O avanço da tecnologia para aumentar a produtividade na recria
Desmamar um animal mais pesado proporciona ao criador maior remuneração, caso ele venda os animais para propriedades de recria, ou reduzirá a idade de abate, se o pecuarista realizar o ciclo completo. No Brasil, é comum a prática de três etapas para a produção de boi gordo, do nascimento até o momento do abate: fase de cria, recria e engorda.Um grande número de propriedades faz o ciclo completo, enquanto outras realizam duas ou somente uma das fases. Na fase de cria, o peso a desmama é um índice zootécnico essencial para mensurar a eficiência da propriedade. Nos últimos anos, avanços tecnológicos, como a genética e a nutrição animal, possibilitaram o incremento no peso a desmama dos bezerros.
No momento atual, caracterizado pelo elevado valor da arroba do bezerro, é fundamental maximizar o ganho de peso desta categoria animal. Em fazendas que se preocupam com tal categoria, não é incomum observar bezerros desmamados acima de 210 kg, aos oito meses de idade.
Para obtenção deste índice, normalmente vacas permanecem em pastos com boa oferta e qualidade de forragem, o que permite nascimentos no início do período chuvoso. Algumas propriedades adotam o sistema de alimentação privativa, popularmente conhecido como creep-feeding. Neste sistema, bezerros normalmente recebem um suplemento proteico/energético, que propicia ganho adicional de aproximadamente uma arroba até a desmama.
Estes bezerros, no pós-desmama (fase de recria), representam o principal desafio para os pecuaristas. Dentre os motivos, que explicam esta afirmação, estão: estresse “emocional” da separação, estresse pela mudança de ambiente e, principalmente, déficit nutricional.
O déficit nutricional é decorrente do momento da desmama, o qual coincide com o início do período seco, caracterizado pela menor oferta e qualidade das forragens. Infelizmente, em muitos casos, os animais desmamados são conduzidos para os piores pastos da propriedade, visto que as melhores áreas normalmente são destinadas aos animais já em fase de engorda.
Portanto, assim como ocorre nas demais fases da criação, é necessário estabelecer um plano nutricional para a fase de recria. Esta fase contempla duas estações (seca e águas) e, normalmente, tem duração de 12 meses. O pecuarista precisa estabelecer quantas arrobas os animais ganharão neste período. Para maximizar o uso da terra, são necessárias pelo menos seis arrobas em 365 dias. Algumas propriedades estabelecem metas de sete arrobas, no mesmo período.
Se a meta for seis arrobas na recria, considerando seis meses de estação seca e necessidade de ganho de 30 a 45 kg de Peso Vivo no período, os animais precisarão ganhar, respectivamente, 165 e 250 g/dia. Já na estação chuvosa, nos seis meses consecutivos, é necessário atingir de 135 a 150 kg de Peso Vivo no período, o que corresponderá a 750 e 830 g/dia, respectivamente.
Para o cumprimento destas metas, no período seco, é fundamental a suplementação, pelo menos, com um proteinado de baixo consumo , com no mínimo 30% de Proteína Bruta. No entanto, se o ganho de peso esperado for superior a 45 kg em 180 dias, é recomendado o fornecimento de um suplemento proteico/energético com pelo menos 30% de Proteína Bruta, cujo consumo irá variar de 2,0 a 3,0 g/kg de Peso Vivo.
No período das águas, visando ganho de peso superior aos tradicionais 500 g/dia, é fundamental o fornecimento de um suplemento que além de minerais, forneça proteína e energia. Estes suplementos, preferencialmente composto de proteína verdadeira (farelos), propiciam ganhos diários adicionais próximos de 300 g/dia, a partir de um consumo de 1,5 a 2,0 g/kg de Peso Vivo. Em função da maior qualidade da forragem, não há necessidade de se trabalhar com suplementos com teor de proteína bruta superior a 20%.
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