E se o inverno não chegar?
Ivanúcia Lopes/ Jornal de Fato
Foto: Gildo Bento |
A situação que já estava difícil pode piorar. Depois de uma das maiores secas dos últimos 50 anos, a estiagem tem chances de prevalecer em 2014, complicando ainda mais a realidade crítica vivida em várias cidades do Rio Grande do Norte. A informação foi apresentada por meteorologistas do Nordeste no XVI Workshop Internacional de Avaliação Climática para o Semiárido Nordestino. O prognóstico apresentado aponta a seguinte condição: chuvas acima da média 25%; em torno da média 35% e abaixo da média 40%.
A
informação teve tanto impacto que o Comitê da Seca do Rio Grande do
Norte estará reunido na tarde de hoje (23) para analisar os dados e as
alternativas de convivência com a estiagem, caso a previsão se cumpra.
Em
entrevista concedida a Intertv Cabugi, o secretário de agricultura do
estado, Tarcísio Bezerra, afirmou que embora a previsão não seja
animadora, é menos pessimista do que a previsão de dezembro de 2013. Mas
se a estiagem se prolongar o secretário declarou que será traçado um
planejamento junto ao Comitê da Seca para dar assistência aos
agricultores e produtores do estado, com ênfase nos projetos já
iniciados, como a Barragem de oiticica, e as adutoras de engate nas cidades de Jucurutu, no Seridó, e de Pau dos Ferros, no Alto Oeste.
O
secretário de Agricultura do estado informou ainda que na tarde de
ontem (22), aproveitando a presença da presidenta Dilma para a
inauguração da Arena das Dunas, a governadora Rosalba Ciarlini entregou
uma solicitação formal de recursos para a instalação de 764 poços
perfurados no estado.
Embora com as grandes chances de estiagem, o secretário
Tarcísio Bezerra manifestou esperança de que a nova previsão, marcada
para 17 de fevereiro, traga boas notícias. Nesse caso, ele adiantou que
Estado já dispõe das sementes que serão distribuídas com os agricultores
e está negociando com os bancos a disponibilidade financeira para o
plantio da cultura de subsistência.
A PREVISÃO
Para
chegar à previsão, meteorologistas dos estados do Nordeste, além de
especialistas do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), do Centro
de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), do Ministério da
Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e de institutos dos Estados Unidos
(IRI) e Reino Unido (UK Met Office) analisaram condições termodinâmicas
dos oceanos Pacífico e Atlântico, condições da atmosfera e previsões de
modelos atmosféricos globais, para avaliação prévia do período chuvoso
nestes próximos três meses.
Gilmar
Bistrot, meteorologista da Emparn presente na reunião, disse que para o
RN a maior probabilidade é de chuvas normais, entre 200 mm a 300 mm
descentralizadas nas regiões do estado. “A previsão não é conclusiva por
definitivo. São dados que ainda podem apresentar evolução”, explica.
Apesar
da previsão “um pouco otimista” em relação aos dois anos anteriores,
2012 e 2013, o volume de chuvas “pode não resolver o problema e
recuperar os reservatórios do estado”. Para agricultura de subsistência,
as chuvas podem ser suficientes, mas “não será suficiente para os
mananciais”, afirma Bistrot.
Devido
as previsões, e a situação atual dos mananciais e abastecimento de
água, o Governo do Estado deverá estabelecer um planejamento para
prolongamento do uso da água.
NÍVEL DOS RESERVATÓRIOS
Os
principais reservatórios do RN estão em alerta. Em Pau dos Ferros, o
volume do principal reservatório está com 6% da capacidade, e
aproximadamente 80% da população está tendo que comprar água para
consumir.
Em
Caicó, o Itans está em 11,24% da capacidade. A Barragem Engenheiro
Armando Ribeiro, maior represa de água do Rio Grande do Norte, se
encontra no pior nível desde sua construção, em 1983, 34,28% de sua
capacidade.
No
início de janeiro a Caern iniciou um programa de racionamento nos
municípios abastecidos pela adutora Arnóbio Abreu, que atende aos
municípios de Paraú, Triunfo Potiguar, Campo Grande, Janduís e Messias
Targino. Os moradores dessas cidades estão com água nas torneiras em
dias alternados.
Jornal de Fato
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