Produtores nordestinos começam a exportar o algodão colorido para a Europa
Redação Nordeste Rural
O algodão colorido, produzido no semiárido nordestino, agora virou artigo de primeira para a moda internacional. No Assentamento Margarida Maria Alves, a 100 km da capital João Pessoa (PB), quinze famílias de assentados cultivam o algodão colorido que vira peças de luxo para o mercado externo. Segundo a estilista Francisca Vieira, presidente da Associação da Indústria do Vestuário da Paraíba (Aivest-PB) e do grupo Natural Cotton Color, o perfil do consumidor das peças de algodão colorido é um público consciente e com alto poder aquisitivo, que se preocupa com a origem do produto que consome.As coleções são exportadas para a França, Itália, Espanha, Alemanha, Japão, Estados Unidos e países escandinavos. Este mês de abril, o algodão colorido produzido no Semiárido estará presente na feira “1.618 Luxo Sustentável”, em Paris. O evento seleciona as melhores iniciativas voltadas para o consumo sustentável ao redor do mundo.
Para atrair esse público exigente, Francisca Vieira aposta no design. “Nosso produto não é simplesmente uma peça regional. Nós temos um design arrojado, que usa a intervenção do artesanato em função da moda”, define. Para diversificar as cores disponíveis, a estilista lança mão de tingimentos naturais à base de cascas e folhas de plantas como cajueiro, mangueira e barbatimão.
O cultivo de algodão colorido orgânico é uma das principais fontes de renda do Assentamento Margarida Maria Alves, situado no município de Juarez Távora. A área de 18 hectares não chega a aparecer nas estatísticas oficiais de produção do algodão no Brasil, mas chama a atenção do mundo da moda sustentável por ser uma alternativa ao sistema de produção tradicional com alto uso de insumos e de água.
O algodão é certificado pela Associação de Certificação Instituto Biodinâmico (IBD) e a partir do próximo ano receberá o selo de certificação orgânica participativa, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o que representará uma redução dos custos de produção, tendo em vista que o produto será avaliado pelos próprios agricultores, com a supervisão da Superintendência Federal da Agricultura no Estado da Paraíba.
O algodão é beneficiado no próprio assentamento na miniusina descaroçadora desenvolvida pela Embrapa para os pequenos produtores de algodão. A máquina separa a semente da fibra; a semente fica no assentamento para o próximo plantio e para alimentação animal; e a fibra segue para a indústria de fiação em Campina Grande e João Pessoa e, depois, para teares mecânicos rústicos que ainda existem em diversos municípios paraibanos.
Neste ano, foram colhidos cerca de cinco mil quilos de fibra, negociada antecipadamente com a Associação da Indústria do Vestuário da Paraíba a R$ 10,00 o quilo. Como já nasce colorida, a fibra dispensa o uso de produtos químicos para tingir o tecido e economiza 83% de água no processo de acabamento da malha, em comparação com os tecidos coloridos artificialmente.
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