Mudanças no Atlântico animam meteorologistas
Publicado Marcelo Abdon
Foto: Magnus Nascimento
Maio é o mês do “agora ou nunca” no interior do estado – principalmente para as regiões central e oeste. As previsões mais recentes da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn), apresentadas ontem em reunião do Comitê de Combate à Seca, apontam que este mês é decisivo quanto à chegada de precipitações “normais”. A expectativa ainda é positiva, apesar de, segundo o último levantamento pluviométrico da Emparn apontar que pelo menos 95 municípios do Estado ainda estão em situação “muito seco” e outros 36 “seco”.
Apesar de ter chovido mais de 400 milímetros em pelo menos 50 municípios do Estado, a situação ainda é preocupante, principalmente quanto ao abastecimento de água para o consumo humano. “Se não tivermos boas chuvas até meados de maio, não teremos em junho e julho. O que pode acontecer acontecerá agora”, prevê o meteorologista-chefe da Emparn, Gilmar Bistrot. “Todos sabemos que o primeiro semestre é da produção, e a água já está garantida. Vemos o pasto verdinho. Mas o segundo semestre é para o consumo, principalmente para os grandes reservatórios”, acrescentou.
Entretanto, de acordo com Bistrot, a possibilidade é que as chuvas realmente cheguem a partir da segunda metade de maio – principalmente no Alto Oeste potiguar – ocasionado “janela de chuvas” que chegou ao RN no final de abril. O fenômeno, é ocasionado por uma oscilação 30-60 dias – uma propagação de uma onda atmosférica ao longo do globo terrestre e em torno do Equador, formando nuvens que chegam até o nordeste brasileiro. “Tivemos uma janela que recuperou abril já no fim, principalmente na região de Mossoró e no Seridó”, comentou Bistrot.
De acordo com ele, durante o final de abril e início de maio também houve uma pequena variação de temperatura dos oceanos Atlântico Norte – que esfriou – e Atlântico Sul, que esquentou. “Essa pequena variação de 1,8 ºC dá a ideia de um inverno dentro da normalidade. Quanto mais aquecido o Atlântico Norte, menor a possibilidade de chuva para o Nordeste”, comentou. Isso porque o esfriamento possibilita a manutenção da Zona de Convergência Intertropical, principal sistema meteorológico que resulta em precipitações na região.
De acordo com o último boletim da Companhia de Águas e Esgotos do RN (Caern), 12 cidades do interior, localizadas no Alto Oeste e no Seridó, ainda estavam em situação de colapso no abastecimento de água. As mais críticas são Pau dos Ferros e Caicó, que ainda não estão sendo abastecidas por carros pipa.
“A situação é preocupante. Tudo é previsão. Se chove, desmancha tudo e garantimos o abastecimento. Se não, só em julho teremos uma posição sobre como será o abastecimento no segundo semestre”, comentou Ricardo Varela, gerente técnico da companhia.
Gilmar Bistrot ainda acrescenta que, mesmo com as chuvas previstas para maio, não vai ser possível preencher os maiores reservatórios do estado, como a Armando Ribeiro Gonçalves. “Estamos no limite de um colapso, é preciso ter alternativas. A chuva normal não garante o abastecimento de todos os reservatórios; somente dos menores é possível ter certeza”, concluiu o meteorologista. (Tribuna do Norte)
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