O tempo que voa, o planejamento que para e o meio ambiente que sofre
Jared Diamont , em seu livro “Colapso” (Ed. Record, 2013) deixa claro
quando enuncia o seu modelo de análise da sobrevivência das sociedades
que já habitaram e habitam o planeta, em 5 grandes pilares: os danos que
as pessoas em um determinado momento infligem ao meio ambiente, a
mudança climática, os vizinhos hostis redundando em conflitos ou na
competitividade do capitalismo selvagem, os parceiros comerciais que
compram e vendem gêneros, e a resposta que o estado/governo dá aos
problemas sociais.
O tempo analisado na interatividade humana é sempre contado em muitas décadas, séculos ou milênios o que nos confere ainda mais a sensação de insignificância em face da luta pela vida que carrega ideais e (presumíveis) melhorias que não acontecem, ou sempre ficam aquém do esperado. Essa é a linha comum de todas as eras e em todas as partes do globo, e atualmente, bem representada pelas instancias políticas do curtíssimo prazo. Nessas, como ampliadas numa lente de aumento poderosa, conferimos a insensatez e a inconsequência na representação dos oportunistas de cada uma das épocas e civilizações, que conseguem tomar decisões, sem qualquer valor moral ou conduta ética. A história é a mesma, tudo por uma vida boa hic etnunc (aqui e agora)!
Nos tempos atuais, a visão de futuro ou a preocupação com as novas gerações, com poucas ações concretas no planeta, parece um discurso bolorento de 50 anos atrás, coisa de hippie doidão. Mas, como a omissão é um pecado tão mortal quanto a destruição da natureza, o alerta continua sendo dado por alguns altruístas (organizações e pessoas) que teimam em confrontar a exploração irresponsável. A obstinação se aproxima do mito de Sísifo que foi obrigado pelos deuses a rolar uma pedra montanha acima, embora ela sempre, ao chegar no cume, rolasse montanha abaixo reiniciando o sofrimento. Em outras palavras, existem lutas que se arrastam há décadas e a sociedade ainda não conseguiu concluir, a exemplo da devastação dos madeireiros na Amazônia, das denúncias às mineradoras que aniquilam os rios e lençóis freáticos, a insanidade da pesca dos navios baleeiros, o crime de exploração de petróleo no Ártico, ou ainda, mais perto de nós, a sanha desenfreada de empreiteiros na devastação dos cinturões verdes urbanos.
Com o problema da seca que atinge os principais mananciais das grandes metrópoles do país, o governo atual acredita que a única ajuda que pode vir do céu é a chuva. De desculpinha em desculpinha, o programa espacial brasileiro empacou novamente após a revogação, em julho de 2015, do decreto do Projeto comum Brasil-Ucrânia Cyclone 4, e depois desses países terem investido (?) algo em torno de um bilhão de reais. A dependência tecnológica dificulta o sensoriamento remoto de regiões degradadas em imagens captadas por satélites e o gerenciamento meteorológico, monitorando o avanço ilegal da produção agrícola de culturas de sobrepasteio como a degradação da caatinga, a desertificação pela monocultura comercial (cana e soja principalmente) e a agonia lenta da floresta amazônica. A palavra mais utilizada de quem não sabe planejar e depende da sorte proveniente da incompetência e corrupção, é contingência. As contingências mudaram (e não foram ao menos pensadas), assim pede-se mais verba contingencial para ações emergenciais de uma acomodação plena. Mudar esse método de desgoverno é tão encorajador como ensinar música a um macaco.
Com o corte de 70 bilhões de reais do Orçamento por conta do ajuste fiscal, é nítido que a contrapartida é uma dívida pública que não para de crescer; de 2004 a 2013 seu crescimento foi de 8,98% aa., ao passo que o PIB cresceu no mesmo período 3,64% aa.. É a cobra que engole o próprio rabo, isto é, o superávit primário serve apenas para aumentar e rolar a própria dívida de um governo que massacra a educação, a pesquisa, saúde, ciência e tecnologia, e sabe-se lá o que mais. O mercado já assinala aos investidores que o risco Brasil está aumentando, uma vez que agencias de classificação rebaixaram a nota de crédito do país em moeda estrangeira (BBB- para BB+, Austin Rating). O significado disto, não só para a recuperação da credibilidade econômica como para investimentos necessários que só trazem seus resultados no longo prazo, é o caos na gestão imediatista que se instala nas decisões de mentalidade e prazo curtos.
O tempo analisado na interatividade humana é sempre contado em muitas décadas, séculos ou milênios o que nos confere ainda mais a sensação de insignificância em face da luta pela vida que carrega ideais e (presumíveis) melhorias que não acontecem, ou sempre ficam aquém do esperado. Essa é a linha comum de todas as eras e em todas as partes do globo, e atualmente, bem representada pelas instancias políticas do curtíssimo prazo. Nessas, como ampliadas numa lente de aumento poderosa, conferimos a insensatez e a inconsequência na representação dos oportunistas de cada uma das épocas e civilizações, que conseguem tomar decisões, sem qualquer valor moral ou conduta ética. A história é a mesma, tudo por uma vida boa hic etnunc (aqui e agora)!
Nos tempos atuais, a visão de futuro ou a preocupação com as novas gerações, com poucas ações concretas no planeta, parece um discurso bolorento de 50 anos atrás, coisa de hippie doidão. Mas, como a omissão é um pecado tão mortal quanto a destruição da natureza, o alerta continua sendo dado por alguns altruístas (organizações e pessoas) que teimam em confrontar a exploração irresponsável. A obstinação se aproxima do mito de Sísifo que foi obrigado pelos deuses a rolar uma pedra montanha acima, embora ela sempre, ao chegar no cume, rolasse montanha abaixo reiniciando o sofrimento. Em outras palavras, existem lutas que se arrastam há décadas e a sociedade ainda não conseguiu concluir, a exemplo da devastação dos madeireiros na Amazônia, das denúncias às mineradoras que aniquilam os rios e lençóis freáticos, a insanidade da pesca dos navios baleeiros, o crime de exploração de petróleo no Ártico, ou ainda, mais perto de nós, a sanha desenfreada de empreiteiros na devastação dos cinturões verdes urbanos.
Com o problema da seca que atinge os principais mananciais das grandes metrópoles do país, o governo atual acredita que a única ajuda que pode vir do céu é a chuva. De desculpinha em desculpinha, o programa espacial brasileiro empacou novamente após a revogação, em julho de 2015, do decreto do Projeto comum Brasil-Ucrânia Cyclone 4, e depois desses países terem investido (?) algo em torno de um bilhão de reais. A dependência tecnológica dificulta o sensoriamento remoto de regiões degradadas em imagens captadas por satélites e o gerenciamento meteorológico, monitorando o avanço ilegal da produção agrícola de culturas de sobrepasteio como a degradação da caatinga, a desertificação pela monocultura comercial (cana e soja principalmente) e a agonia lenta da floresta amazônica. A palavra mais utilizada de quem não sabe planejar e depende da sorte proveniente da incompetência e corrupção, é contingência. As contingências mudaram (e não foram ao menos pensadas), assim pede-se mais verba contingencial para ações emergenciais de uma acomodação plena. Mudar esse método de desgoverno é tão encorajador como ensinar música a um macaco.
Com o corte de 70 bilhões de reais do Orçamento por conta do ajuste fiscal, é nítido que a contrapartida é uma dívida pública que não para de crescer; de 2004 a 2013 seu crescimento foi de 8,98% aa., ao passo que o PIB cresceu no mesmo período 3,64% aa.. É a cobra que engole o próprio rabo, isto é, o superávit primário serve apenas para aumentar e rolar a própria dívida de um governo que massacra a educação, a pesquisa, saúde, ciência e tecnologia, e sabe-se lá o que mais. O mercado já assinala aos investidores que o risco Brasil está aumentando, uma vez que agencias de classificação rebaixaram a nota de crédito do país em moeda estrangeira (BBB- para BB+, Austin Rating). O significado disto, não só para a recuperação da credibilidade econômica como para investimentos necessários que só trazem seus resultados no longo prazo, é o caos na gestão imediatista que se instala nas decisões de mentalidade e prazo curtos.
Márcio Bambirra Santos
Administrador e Economista. Professor doutor no CEFET-MG
Administrador e Economista. Professor doutor no CEFET-MG
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