segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Maior safra da história estoura capacidade de armazenamento nos Estados Unidos



Maior safra da história estoura capacidade de armazenamento nos Estados Unidos


Mesmo que os Estados Unidos lotem todos os seus silos, ainda faltaria espaço para armazenar a super-safra que o país está colhendo em 2016. A estimativa é de que a produção atinja, aproximadamente, 500 milhões de toneladas, contando somente soja e milho. Se os estoques acumulados do último ano forem postos na balança, vai faltar armazém para tanto grão, algo que os norte-americanos não veem desde a década de 1980.
O balanço mais recente do USDA, o Departamento de Agricultura dos EUA, foi divulgado em setembro e apontava estoques de 118,3 milhões de toneladas, incluindo o trigo. A capacidade de armazenagem total está em torno de 615 milhões de toneladas.
Para Shannon Textor, porta-voz do Iowa Corn, instituição que representa os produtores de milho do estado, o país não deve ter grandes problemas para estocar a produção recorde. “Os nossos agricultores investiram em infraestrutura nos últimos anos, quando os preços estavam bons”, diz.
Mas, conforme a safra avança, os produtores já se organizam. Ao mesmo tempo em que a colheita alcança 61% para o milho e 76% para a soja, não é raro encontrar o cereal em estoques improvisados, na beira da estrada. Algo ainda mais comum no Corn Belt, onde os silos estão mais pressionados, como observou a Expedição Safra em praticamente todos os estados pelos quais passou durante mais de uma semana (Winsconsin, Illinois, Minnesota, Iowa e Indiana). Segundo o USDA, a região responde por 51,6% da produção do país, mas detém “apenas” 44,5% do potencial total de armazenamento, forçando os produtores a despejar o milho onde dá.
De acordo com o economista Fred Seamon, da Bolsa de Chicago, esse tipo de estoque não chega a ser incomum, mas, neste ano, fica mais perceptível. “O milho tem uma durabilidade maior, pode ser estocado no chão por um longo período de tempo sem perder a qualidade”, explica. “Mas é algo temporário, os produtores estão mantendo as instalações livres para outras commodities [mais sensíveis ao tempo], como a soja”, complementa. Ainda assim, a posição dos norte-americanos é relativamente confortável, já que a super-safra teria onde ficar e a demanda segue aquecida.
EUA x Brasil
Outro diferencial dos norte-americanos é que, além de numerosos, os silos estão localizados próximos às fazendas, o que diminui custos. Para efeito de comparação, no Brasil, a capacidade total de armazenagem não chega 80% da safra prevista para 2016/2017, ficando na casa de 165 milhões de toneladas. Além disso, há o gasto com transporte – ou “estocar o frete”, já que os silos geralmente ficam mais afastados, perto dos portos.

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