terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Melancia Crioula

Polinização manual recupera a qualidade da melancia crioula no semiárido
O plantio de melancia é uma tradição das pequenas propriedades rurais no semiárido brasileiro. São as chamadas melancias crioulas, que são próprias para o consumo das famílias dos agricultores. O problema com esse plantio começou a surgir quando houve um crescimento do cultivo de melancia forrageira, usada para compor a base de alimentação dos rebanhos na época da seca.
O que acontece, é que a atividade polinizadora de insetos como as abelhas nas flores dos dois cultivos acabam levando genes dominantes das forrageiras para as crioulas. O resultado é a geração de frutos híbridos com características próprias das melancias destinadas ao consumo dos animais: de casca amarelada, polpas mais amargas e duras.
Uma maneira encontrada pelos pesquisadores para proteger a melancia crioula da contaminação por variedades forrageiras segundo a pesquisadora Rita de Cássia Souza Dias, da Embrapa Semiárido, em Petrolina, no sertão de Pernambuco, é um manejo simples, barato e acessível a todos os agricultores.
A pesquisadora da Embrapa recomenda que seja feita a polinização manual. Segundo Rita de Cássia, o sistema produtivo agroecológico pode ser aplicado com um método simples: o agricultor fixa a uma pequena estaca uma garrafa pet cortada ao meio e com pequenos furos no fundo. Com esse objeto, cobre as flores masculinas e femininas das melancias crioulas. Esse procedimento deve ser realizado um dia antes da abertura delas, o que acontece até 32 dias depois do plantio.
No dia seguinte, quando as flores se abrem, o agricultor retira com as mãos a flor que fornece o pólen e encosta levemente nas pétalas femininas. Após isso, torna a cobrir por mais dois dias a flor geradora do fruto, cuja base é mais arredondada.
Rita de Cássia explica que o agricultor pode aplicar esse mecanismo em até dez pares de flores. Assim, no próximo plantio, terá sementes livres da influência de genes forrageiros. “Se métodos como esse não forem aplicados, corre-se o risco das famílias se obrigarem a recorrer às variedades comerciais das melancias de mesa, mais exigentes de adubos e insumos químicos que encarecem a produção”, observa a pesquisadora.

Nenhum comentário: