Seca no RN reduz produção e exportação de melão e outras frutas
Carro-chefe da fruticultura no Rio Grande do Norte e responsável pela maior fatia de tudo que o Estado exporta em termos de frutas frescas, o melão produzido em solo potiguar – assim como as demais culturas irrigadas – está passando por maus bocados em decorrência da seca prolongada. Depois de três anos de chuva abaixo do normal no RN, os aquíferos nas regiões produtoras estão secando e a consequência é a redução de áreas plantadas e de produção. Os números já mostram um reflexo disso: comparando os primeiros semestres de 2013 e 2014, a exportação de melão caiu 15%, percentual que deve se manter até o final do ano. O desempenho é explicado pela seca, mas também pelo fato de o mercado doméstico, com preços favoráveis, ter absorvido mais produção.
“Muitas fazendas tiveram que parar a produção e também tivemos que diminuir as áreas de plantio. Vamos fechar 2014 com uma média de 15% a menos nas exportações”, disse Luiz Roberto Barcelos, presidente do Comitê Executivo de Fruticultura do RN (Coex) e sócio-diretor da maior produtora e exportadora de melões do Brasil, a Agrícola Famosa, empresa que atua no Rio Grande do Norte e no Ceará. Segundo ele, a seca já está afetando a produção de frutas no RN.
A estimativa de queda na exportação se refere apenas ao melão, que, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC, teve uma redução nas vendas para o mercado externo de 7,32 % no comparativo dos oito primeiros meses de 2013 e 2014. Ainda segundo esses números, também houve queda na exportação de banana (-12,39 %), castanha de caju (-5,19 %) e melancia (-12,0 5%).
Luiz Roberto Barcelos reconhece que a situação passou de preocupante à crítica. “Nos poços tem havido um rebaixamento muito grande de água. Na região de Baraúnas (cidade vizinha a Mossoró), o aquífero tem baixado mais de um metro por semana. Já estamos numa situação bastante difícil. Não podemos mais pensar em incremento de área. Pelo contrário. Estamos pensando em diminuir, porque não sabemos se, com o volume de água que os poços estão produzindo hoje, vamos terminar a safra”, diz.
De acordo com ele, a área plantada de melão no RN está reduzida a 5.500 hectares (em 2011, eram 8.000, segundo pesquisa do Ibraf – Instituto Brasileiro de Frutas. E a quantidade de empregos que a atividade gera na região de Mossoró – 6.000 – também já foi bem maior: 24.000 (dados do Instituto Nacional da Produção Industrial).
Diante do atual quadro, Barcelos defende a necessidade de se criar uma infraestrutura hídrica mais independente da chuva. “Temos que ter transposição de rios, barragem, distritos de irrigação, pois já está provado que se tivermos água, temos como desenvolver a região com a fruticultura, que é o melhor veículo para diminuir as diferenças sociais que estão no semi-árido”.
O empresário já teve reuniões com o Ministro da Integração Nacional (Francisco José Coelho Teixeira) e com a presidente Dilma Rousseff, levando pleitos nesse sentido. “A gente tem que aprender a conviver com a seca. E não tem outro jeito a não ser investindo nessa infraestrutura”, concluiu. (Tribuna do Norte)
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