segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Recuperação de áreas degradadas na Caatinga
Trata-se de uma técnica que utiliza as relações já existentes na natureza, a partir da busca de associações mais eficientes entre bactérias fixadoras de nitrogênio, fungos micorrízicos e plantas da família das leguminosas. O projeto de recuperação de áreas degradadas na Caatinga começou em 2009, no Estado do Rio Grande do Norte, em parceria com a Universidade Federal Rural do Semi-Árido e a Fundação Guimarães Duque, utilizando como base a tecnologia de recuperação de solos já desenvolvida pela Embrapa e aplicada em outras regiões do País.
A tecnologia, desenvolvida pela Embrapa Agrobiologia, pretende fazer com que o ambiente degradado pela ação humana seja novamente incorporado ao bioma, recuperando funções do ecossistema original, como cobertura do solo, alimento e abrigo para animais.
A fim de recuperar a Caatinga original e manter o equilíbrio do ecossistema, são plantadas espécies nativas, como a jurema preta, a jurema branca, o sabiá e o jucá. Para contribuir com esse processo, é feita a inoculação de mudas com bactérias fixadoras de nitrogênio e fungos micorrízicos. Os fungos aumentam a capacidade da planta de retirar água e nutrientes do solo, deixando-a mais resistente, enquanto as bactérias possibilitam que ela use o nitrogênio existente no ar.
Como resultado do projeto, a Embrapa Agrobiologia lançou o “Manual para recuperação de áreas degradadas por extração de piçarra na Caatinga”. A publicação aborda todas as etapas do projeto, como, por exemplo, a produção de mudas de espécies florestais com potencial de uso na revegetação dessas áreas, os aspectos práticos para a recuperação de jazidas de extração de piçarra, incluindo o ordenamento e a preparação da área, a aplicação de solo superficial e o plantio de mudas.
Segundo o pesquisador Alexander Silva de Resende, inicialmente estão sendo recomendadas 11 espécies florestais nativas da Caatinga, das quais 7 são leguminosas fixadoras de nitrogênio e que apresentaram resultados muito satisfatórios para as condições avaliadas. Alexander afirma ainda que a tecnologia será testada em outras condições de degradação na Caatinga e apresenta grande potencial para ser replicada em outras situações do bioma.
A Caatinga ocupa cerca de dez por cento do território nacional e é uma das áreas mais sujeitas à desertificação no Brasil, segundo o Ministério do Meio Ambiente. É formada por solos rasos e pedregosos, com ocorrência de pouca chuva, concentrada apenas em uma época do ano, e seca que pode durar de quatro a oito meses. Esse bioma tem perdido suas características devido ao uso irracional das atividades socioeconômicas, que vão desde a exploração de madeira para combustível e a extração de piçarra para aterramento nas jazidas de petróleo e na construção civil até a substituição da vegetação nativa por práticas agrícolas não apropriadas.
da redação do Nordeste Rural

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