sexta-feira, 1 de junho de 2018

Preço mínimo do frete vai encarecer produtos no mercado interno

Avaliação é de produtores e da indústria, que reclamam por não terem participado da discussão sobre valores de transporte

colheita-soja-grao-MATOPIBA (Foto: Ernesto de Souza/Ed. Globo)
A definição de um frete mínimo rodoviário - um entre vários itens oferecidos pelo governo ao movimento de caminhoneiros -, vai resultar no aumento dos custos de produção e consequentemente aumentar os preços de alimentos. É como avaliam representantes do setor agrícola brasileiro, principal usuário do transporte rodoviário do país.
O entendimento é de que o estabelecimento de um preço mínimo para o frete (proposto por meio da Medida Provisória 832/2018) fere o princípio de livre mercado e prejudica a competitividade dos produtores rurais, especialmente aqueles que produzem commodities e exportam parte da colheita. Entidades como a Associação Brasileira de Agronegócio (ABAG), Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE), Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Associação Nacional das Indústrias Exportadoras de Sucos Cítricos (CitrusBR) endossam essa análise.
Já os itens destinados ao consumo interno, como hortaliças, devem ser comercializados com o custo do frete maior embutido no preço final. Ou seja, quem vai pagar a conta é o consumidor.
“Nossa entidade não concorda com essa medida. Os produtores invariavelmente pagam a conta dos custos de transporte, descontados nos preços da soja”, afirma o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Bartolomeu Braz Pereira
Cálculos iniciais estimam um impacto entre 15% e 30% no custo para a cadeia produtiva, segundo informa o Instituto Pensar Agro (IPA) que integra a Frente Parlamentar (FPA). “O produtor de hortaliças não conseguirá absorver o aumento do custo e o repassará ao consumidor. Já no caso do mercado exportador, os grandes compradores internacionais negociam sempre onde o preço estiver melhor. Se no Brasil a soja ficar mais cara, eles passam a comprar dos Estados Unidos. Por isso, para não perder mercado, o produtor rural será obrigado a pagar a conta”, analisa Paulo Sérgio Aguiar, produtor de algodão de Mato Grosso e integrante do IPA.
Outro motivo de insatisfação para o setor agropecuário é o fato de que os produtores rurais não foram chamados a participar da mesa de negociações que define os novos valores para os fretes. A tabela com preços mínimos foi divulgada na tarde desta quarta-feira (30/5) pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

A Presidência informou que a tabela da ANNT apresenta "os preços mínimos referentes ao quilômetro rodado na realização de fretes, por eixo carregado". Ainda de acordo com o Planalto, os valores dos fretes estabelecidos pela agência são válidos até 20 de janeiro de 2019. Os valores serão atualizados no ano que vem.

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