Suplementação de bovinos melhora produtividade durante período de seca
EMBRAPA
Durante
o verão amazônico, entre junho e setembro, produtores rurais da região
enfrentam dificuldades para alimentar o rebanho, devido ao baixo
desempenho da pastagem. A ausência de chuvas limita a oferta de capins,
interfere na qualidade da dieta bovina e reduz o desempenho produtivo do
rebanho. Fornecer alimentação suplementar é uma estratégia eficiente
para manter o padrão nutricional dos animais e evitar prejuízos na
atividade pecuária.
Estudos comprovam que na época das chuvas pastagens bem manejadas são capazes de proporcionar boas condições de nutrição a rebanhos condicionados a uma dieta a pasto, requerendo apenas reposição mineral. Já no período da seca, os níveis de proteína, energia e vitaminas ficam reduzidos na pastagem, implicando a necessidade de realizar reposição nutricional por meio de estratégias alimentares capazes de suprir tanto deficiências qualitativas como quantitativas de nutrientes na forragem.
Segundo o pesquisador da Embrapa Acre, Maykel Sales, a época de estiagem varia nas diferentes regiões brasileiras e na Amazônia ocorre entre junho e setembro. A seca afeta a capacidade de crescimento e o vigor do capim, torna a pastagem mais fibrosa e a forragem menos nutritiva. “Nesse período, uma dieta restrita ao pasto geralmente resulta em perda de peso dos animais, queda na produtividade e na taxa de fertilidade do rebanho, além de aumentar a predisposição a doenças entre outros fatores que interferem na produção. As práticas suplementares permitem manter o gado bem alimentado, saudável e produtivo, independente da duração e intensidade da estiagem”, afirma.
Tecnologias para o gado leiteiro
Para pequenos e médios rebanhos leiteiros entre as principais estratégias de suplementação alimentar indicadas pelas pesquisas para melhorar a alimentação dos animais no período da seca, três se destacam como alternativas tecnológicas eficientes, de baixo custo e fácil adoção. As capineiras, pequenas áreas cultivadas com gramíneas de elevado potencial de produção de forragem, mantidas próximas ao curral, são a primeira opção de alimento suplementar devido à sua praticidade e importância estratégica na manutenção da qualidade alimentar do rebanho.
Cortado e triturado, o capim é fornecido como alimento verde no cocho e contribui para uma dieta rica em proteína e outros nutrientes. “É importante optar por espécies forrageiras adaptadas as condições de clima e solo e realizar o plantio e o manejo das plantas de acordo com recomendações da pesquisa. Esses cuidados ajudam a aproveitar ao máximo o potencial da forragem, em termos de quantidade e qualidade de nutrientes”, orienta Sales.
Uma segunda opção de suplementação na produção de leite é a mistura de cana-de-açúcar com ureia, considerada importante fonte de energia e proteína para o gado. Geralmente no auge da seca, quando as capineiras já estão com a qualidade do capim reduzida e a cana apresenta maior teor de açúcar, o produtor rural lança mão dessa alternativa. “Embora apresente teor energético elevado, a cana possui apenas 2% de proteína, muito aquém da necessidade mínima diária da dieta bovina, que é de 7%. A ureia é a fonte de proteína mais viável no mercado”, diz
Sales explica que o uso dessa mistura na alimentação bovina é uma alternativa eficiente na suplementação do rebanho, mas exige cuidados com a dosagem recomendada e com a adaptação dos animais para evitar a intoxicação. “O ideal é utilizar um quilo de ureia para cada 100 quilos de cana, mas, antes, deve-se diluir o produto em quatro litros de água. Também se recomenda não utilizar ureia pura para a mistura. Para cada nove quilos do produto deve-se adicionar um quilo de sulfato de amônia. A recomendação de consumo da mistura é de 15 quilos por animal/dia, correspondente a 50% da sua necessidade de alimento a depender da disponibilidade de pasto na propriedade”
Outra alternativa, conforme o pesquisador, são os bancos de proteínas, locais de cultivo de espécies leguminosas destinados ao pastejo controlado dos animais, geralmente por um tempo médio de três horas diárias. Por serem estratégicas para a produção bovina, essas áreas devem ser mantidas de forma contínua na propriedade, para consumo do gado a qualquer tempo, mas é durante a seca que essa tecnologia tem maior impacto na alimentação do gado, em virtude da escassez e da redução dos teores proteicos da forragem.
Diversas espécies leguminosas são recomendadas para a formação de bancos de proteínas em estados amazônicos, como o amendoim forrageiro, estilosantes campo grande, puerária, leucena e feijão guandu. No Acre, as mais utilizadas são a puerária e o amendoim forrageiro. “Palatáveis e de fácil digestão, essas plantas apresentam elevado teor de proteína e são resistentes ao encharcamento, característica dos solos da região. Além disso, possuem alta capacidade de fixação biológica de nitrogênio, aspecto que melhora a fertilidade do solo e facilita a sua manutenção”, diz Sales.
Alternativas para o rebanho de corte
Os pecuaristas que atuam na produção de carne podem fazer uso de tecnologias como a silagem e os sais proteinados como complemento à dieta bovina. A primeira alternativa, mais recomendada para rebanhos de elevado padrão genético, consiste em triturar a planta inteira, com as espigas para armazenagem de forragem para uso nos meses de estiagem. Uma das culturas mais utilizadas para produção de silagem é o milho, devido à facilidade de cultivo, alto rendimento e qualidade da silagem produzida. Em algumas regiões, outras culturas, como sorgo, também podem ser viáveis.
Como o processo de produção de silagem envolve mecanização da terra para plantio da lavoura e muita mão-de-obra, da colheita ao fechamento do silo, o custo dessa estratégia de suplementação alimentar é elevado em relação a outras alternativas, mas o retorno compensa o investimento. “Quando bem feita, o seu valor nutritivo é bem superior ao da forragem verde, garantindo alimento de qualidade para o gado”, diz Sales.
Já os sais proteinados, indicados tanto para manutenção quanto para ganhos elevados de peso, a depender do nível de fornecimento e formulação, de modo geral, são enriquecidos com fontes de energia como milho e sorgo e de proteína, como os farelos de soja, algodão, trigo, entre outros e ureia. Esse suplemento concentrado possui custo elevado, mas por ser fornecido em quantidades estratégicas e apresentar grande eficiência no ganho de peso dos animais compensa o investimento.
Independentemente do tipo de atividade, a adoção de práticas de alimentação suplementar requer planejamento. “É importante que o produtor planeje esse aporte alimentar com base na quantidade de animais a serem alimentados e considerando aspectos climáticos, características do solo, condições das pastagens e a necessidade nutricional do rebanho. Esses cuidados são essenciais para a adoção de métodos eficientes e viáveis economicamente”, ressalta o pesquisador.
Estudos comprovam que na época das chuvas pastagens bem manejadas são capazes de proporcionar boas condições de nutrição a rebanhos condicionados a uma dieta a pasto, requerendo apenas reposição mineral. Já no período da seca, os níveis de proteína, energia e vitaminas ficam reduzidos na pastagem, implicando a necessidade de realizar reposição nutricional por meio de estratégias alimentares capazes de suprir tanto deficiências qualitativas como quantitativas de nutrientes na forragem.
Segundo o pesquisador da Embrapa Acre, Maykel Sales, a época de estiagem varia nas diferentes regiões brasileiras e na Amazônia ocorre entre junho e setembro. A seca afeta a capacidade de crescimento e o vigor do capim, torna a pastagem mais fibrosa e a forragem menos nutritiva. “Nesse período, uma dieta restrita ao pasto geralmente resulta em perda de peso dos animais, queda na produtividade e na taxa de fertilidade do rebanho, além de aumentar a predisposição a doenças entre outros fatores que interferem na produção. As práticas suplementares permitem manter o gado bem alimentado, saudável e produtivo, independente da duração e intensidade da estiagem”, afirma.
Tecnologias para o gado leiteiro
Para pequenos e médios rebanhos leiteiros entre as principais estratégias de suplementação alimentar indicadas pelas pesquisas para melhorar a alimentação dos animais no período da seca, três se destacam como alternativas tecnológicas eficientes, de baixo custo e fácil adoção. As capineiras, pequenas áreas cultivadas com gramíneas de elevado potencial de produção de forragem, mantidas próximas ao curral, são a primeira opção de alimento suplementar devido à sua praticidade e importância estratégica na manutenção da qualidade alimentar do rebanho.
Cortado e triturado, o capim é fornecido como alimento verde no cocho e contribui para uma dieta rica em proteína e outros nutrientes. “É importante optar por espécies forrageiras adaptadas as condições de clima e solo e realizar o plantio e o manejo das plantas de acordo com recomendações da pesquisa. Esses cuidados ajudam a aproveitar ao máximo o potencial da forragem, em termos de quantidade e qualidade de nutrientes”, orienta Sales.
Uma segunda opção de suplementação na produção de leite é a mistura de cana-de-açúcar com ureia, considerada importante fonte de energia e proteína para o gado. Geralmente no auge da seca, quando as capineiras já estão com a qualidade do capim reduzida e a cana apresenta maior teor de açúcar, o produtor rural lança mão dessa alternativa. “Embora apresente teor energético elevado, a cana possui apenas 2% de proteína, muito aquém da necessidade mínima diária da dieta bovina, que é de 7%. A ureia é a fonte de proteína mais viável no mercado”, diz
Sales explica que o uso dessa mistura na alimentação bovina é uma alternativa eficiente na suplementação do rebanho, mas exige cuidados com a dosagem recomendada e com a adaptação dos animais para evitar a intoxicação. “O ideal é utilizar um quilo de ureia para cada 100 quilos de cana, mas, antes, deve-se diluir o produto em quatro litros de água. Também se recomenda não utilizar ureia pura para a mistura. Para cada nove quilos do produto deve-se adicionar um quilo de sulfato de amônia. A recomendação de consumo da mistura é de 15 quilos por animal/dia, correspondente a 50% da sua necessidade de alimento a depender da disponibilidade de pasto na propriedade”
Outra alternativa, conforme o pesquisador, são os bancos de proteínas, locais de cultivo de espécies leguminosas destinados ao pastejo controlado dos animais, geralmente por um tempo médio de três horas diárias. Por serem estratégicas para a produção bovina, essas áreas devem ser mantidas de forma contínua na propriedade, para consumo do gado a qualquer tempo, mas é durante a seca que essa tecnologia tem maior impacto na alimentação do gado, em virtude da escassez e da redução dos teores proteicos da forragem.
Diversas espécies leguminosas são recomendadas para a formação de bancos de proteínas em estados amazônicos, como o amendoim forrageiro, estilosantes campo grande, puerária, leucena e feijão guandu. No Acre, as mais utilizadas são a puerária e o amendoim forrageiro. “Palatáveis e de fácil digestão, essas plantas apresentam elevado teor de proteína e são resistentes ao encharcamento, característica dos solos da região. Além disso, possuem alta capacidade de fixação biológica de nitrogênio, aspecto que melhora a fertilidade do solo e facilita a sua manutenção”, diz Sales.
Alternativas para o rebanho de corte
Os pecuaristas que atuam na produção de carne podem fazer uso de tecnologias como a silagem e os sais proteinados como complemento à dieta bovina. A primeira alternativa, mais recomendada para rebanhos de elevado padrão genético, consiste em triturar a planta inteira, com as espigas para armazenagem de forragem para uso nos meses de estiagem. Uma das culturas mais utilizadas para produção de silagem é o milho, devido à facilidade de cultivo, alto rendimento e qualidade da silagem produzida. Em algumas regiões, outras culturas, como sorgo, também podem ser viáveis.
Como o processo de produção de silagem envolve mecanização da terra para plantio da lavoura e muita mão-de-obra, da colheita ao fechamento do silo, o custo dessa estratégia de suplementação alimentar é elevado em relação a outras alternativas, mas o retorno compensa o investimento. “Quando bem feita, o seu valor nutritivo é bem superior ao da forragem verde, garantindo alimento de qualidade para o gado”, diz Sales.
Já os sais proteinados, indicados tanto para manutenção quanto para ganhos elevados de peso, a depender do nível de fornecimento e formulação, de modo geral, são enriquecidos com fontes de energia como milho e sorgo e de proteína, como os farelos de soja, algodão, trigo, entre outros e ureia. Esse suplemento concentrado possui custo elevado, mas por ser fornecido em quantidades estratégicas e apresentar grande eficiência no ganho de peso dos animais compensa o investimento.
Independentemente do tipo de atividade, a adoção de práticas de alimentação suplementar requer planejamento. “É importante que o produtor planeje esse aporte alimentar com base na quantidade de animais a serem alimentados e considerando aspectos climáticos, características do solo, condições das pastagens e a necessidade nutricional do rebanho. Esses cuidados são essenciais para a adoção de métodos eficientes e viáveis economicamente”, ressalta o pesquisador.
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