quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Criadores reclamam de baixo estoque e um leilão de mais 12,38 mil toneladas de milho é previsto para sexta-feira (10)

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) começou, na segunda-feira (6), a venda de 4,6 mil toneladas de milho em grãos para os pequenos, médios e grandes agropecuarista do Rio Grande do Norte. Nesta sexta-feira (10) está previsto o leilão de mais 12,38 mil toneladas, mas o superintendente do órgão, João Maria Lúcio, admite que a demanda é muito maior, cerca de 25 mil toneladas/mês, “dependendo do plantel de animais de cada criador”, em relação ao rebanho de caprinos, ovinos, bovinos e equinos, além de aves, porcos e outros animais.
Por conta de uma queda de energia elétrica na segunda-feira (6), segundo João Maria Lúcio, a Conab atrasou a venda do milho em grãos, o que começou, na manhã de ontem, com o restabelecimento do serviço de energia elétrica e a entrada em funcionamento do sistema on line de emissão de nota fiscal, baseado no programa de informática usado pela Companhia – X-FAC.
Em virtude da pouca oferta de milho, a Conab limita a venda da saca de 60 quilos do milho a 1,8 toneladas para atender os pequenos criados, principalmente aqueles situados no sertão, que abrange a maior parte do Polígono das Secas, o equivalente a mais de 90% da área do Estado.
O presidente da Associação Norteriograndense de Criadores (Anorc), Antonio Teófilo de Andrade Filho, disse que a oferta do milho da Conab, “é realmente muito menor do que o necessário”, diante das dificuldades que os criadores estão tendo para alimentar o rebanho por conta da seca que entrou para o terceiro ano: “De qualquer maneira é um alento”.
Antonio Teófilo afirmou que em algumas regiões do Estado ainda existe pasto natural para os animais, que tende a acabar com o prolongamento da estiagem. O mais grave, segundo ele, é a falta de água, o que tende a piorar com a aproximação do fim do ano, “se não chover em dezembro, o que acho difícil”.
Gado dizimado
O criador e jornalista da área do agronegócio, Marcelo Abdon, explicou que por conta da seca o rebanho bovino no Rio Grande do Norte vem sendo dizimado a cada ano e não chega, agora, a 500 mil cabeças de gado. Marcelo Abdon disse que no ano passado, alguns criadores ainda tentaram mandar gado para o Centro-Oeste do país, a fim de não perder todo o rebanho, mas como o Rio Grande do Norte ainda não era considerado um estado livre de aftosa, com vacinação, o gado não pode sair do Estado.
Abdon afirmou que no começo do junho o governo declarou o Estado livre de aftosa, mas ai já havia começado o inverno, embora com uma precipitação abaixo de 35% da média anual, o que permitiu o crescimento do pasto em algumas regiões, principalmente na área litorânea e agreste do Rio Grande do Norte.
A procura por milho da Conab em Natal são mais de criadores da região Leste/Agreste, como é o caso da criadora Verônica Batista Silva, que veio de Passagem, município a 69 quilômetros da capital: “A gente esperava há seis meses pela liberação dos estoques de milho”.
Verônica Silva estava comprando 60 sacas ou 960 quilos de milho ao preço de R$ 23,00 - “para alimentar ao menos uma vez por dia” uma criação de 300 aves, 15 cabeças de gado, 15 de porcos e dez de ovelhas.
Segundo ela, a oferta do milho da Conab diminui um pouco as dificuldades, ocasionadas pela seca e também pelo preço que estava sendo obrigada a adquirir aos atravessadores. “Eu comprava a saca de milho em Brejinho a R$ 55,00, baixou para R$ 35,0u R$ 45,00, mas o preço ainda era alto”, disse.
O marido dela, Ivan Tavares, explicou que a criação começou há uns três anos, mas está engordando só animais “para vender no fim do ano”, embora para alimentar os animais, a família compra farelo de trito para triturar com o milho e aumentar o estoque diário de comida para rebanho.

 
Fonte: Tribuna do Norte

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