segunda-feira, 19 de maio de 2014

VIDA DE CAMPONÊS NO SERTÃO

ESSA É A LIDA NO SERTÃO
DESSE CABOCLO ROCEIRO
QUE ACORDA DE MADRUGADA
NO NORDESTE BRASILEIRO
LOGO AO CANTAR DO GALO
TREPADO AINDA NO POLEIRO

DEITADO EM UMA REDE
NO ALPENDRE DA FAZENDA
ACORDO AO RAIAR DO SOL
CHAMO LOGO MINHA PRENDA
QUE FERVE LIGEIRO UM CAFÉ
MELHOR DO QUE ENCOMENDA

DEPRESSA ENCHO OS POTES
COM ÁGUA DO CACIMBÃO
BOTO MILHO PARA OS PORCOS
RACHO A LENHA DO FOGÃO
COM UM MACHADO AFIADO
BOM DE CORTAR MOURÃO

TIRO LEITE DAS VACAS
PRINCESA, BAIANA E ANDORINHA
PRA FAZER QUEIJO DE COALHO
NA PRENSA DA COZINHA
O RESTO FAÇO COALHADA
PRA TOMAR DE MANHÃZINHA

LOGO DEPOIS VOU BUSCAR
O JUMENTO NO CERCADO
BOTO UM PAR DE CAÇOAR
E SAIU PARA O ROÇADO
EM BUSCA DO FEIJÃO
QUE POR MIM FOI PLANTADO

A MULHER FICA NO TERREIRO
DA PORTA DA COZINHA
ALIMENTANDO OS BICHOS
PATO, PERU E GALINHA
E AINDA PEGA UM GUINÉ
PRA JANTAR DE TARDEZINHA

LOGO QUE VOLTO DA ROÇA
COM O JEGUE CARREGADO
DE FEIJÃO, MILHO E ARROZ
OS CAÇOAR VEM SOCADO
O JUMENTO CHEGA PEIDA
COM ESSE PESO DANADO

BOTO O LEGUME NOS SILOS
DEPOIS DE TER APANHADO
A COLHEITA DO INVERNO
QUE POR MIM FOI PLANTADO
COM MEDO DE DAR O BICHO
E FICAR TUDO ESTRAGADO

ASSIM MEU CABOCLO
É A VIDA NO SERTÃO
PEÇO QUANDO EU MORRER
NÃO ME TIRE DESSE CHÃO
SOU UM PURO SERTANEJO
MORO NESSE LUGAREJO
ADORO ESSE TORRÃO
NESSA TERRA FUI CRIADO
QUERO AQUI SER ENTERRADO
ISSO É DESEJO DE JATÃO.


TEXTO: JATÃO VAQUEIRO

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