Economia mundial: as incertezas continuam (Final)-Artigo
Dando sequência aos principais
pontos ou incertezas que o FMI aponta para a economia mundial em 2017
(ver comentário da semana passada), a partir de seu relatório anual
“Perspectivas Econômicas Mundiais”, temos o Ponto 8. O mesmo indica um
único aspecto positivo que seria, talvez, a possibilidade de uma pequena
melhora nos países emergentes e em desenvolvimento, a começar pelo
Brasil e a Rússia, os quais poderão iniciar uma saída da recessão. Ponto
9: o crescimento da China deverá continuar a recuar, passando de 6,6%
em 2016 para 6,2% em 2017, mas o conjunto dos emergentes poderá assistir
a uma melhoria com a média passando a 4,2% em 2016. Ponto 10: todavia, ¾
da progressão do PIB mundial dependerá dos países emergentes
(especialmente China e Índia), o que sempre é uma incógnita, pois o
problema é que as perspectivas destes países são desiguais e geralmente
mais difíceis do que em anos passados. Ponto 11: o motor emergente pode a
qualquer momento diminuir, sob efeito de um reposicionamento chinês, de
tensões geopolíticas, e da fraqueza da demanda junto aos países ricos.
Ponto 12: por enquanto, necessário se faz reconhecer que os remédios
empregados para combater a crise mundial, iniciada em 2007/08, são, na
melhor das hipóteses, insuficientes (na pior, ineficazes). Ponto 13: o
FMI, diante de tais constatações, já admite que o apoio da atividade
econômica pela via orçamentária – os Estados gastarem mais – é
indispensável desde que as margens de manobra existam. Ponto 14: os
governos estão igualmente sendo chamados a consertar os balanços dos
bancos e realizar as reformas estruturais até hoje não realizadas.
Todavia, esse esforço, para ser mais eficaz, deve ser coordenado entre
os grandes países, algo que não se está conseguindo concretizar. Ponto
15: enfim, se os Estados agirem pouco e muito tarde, o perigo é de o
mundo deslizar para uma “estagnação secular”. Esta perspectiva se torna
cada dia mais tangível, particularmente junto a certos países
desenvolvidos. Afora esses 15 pontos, o mundo aumentou sua preocupação
com a solvência do sistema bancário em geral e europeu em particular. A
crise do Deustche Bank (principal banco privado da Alemanha), cujo
balanço representa quase o PIB da Itália e mais de 10% do PIB da Zona
Euro, pode carregar junto todo o sistema financeiro em um efeito dominó.
Há riscos igualmente em bancos do Portugal e da Itália, além da maioria
de pequenos e médios bancos que, obrigados a fazerem grandes provisões
em razão da enorme inadimplência (inclusive no Brasil), se encontram em
dificuldades. E pensar que muita gente subestimou a crise mundial, assim
como subestima a brasileira.
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