Pressão agrícola na inflação deve arrefecer
O choque agrícola provocado pelo tempo seco em outubro continua repercutindo sobre os preços no atacado, mas o efeito se aproxima do fim, afirmou o superintendente adjunto de inflação da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros.
"Já há indicações de que escassez de chuvas já não é mais tão acentuada", disse ele, que espera uma suavização da inflação em dezembro.
No mês passado, o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) acelerou a 1,14%, com pressões vindas de soja (5,81%), milho (13,45%) e bovinos (6,35%).
O reajuste dos combustíveis também contribuiu para impulsionar os preços no atacado, tanto do diesel quanto de gasolina. Mas esses impactos devem diminuir no mês.
No caso dos produtos agropecuários, a estiagem de outubro já foi precificada pelos produtores e a tendência é uma estabilização no patamar atual. "Não vai cair [o preço] porque ficou a dúvida se a escassez de chuvas deixou sequelas em termos de produtividade do grão. Então, não existe uma conjuntura propícia para a queda de preços", frisou Quadros.
Uma eventual redução dos grãos deve ser esperado apenas para janeiro e fevereiro, com a colheita.
Já o aumento dos bovinos deve se transmitir ainda a outros estágios da cadeia. No frigorífico, as carnes bovinas subiram 5,49% em novembro, enquanto a carne suína avançou 5,89%. Esses aumentos podem continuar nas próximas semanas.
O impacto dos combustíveis também deve se dissipar. Em novembro, o diesel subiu 4% e a gasolina, 2,4%, incorporando quase a totalidade dos reajustes praticados pela Petrobras desde 7 de novembro nas refinarias (5% no diesel e 3% na gasolina).
O impacto restante, portanto, resultará em altas menores do que as registradas no índice divulgado sexta-feira. (DCI)Postado por: Marcelo Abdon
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