quarta-feira, 23 de março de 2016

Seca castigará sertão potiguar pelos próximos três meses, diz Emparn

Efeitos poderão ser nocivos até mesmo no Litoral, segundo meteorologistas.
Dados foram divulgados em encontro de meteorologistas do Nordeste.

Sérgio Henrique SantosDo G1 RN
Seca que assola o interior do Rio Grande do Norte vem causando a morte de muitos animais e prejuízos para economia do estado (Foto: Anderson Barbosa/G1)Seca deve castigar o sertão potiguar nos próximos
três meses (Foto: Anderson Barbosa/G1)
O Sertão Potiguar sofrerá com os graves efeitos da seca nos próximos três meses, de abril a junho deste ano. O clima continuará a castigar Agreste, Sertão, Oeste e até mesmo a Região Metropolitana de Natal. Os dados foram divulgados durante um encontro de meteorologistas de toda a Região Nordeste realizado na sede da Agência Pernambucana de Águas e do Clima (Apac), no Recife, no final da manhã desta terça-feira (22). A Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn) enviou representante para a reunião. A previsão é válida para os próximos três meses.
O fenômeno El Niño, no Oceano Pacífico, é um dos motivos para a redução das chuvas no período. Outro fator é a diminuição das temperaturas da água no Oceano Atlântico. "Esses dois fatores tem influência na incidência de chuvas na Região Nordeste. O fenômeno El-Niño não diminuiu como nós meteorologistas esperávamos, e as temperaturas no Atlântico continuam baixas", explica o meteorologista Gilmar Bristot, da Emparn.

Ainda segundo o meteorologista, os efeitos poderão ser nocivos até mesmo no Litoral Leste do Rio Grande do Norte, região que tradicionalmente não é afetada pela seca, dada a regularidade de chuvas. "No litoral costuma chover com regularidade até o mês de agosto. No Litoral Leste, as chuvas já serão abaixo do normal a partir do mês de maio".
No caso do Rio Grande do Norte, a incidência de chuvas de maneira geral será "um pouco melhor" do que no ano passado. "Porém, não será suficiente para recuperar os prejuízos à agricultura. Entre abril e maio as chuvas serão abaixo do normal. A situação é muito ruim", avalia Bristot.
Com previsão de poucas chuvas em todo o Nordeste brasileiro, a Apac divulgou que as temperaturas também deverão se elevar, sobretudo, no período da tarde. No entanto, a Agência Pernambucana alerta para a possibilidade de precipitações, de moderadas a fortes. A previsão é válida inclusive para o Rio Grande do Norte.
Reservatórios
Ontem (21), o Instituto de Gestão de Águas (Igarn) divulgou o último balaço dos níveis dos reservatórios que o órgão monitora em todo o Rio Grande do Norte. A análise aconteceu entre os dias 19 e 21 de março e chegou ao dado de 14 dos nossos reservatórios estão em volume morto (29,77%), já outros 11 (23,40%) estão secos.
O número de açudes que chegarão a volume morto até junho de 2016 subiu para 7 enquanto os que vão perdurar até dezembro de 2016 são 6. Em 2017 oito açudes deverão entrar em volume morto sendo 5 no primeiro semestre e três no segundo.
Se as chuvas mantiverem no nível em que estão no atual momento apenas um reservatório deverá manter-se até 2019, sendo ele o de Santa Cruz do Apodi que hoje tem 179,6 milhões de metros cúbicos, 29,95% dos 600 milhões de metros cúbicos totais da sua capacidade.
O maior reservatório do estado, a Barragem Armando Ribeiro Gonçalves que tem uma capacidade de 2,4 bilhões de metros cúbicos, entretanto hoje ela tem apenas 19,81% de sua capacidade, o que significa 475,4 milhões de metros cúbicos.
Seca prolongada
Por causa da seca, o governo do Rio Grande do Norte renovou, por mais 180 dias, a situação de emergência no qual se encontram 153 dos 167 municípios do estado – o equivalente a 91,6% das cidades potiguares. A estiagem histórica é considerada a pior dos últimos 100 anos, e assola o sertão potiguar desde 2011. A prorrogação do decreto também foi publicada nesta terça-feira (22), no Diário Oficial do Estado. Este é o terceiro decreto, sendo o segundo de renovação.
O decreto também cita alguns dos prejuízos causados pela longa estiagem. De 2012 a 2015, por exemplo, o estado perdeu mais de 135 mil cabeças de gado. Já no período entre 2012 e 2014, ainda segundo o documento, houve uma redução de 65,79% na produção de grãos (milho, arroz, feijão e sorgo).
Açude na cidade de Campo Grande secou e matou todos os peixes (Foto: Aldair Dantas)Açude na cidade de Campo Grande secou e matou todos os peixes (Foto: Aldair Dantas)
   

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