sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Assentados paraibanos celebram os 90 anos de um dos ícones da reforma agrária no Brasil





Mais de duas mil pessoas representantes de assentamentos, sindicatos rurais, ONGs, estudantes de escolas da zona rural e universidades participaram das festividades de aniversário dos 90 anos de idade de Elizabeth Teixeira, um dos principais símbolos da luta pela reforma agrária na Paraíba e no Brasil.

A solenidade foi realizada no Memorial da Ligas Camponesas, no último dia 13 de fevereiro, em Sapé, no futuro assentamento Barra de Antas, a 60 quilômetros de João Pessoa, onde Elizabeth vivia com seu marido, o líder camponês João Pedro Teixeira, assassinado em 1962, quando lutava por terra e dignidade de trabalhadores do campo.

A programação contou com apresentações de estudantes de escolas de assentamentos, corais, cantores, cantadores e orquestra, além da presença de um filho e netos da aniversariante.

Durante a programação, estudantes e assentados realizaram apresentação com cartazes e faixas mostrando resultados da reforma agrária, como por exemplo educação no campo, produção de 170 toneladas de produtos agroecológicos por semana, em todo o estado, habitação popular e dignidade para as famílias.

A família foi reunida para o evento, pela Comissão da Verdade que ajudou na organização da programação. “João Pedro sabia que iria morrer. Todos os dias ele me dizia isso. Mas, a luta dele deu fruto. Espero que a reforma agrária cumpra, de verdade, o seu papel que é dar terra a quem precisa”, disse Elizabeth Teixeira. 

Elizabeth, que é chama no meio rural de “mulher marcada para viver”, uma alusão contrária ao filme “Cabra marcado pra morrer”, que conta a história do marido dela, é muito admirada entre os assentados. Mesmo com o assassinato do marido, ela ainda continuou com a luta liderada por ele, até que foi presa pela ditadura militar. Depois que foi solta teve que morar em outro estado usando nome falso, durante 17 anos, para escapar da perseguição. 

Para o superintendente regional do Incra/PB, Cleofas Caju, a festa mostrou que a luta pela terra na Paraíba, tem uma história muito viva e Elizabeth é uma das sobreviventes que servem de exemplo para os trabalhadores. 

Situação da fazenda Barra de Antas

A luta pela fazenda Barra de Antas, que tem 503 hectares, teve início com João Pedro Teixeira há 60 anos. No ano passado, uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) colocou fim ao mais longo conflito de terra no país. Uma disputa que provocou ameaças de morte, vários despejos e assassinatos de líderes camponeses, a exemplo de João Pedro Teixeira. Ele foi morto numa emboscada em abril de 1962. A história de luta dele foi retratada no documentário "Cabra marcado para morrer", de Eduardo Coutinho. 
Com a decisão do STF, de que a fazenda poderia ser desapropriada, o Incra deu início aos procedimentos administrativos visando a posse definitiva do imóvel.

Assessoria de Comunicação Social – Incra-PB

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