovinos da raça oriundos do Paquistão, realizada em 1952. Desde 1996 passaram para o domínio da Embrapa Semiárido, onde vêm sendo mantidos como um rebanho fechado, sem cruzamento com outras linhagens. "Por isso pode ser considerado o gado Sindi mais puro do Brasil", afirma a pesquisadora da empresa Rosângela Barbosa.
O registro dos animais foi recebido com muita expectativa pelos criadores da raça. De acordo com o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Sindi (ABCSindi), Ronaldo Bichuette, existia uma grande demanda de gado importado para refrescar o sangue dos rebanhos nacionais. Agora, no entanto, não é mais preciso buscar os animais na Índia ou no Paquistão: "O gado está aqui", comemora"
Ele explica que o refrescamento dos rebanhos é importante para evitar os defeitos no acasalamento provocados pela endogamia (cruzamento entre parentes). Como a população de Sindi no Brasil ainda é pequena, restrita a poucas famílias, é necessário buscar animais da mesma raça, mas sem parentesco, como é o caso do rebanho da Embrapa. Além disso, o gado pode contribuir emprestando as qualidades que ele já tem para outros animais, pois, segundo Bichuette, "o Sindi é naturalmente um gado rústico, mas esse aqui é mais ainda".
Luiz Claudio Paranhos, presidente da ABCZ, ressalta que o Sindi também está encantando criadores de outros zebuínos, a exemplo do Nelore ou Guzerá. "Nós falamos muito que ele é capaz de produzir em condições adversas, mas ele também é capaz de contribuir para produzir em condições boas. Assim, todo esse potencial que o Sindi tem se traduz em um melhor híbrido como resultado do cruzamento com outras raças zebuínas", destaca. Para ele, o registro desses novos animais é uma grande alavanca para a raça pois, "se esse núcleo, que até então estava fechado só na Embrapa, começar a ser disponibilizado ao mercado, vai ajudar todos os selecionadores a ampliarem a sua variabilidade genética, para selecionar e conseguir identificar melhores linhagens de produção".
Uma parceria entre a Embrapa e a ABCSindi está sendo discutida para disponibilizar aos criadores o material genético deste rebanho. Os primeiros passos foram o estudo da pureza genética do gado, realizado pela Embrapa Gado de Leite (Juiz de Fora-MG), e o recente Registro Genealógico feito pela ABCZ. As próximas etapas incluem a implantação do controle leiteiro e avaliações dos animais para identificar, dentro do grupo, aqueles de melhor desempenho ponderal. Também está sendo estudada pela Embrapa a melhor forma de repassar esse material, considerando as normas de negociações de contratos públicos com entidades particulares.
Gado para o Semiárido – O Sindi é originário de regiões áridas e semiáridas do Paquistão. Por isso ele é também uma aposta para o Nordeste do Brasil, que apresenta áreas com características semelhantes, como a escassez de água e de alimentos. "O gado é bastante rústico, e se adapta bem a condições como estas", afirma a pesquisadora Rosângela Barbosa, contratada em 2014 especialmente para trabalhar com a raça.
Segundo ela, entre as principais características do Sindi está a capacidade de transformar alimentos de baixa quantidade e qualidade nutricional em carne e leite. Também apresenta outros aspectos de rusticidade, como resistência a doenças infecto-contagiosas, alta capacidade reprodutiva – sendo capaz de se reproduzir e produzir leite mesmo com condição corporal baixa -, além de ser um animal bastante dócil. Até o momento poucas pesquisas foram realizadas com o Sindi no Semiárido, mas as boas condições do rebanho da Embrapa, criado com pouco alimento além da vegetação nativa da Caatinga, são prova do potencial para a criação bovina na região.
A experiência de criadores do Nordeste também aponta para a viabilidade da raça. Paulo Roberto Leite, pecuarista do município de Queimadas, na Paraíba, conta que já teve outros zebuínos, como o Gir, Nelore e Guzerá, mas somente o Sindi apresentou bons resultados. Entre outras vantagens da raça, ele destaca a capacidade de andar à procura de água e de alimentos, pois seu casco pequeno e forte faz com que se locomova com facilidade, e a pelagem vermelha, bem mais apropriada para o clima da região. Para ele, é também uma aposta para o futuro: "Eu tenho a impressão de que o Sindi vai ser uma referência para a pecuária tropical em países do mundo inteiro, pois cada vez mais o clima está sofrendo modificações, e esse gado é a esperança de ter uma raça que possa ser produtiva nestas condições".
Pesquisas futuras – Tendo em vista as características e o potencial do gado Sindi para o Nordeste, além da criação em outras regiões do Brasil, a Embrapa Semiárido está elaborando novos projetos de pesquisa visando estudar aspectos como o melhoramento genético, reprodução e qualidade do leite, carcaça e carne desses animais. Para isso, aproveitou a oportunidade do registro do gado para ouvir a demanda dos criadores presentes na ocasião, em reunião com a chefia do centro de pesquisa e os pesquisadores da área.
O registro do gado também marcou o início das atividades do Centro de Manejo de Bovinos da Caatinga, recém construído pela Embrapa Semiárido. O curral foi projetado para atender às exigências de bem estar dos animais. Nele serão realizadas atividades de manejo reprodutivo e zootécnico, vacinação, marcação, entre outras.
Os animais são descendentes diretos da segunda importação de bovinos da raça oriundos do Paquistão, realizada em 1952. Desde 1996 passaram para o domínio da Embrapa Semiárido, onde vêm sendo mantidos como um rebanho fechado, sem cruzamento com outras linhagens. "Por isso pode ser considerado o gado Sindi mais puro do Brasil", afirma a pesquisadora da empresa Rosângela Barbosa.
O registro dos animais foi recebido com muita expectativa pelos criadores da raça. De acordo com o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Sindi (ABCSindi), Ronaldo Bichuette, existia uma grande demanda de gado importado para refrescar o sangue dos rebanhos nacionais. Agora, no entanto, não é mais preciso buscar os animais na Índia ou no Paquistão: "O gado está aqui", comemora"
Ele explica que o refrescamento dos rebanhos é importante para evitar os defeitos no acasalamento provocados pela endogamia (cruzamento entre parentes). Como a população de Sindi no Brasil ainda é pequena, restrita a poucas famílias, é necessário buscar animais da mesma raça, mas sem parentesco, como é o caso do rebanho da Embrapa. Além disso, o gado pode contribuir emprestando as qualidades que ele já tem para outros animais, pois, segundo Bichuette, "o Sindi é naturalmente um gado rústico, mas esse aqui é mais ainda".
Luiz Claudio Paranhos, presidente da ABCZ, ressalta que o Sindi também está encantando criadores de outros zebuínos, a exemplo do Nelore ou Guzerá. "Nós falamos muito que ele é capaz de produzir em condições adversas, mas ele também é capaz de contribuir para produzir em condições boas. Assim, todo esse potencial que o Sindi tem se traduz em um melhor híbrido como resultado do cruzamento com outras raças zebuínas", destaca. Para ele, o registro desses novos animais é uma grande alavanca para a raça pois, "se esse núcleo, que até então estava fechado só na Embrapa, começar a ser disponibilizado ao mercado, vai ajudar todos os selecionadores a ampliarem a sua variabilidade genética, para selecionar e conseguir identificar melhores linhagens de produção".
Uma parceria entre a Embrapa e a ABCSindi está sendo discutida para disponibilizar aos criadores o material genético deste rebanho. Os primeiros passos foram o estudo da pureza genética do gado, realizado pela Embrapa Gado de Leite (Juiz de Fora-MG), e o recente Registro Genealógico feito pela ABCZ. As próximas etapas incluem a implantação do controle leiteiro e avaliações dos animais para identificar, dentro do grupo, aqueles de melhor desempenho ponderal. Também está sendo estudada pela Embrapa a melhor forma de repassar esse material, considerando as normas de negociações de contratos públicos com entidades particulares.
Gado para o Semiárido – O Sindi é originário de regiões áridas e semiáridas do Paquistão. Por isso ele é também uma aposta para o Nordeste do Brasil, que apresenta áreas com características semelhantes, como a escassez de água e de alimentos. "O gado é bastante rústico, e se adapta bem a condições como estas", afirma a pesquisadora Rosângela Barbosa, contratada em 2014 especialmente para trabalhar com a raça.
Segundo ela, entre as principais características do Sindi está a capacidade de transformar alimentos de baixa quantidade e qualidade nutricional em carne e leite. Também apresenta outros aspectos de rusticidade, como resistência a doenças infecto-contagiosas, alta capacidade reprodutiva – sendo capaz de se reproduzir e produzir leite mesmo com condição corporal baixa -, além de ser um animal bastante dócil. Até o momento poucas pesquisas foram realizadas com o Sindi no Semiárido, mas as boas condições do rebanho da Embrapa, criado com pouco alimento além da vegetação nativa da Caatinga, são prova do potencial para a criação bovina na região.
A experiência de criadores do Nordeste também aponta para a viabilidade da raça. Paulo Roberto Leite, pecuarista do município de Queimadas, na Paraíba, conta que já teve outros zebuínos, como o Gir, Nelore e Guzerá, mas somente o Sindi apresentou bons resultados. Entre outras vantagens da raça, ele destaca a capacidade de andar à procura de água e de alimentos, pois seu casco pequeno e forte faz com que se locomova com facilidade, e a pelagem vermelha, bem mais apropriada para o clima da região. Para ele, é também uma aposta para o futuro: "Eu tenho a impressão de que o Sindi vai ser uma referência para a pecuária tropical em países do mundo inteiro, pois cada vez mais o clima está sofrendo modificações, e esse gado é a esperança de ter uma raça que possa ser produtiva nestas condições".
Pesquisas futuras – Tendo em vista as características e o potencial do gado Sindi para o Nordeste, além da criação em outras regiões do Brasil, a Embrapa Semiárido está elaborando novos projetos de pesquisa visando estudar aspectos como o melhoramento genético, reprodução e qualidade do leite, carcaça e carne desses animais. Para isso, aproveitou a oportunidade do registro do gado para ouvir a demanda dos criadores presentes na ocasião, em reunião com a chefia do centro de pesquisa e os pesquisadores da área.
O registro do gado também marcou o início das atividades do Centro de Manejo de Bovinos da Caatinga, recém construído pela Embrapa Semiárido. O curral foi projetado para atender às exigências de bem estar dos animais. Nele serão realizadas atividades de manejo reprodutivo e zootécnico, vacinação, marcação, entre outras.
Embrapa Semiárido
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