quarta-feira, 25 de março de 2015

Barragem Subterrânea: uma opção de sustentabilidade para o semiárido do Nordeste


imagem Foto: FAÉ, Veramilles Aparecida
A Barragem Subterrânea é uma tecnologia que vem sendo implementada em vários estados do Nordeste que consiste, essencialmente, na utilização de uma lona plástica que desce no solo a profundidades de 3 a 5 metros, em valas que são cavadas pelos próprios trabalhadores em regiões declivosas de suas plantações. Desta forma, como a água não escorre para o lado a jusante da barragem por ficar retida (‘barrada’) na lona, o solo a montante da barragem fica umedecido durante todo o ano, tornando-se apto para o cultivo. Além disso, existe um sangradouro para quando ocorrem fluxos de água acimas do esperado, o que permite que esta água adicional seja acumulada a jusante da barragem na forma de poços. A ideia da barragem, portanto, é que, em áreas de instabilidade hídrica, como é o caso do semiárido brasileiro, a água das poucas chuvas que ocorrem durante o ano fiquem concentradas no interior do solo a montante desta lona (barragem), de forma que a umidade do solo permita o cultivo de subsistência durante todo o ano, inclusive em períodos de escassez de chuvas. A tecnologia é de domínio público e algumas pesquisas com barragem subterrânea vêm sendo desenvolvidas desde a década de 80. Algumas destas pesquisas, conduzidas pela Embrapa, permitiram a incorporação de melhorias (a utilização de lonas plásticas, em vez de pedras, é fruto destas pesquisas) e faz com que a Embrapa mantenha-se reconhecidamente na fronteira do conhecimento no que diz respeito à utilização desta tecnologia. A Embrapa Solos engajou-se no estudo das barragens subterrâneas por meio da execução de projetos de PD&I que abordam o tema da captação e retenção de água de chuva, e seus impactos na propriedade e na vida dos agricultores em cinco estados do Nordeste brasileiro: Bahia, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Ceará. É uma pesquisa com visão holística e participativa, onde a valorização do saber local é determinante. Recentemente, a tecnologia também passou a ser adotada, com bons resultados, no município de Quissamã/RJ (interior do estado do Rio de Janeiro), que também sofre com instabilidade hídrica durante o ano. 

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