Segundo Evandro, a ideia é consolidar núcleos de excelência em produção no estado, favorecendo práticas como a certificação de produtos, a organização e diversificação dos mercados e o melhoramento genético. No caso deste último, com propostas como feiras agropecuárias e linhas de crédito específicas para animais testados em programas de melhoramento animal. Ele tomou como exemplo a Nova Zelândia como país que, apesar da quantidade do rebanho ter diminuído nas últimas décadas, tem mantido a boa produtividade e os altos níveis de exportação, tendo o melhoramento genético como um dos fatores para este sucesso.
“O Ceará tem rebanhos, tem diversidade genética, tem conhecimento para fazer isso e se fizer, vai exportar produtos para o mundo” afirmou ele, sobre o potencial para que o estado desenvolva os programas de melhoramento, que podem resultar em vantagens como a oferta de reprodutores e matrizes testados, de maior produtividade e resistência a doenças. Para Evandro, a agenda estadual deve ter preocupação com muitos desafios, como a necessidade de fortalecimento da inspeção sanitária, a diminuição de consumo entre o jovem urbano, o preconceito contra produtos de caprinos e ovinos. Ele ressaltou, porém, que há oportunidades se criando com a tentativa de melhor organização do setor produtivo (da qual a criação da Câmara Setorial seria um exemplo) e as potencialidades de produtos como os lácteos funcionais e as carnes, que podem ser inseridos em mercados socialmente construídos e em circuitos gastronômicos ligados ao turismo e a festividades em diversas regiões do estado.
Evandro tomou como referência, também, o crescimento do Centro-Oeste como produtora de ovinos no Brasil: há a perspectiva de que em 2020 a região passe do terceiro para o segundo maior rebanho de ovinos no país, passando de 7% para 22% do total nacional. Mais que o crescimento, para ele, é importante observar que alternativas a região adotou para crescimento da produtividade. “A tendência é que o Centro-Oeste e também o Sul reduzam custos de produção, regularizem oferta e melhorem a qualidade dos produtos”, afirmou ele.
Evandro apresentou, ainda, indicadores para evidenciar a importância das cadeias da caprinocultura e da ovinocultura no Ceará. “O estado é hoje o terceiro maior produtor de ovinos no Brasil, atrás somente do Rio Grande do Sul e Bahia, e tem três regiões entre as dez de maior densidade de rebanho por território”, exemplificou, acrescentando que as duas atividades movimentam hoje 77 mil estabelecimentos rurais no estado, ocupando 322 mil pessoas.
A proposta da Embrapa será avaliada pela Câmara Setorial, como subsídio para criação de um projeto de desenvolvimento das atividades que deverá ser encaminhado ao Governo do Estado e ao Banco do Nordeste. Segundo o presidente da Câmara, Amílcar Silveira, a contribuição da Embrapa é fundamental para que as tecnologias possam chegar ao setor produtivo, em um trabalho conjunto com as entidades de assistência técnica e extensão rural. Esta foi a primeira reunião de trabalho da Câmara após sua criação, que aconteceu no dia 1º de outubro deste ano. A Embrapa é uma das entidades participantes.
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