sexta-feira, 6 de julho de 2018

Brasil pode entrar numa crise de armazenamento da safra

armazenamento em silosNo Brasil o déficit de armazenagem já bate a casa de 80 milhões de toneladas, o que aponta que o paisl não tem onde guardar mais de um terço de sua produção agrícola. Hoje, essa defasagem representa para o país a perda de mais de 2 bilhões de reais por ano no mercado de grãos. E a situação pode ficar mais grave porque segundo estimativa de maio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra brasileira de grãos de 2018 superará, novamente, suas projeções iniciais.
Até o momento, o resultado deve ser o segundo maior da história, com previsão de mais de 232 milhões de toneladas, ganho de 1,3% em relação ao relatório do mês anterior. Além disso, a estimativa para a área plantada, que antes era de 61,5 milhões de hectares, cresceu 1,1% em relação ao ano passado. Ainda de acordo com as perspectivas, os maiores volumes serão de soja e de milho, seguidos pelo feijão, que correspondem a mais de 200 milhões de toneladas.
No entanto, ao mesmo tempo em que os produtores comemoram a colheita, também se preocupam com a armazenagem adequada dos grãos produzidos. O principal gargalo da cadeia produtiva nacional de grãos ainda está no setor de armazenagem. Neste contexto, um levantamento feito pela Kepler Weber, líder em projetos completos para armazenagem e beneficiamento de grãos, mostra que a região Norte possui mais de 5,5 milhões de toneladas de déficit de armazenagem.
Ainda de acordo com o levantamento, alguns fatores colaboram para prejudicar os produtores, como é baixa a capacidade de armazenagem nas propriedades rurais, o produtor é forçado a  comercializar e escoar suas safras na época de preços mais baixos e de fretes mais caros; no Brasil, as fazendas possuem apenas 16% da capacidade de armazenagem, o que sobrecarrega o transporte e a armazenagem intermediária em épocas de colheita, além de elevar a demanda de estocagem nos portos.

O resultado disso é que na época das colheitas dos grãos, os preços pagos aos produtores sofrem um achatamento acentuado, decorrente da alta dos valores dos fretes, das filas de caminhões nas rodovias e da demora prolongada para embarques nos portos. Além disso, armazenar a safra em terceiros tem custos, que variam entre 9% e 12% do valor do total estocado.

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