sábado, 2 de julho de 2016

Microrganismos da planta do maracujá podem combater praga que ataca a plantação

Bacteriose no maracujáA praga conhecida como Bacteriose do maracujá já pode ser combatida com microrganismos da própria planta do maracujá. Para combater a praga, uma bactérias encontradas na própria planta pode ser a solução para uma doença que provoca até 30% de perdas a fruticultores: a bacteriose do maracujá. Ao isolar organismos da superfície das folhas (filoplano), cientistas os testaram no combate à doença e conseguiram reduzir sua severidade em até 40%. A bacteriose provoca lesões nas folhas e deixa os frutos impróprios para consumo e pode exigir a eliminação total do pomar em caso de surto.
“Selecionamos os melhores isolados, e quisemos saber como essas bactérias exerciam o controle, ou seja, o modo como elas atuam”, conta Bernardo Halfeld Vieira, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, que desenvolve a pesquisa com os colegas Alessandra Ishida, da Embrapa Amazônia Oriental, e Daniel Schurt, que atua na Embrapa Roraima.
A doença costuma ser controlada pelo uso de produtos químicos (cúpricos) e do antibiótico casugamicina. Porém, com aplicações recorrentes, o microrganismo causador adquire resistência rapidamente. “Por não termos cultivares resistentes a essa doença disponíveis no mercado, o produtor acaba utilizando produtos químicos para o seu controle, sendo muitas vezes pouco eficientes, de custo elevado e ecologicamente não adequado”, afirma Daniel Schurt. Outro agravante é que a bactéria é transmitida pela semente e está presente em abundância nos locais de cultivo. “Oferecer uma alternativa de controle à mancha-bacteriana traz vantagens para toda a cadeia produtiva do maracujá”, diz Alessandra Ishida.

Utilizar microrganismos nativos contra microrganismos patogênicos à própria planta é uma estratégia interessante, segundo explica Halfeld Vieira. Por essas bactérias nativas serem adaptadas à planta de onde foram retiradas, espera-se que elas tenham maiores chances de se estabelecer na cultura e exercer seu papel de controle da doença, explica o pesquisador. “Desse modo, se pressupõe que as bactérias selecionadas utilizam algum mecanismo de antagonismo ou atuam por indução de resistência, desfavorecendo o patógeno”, detalha. “Após diversos estudos, concluímos que as bactérias selecionadas competem por fontes de nitrogênio e ferro, e, com isso, a bactéria que causa a doença tem sua capacidade de infecção reduzida”, complementa.

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