ISSO NÃO PODE ACONTECER NUM PAÍS QUE AINDA TEM MISÉRIA
A cena descrita acima foi registrada pela reportagem na manhã da última quinta-feira, dia 24, mas ocorre todos os dias na Centrais de Abastecimento do Rio Grande do Norte (Ceasa-RN). Cosme Régis é apenas um dos catadores que vão ao local atrás dos alimentos que são desperdiçados corriqueiramente. A Ceasa-RN é palco de um fenômeno que acontece em todo o mundo.
De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), anualmente, é desperdiçado 1,3 bilhão de tonelada de alimentos em todo planeta. O montante corresponde a 30% de tudo o que é produzido no mundo e causam perdas econômicas, como também tem impacto significativo nos recursos naturais dos quais a humanidade depende para se alimentar. Ainda de acordo com a pesquisa da Embrapa, aproximadamente 10% do alimento jogado fora se perde ainda no campo. O maior desperdício, 50%, ocorre no transporte e manuseio.
No Brasil, segundo estimativas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), aproximadamente 26,3 milhões de toneladas de alimentos têm o lixo como destino final. No Rio Grande do Norte, não há dados estimados que apontem o tamanho do nosso desperdício. No entanto, alguns números revelam a complexidade do problemas.
Os cochos para porcos também é local de destino para os alimentos que são desperdiçados em um restaurante popular localizado no bairro do Alecrim. Lá, diariamente, são vendidas 1.200 refeições. Mas boa parte da comida acaba sendo jogada aos porcos. “A quantidade que é desprezada varia a cada dia. Depende muito do cardápio. Quando é uma comida que não agrada, as pessoas deixam muito no prato. No fim do expediente, um senhor passa aqui e recolhe o que não foi consumido”, explica a nutricionista Daniela Matias.
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