sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

O parto múltiplo é vantagem ou desvantagem para o criador
A prolificidade, ou as crias multiplas, é uma medida importante para determinar a eficiência produtiva e reprodutiva de um rebanho. Dependendo do sistema de produção, prolificidade alta pode ser benéfica. Os benefícios dos partos múltiplos são o aumento da produtividade, diminuição do intervalo de geração e aumento da taxa de desfrute de um rebanho.
Em sistema extensivo, em que os animais são criados soltos e com pouco cuidado, alta prolificidade não é desejável, uma vez que a taxa de mortalidade é alta”, afirma o pesquisador. Ele explica que neste caso, é preferível que haja partos simples em que a cria nasça com maior peso e tenha maiores chances de sobrevivência. Além disso, em sistema extensivo, a presença de partos múltiplos gera maiores dificuldades para a matriz amamentar as crias devido à baixa disponibilidade de alimento, principalmente na época seca.
O principal problema  com as crias de parto múltiplo é o peso inferior e a fragilidade destes animais, que terão dificuldade de se alimentar -  podem sofrer competição com as crias maiores - e estarão mais sujeitos a pisoteio e ataques de predadores. Assim, a tendência é maior índice de mortalidade.
Uma cabra da raça Anglo Nubiana, do rebanho da Embrapa Caprinos e Ovinos, em Sobral, no  Ceará, teve um parto múltiplo de cinco cabritos. Segundo especialistas, a raça é conhecida pela elevada prolificidade, é a quantidade de cabritos nascidos por cabras paridas, mas um parto quíntuplo é menos comum.
De acordo com o pesquisador Kleibe Moraes, o aparecimento de partos múltiplos em caprinos acontece bastante, principalmente duplos e triplos. “No rebanho de caprinos da raça Moxotó da Embrapa, mais de 55% dos partos são duplos ou triplos. Partos quádruplos e quíntuplos são menos comuns, principalmente quando não há indução de ovulação com monta natural. No rebanho de Anglo Nubiano da Embrapa, raça que apresentou parto quíntuplo, a prolificidade média é de 1,8 cabritos/parto/fêmea”, explica.
Os caprinos são os mais prolíficos entre os ruminantes domesticados e os fatores que interferem na prolificidade desses animais são a raça, idade da matriz, ordem do parto e estado nutricional. Nas raças mais prolíficas o número médio de animais nascidos vivos pode superar 2 cabritos/fêmea/parto. Um caso excepcional é o da raça chinesa Jining Grey goat, em que o número médio de crias chega a 2,94 cabritos/parto/fêmea.
Estudo realizado recentemente na Embrapa com os caprinos da raça Moxotó, demonstrou que, em média, as crias de parto duplo e triplo nascem, respectivamente, 15% e 35% mais leves que os de parto simples. Observou-se que parte desta diferença pode perdurar até a idade de abate do animal. Neste caso, é necessário analisar se rebanhos com maior taxa de partos múltiplos são economicamente viáveis, levando-se em consideração maiores taxas de mortalidade, maior tempo para atingir peso para abate ou idade à primeira gestação e os custos com cuidados adicionais com as crias e a matriz, quando comparado com rebanho com maior taxa de partos simples.
Para a mãe são necessários cuidados com a nutrição, fornecendo alimento em quantidade e qualidade, quando os animais se amamentam na fêmea. No caso de partos com mais de três animais, o ideal é a redistribuição das crias com outras fêmeas para que não haja competição entre eles e não sobrecarregue a cabra. Em sistemas de produção intensivos, as crias são amamentadas de forma artificial, sendo separadas das mães após o nascimento. Assim, essas fêmeas requerem apenas os cuidados normais para que tenham uma boa lactação. 
da redação do Nordeste Rural

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