O campo está bombando
Por *Sebastião Nascimento
Um fato está diretamente relacionado com o outro. A agropecuária brasileira fechou o ano de 2013 com um Valor Bruto de Produção (VBP) de de R$ 430 bilhões, salto de 11,3% na comparação com 2012. Somente o valor da produção da pecuária chegou a R$ 144 bilhões, ou 11,7% acima do apurado no ano anterior. Já o VBP das lavouras emplacou R$ 286 bilhões, crescendo 11% em relação a 2012.
O desempenho do agronegócio foi considerado "excelente" por João Cruz, chefe da Assessoria de Gestão Estratégia do Ministério da Agricultura.
Concordo com ele sem tirar nem por, e vou além: uma boa reportagem do Estadão no último domingo mostra a falta de mão de obra especializada no Brasil. E, no campo, particularmente, a situação é ainda mais crítica devido à modernização do setor num cenário de globalização. Já em 2011 eu contei a estória de um grande sojicultor que não tinha trabalhador qualificado para conduzir uma de suas possantes e caras colheitadeiras. É por este motivo que cursos técnicos pululam aí pelo interiorzão do país. Podem ir lá conferir. Tem cidade como Sinop, no norte de Mato Grosso, que não tinha nenhuma faculdade há 10 ou 15 anos. Hoje tem mais de 10.
Em resumo, quero dizer que o campo "tá bombando". É comum eu encontrar nos aviões com destino ao Centro-Oeste, ao Norte e outras regiões, jovens veterinários, zootecnistas, agronômos, engenheiros, cheios de planos e esperanças por conta do emprego garantido lá no meio da poeira. É ou não razão para comemorar? Que a política econômica do país deixa a desejar, é manca, não tenho dúvidas, mas não concordo com aqueles "que querem jogar o bebê fora junto com a água".
Leitores, vejam bem, esse cenário promissor é o que meus olhos testemunham nas andanças e também o que capto em conversas com os maiores pecuaristas e agricultores do Brasil.
Tem mais: é sabido que todo ano falta caminhão para transportar as colheitas gigantescas. É o caos. Pode piorar, pois os jovens não estão interessados em se tornar caminhoneiros, mostrou também a reportagem do Estadão.
Portanto, agora vai faltar caminhão... e caminhoeiro.
É o velho Brasil, mas que a coisa caminha bem, isso caminha.
*Sebastião Nascimento, editor de Globo Rural, tem mais de 30 anos de jornalismo agropecuário.
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