quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Pesquisa confirma avanços no projeto de convivência com a Seca no Semiárido

Dona Cida, agricultora participante da pesquisa, do Alto Sertão Sergipano (Foto: https://portal.insa.gov.br)
Dona Cida, agricultora participante da pesquisa, do Alto Sertão Sergipano 
O portal do Instituto Nacional do Semiárido (www.portal.insa.gov.br) publicou o resultado de uma pesquisa participativa realizada entre 2012 e 2016, com o objetivo de “explorar se foi possível tornar realidade a proposta brasileira de Convivência com a semiaridez, e em caso afirmativo, estabelecer quais estratégias e condições contribuíram para isso”. Os territórios pesquisados foram: Médio Sertão Alagoa (AL), Sertão São Francisco-Bahia (BA), Ibiapaba-Ceará (CE), Alto Rio Pardo-Minas Gerais (MG), Borborema e Cariri Paraíba (PB), Sertão do Araripe Pernambuco (PE), Vale do Guaribas Piauí (PI), Sertão do Apodi Rio Grande Do Norte (RN) e Alto Sertão Sergipe (SE).
A pesquisa objetivou explorar se foi possível tornar realidade a proposta brasileira de Convivência com a semiaridez, e em caso afirmativo, estabelecer quais estratégias e condições contribuíram para isso. O estudo foi feito através de uma análise comparativa das transformações ocorridas em 10 territórios do Semiárido brasileiro, em dois períodos de tempo PI (1973-2001) com políticas governamentais de combate à seca e seus efeitos, versus PII (2002-2016), caracterizado pela implementação de políticas governamentais de desenvolvimento sob o conceito de convivência com a região semiárida. As variáveis e processos analisados incluíram: capital físico, acesso a infraestrutura hídrica, diversificação de sistemas de produção animal e vegetal, gestão de bens comuns, integração em espaços públicos-político organizativos e acesso às políticas públicas.
As transformações sociais e agroecológicas da revolução silenciosa
Os resultados nos 10 territórios do Semiárido brasileiro mostraram mudanças significativas entre PI e PII em relação aos indicadores analisados. Em média, houve uma melhoria significativa no acesso à infraestrutura de água (+33%), diversificação de sistemas de produção (animais +36% e vegetal +61%), gestão de bens comuns (+45%), integração em espaços políticos organizativos (+24%) e acesso à politicas públicas (+29%).
A “convivência com a semiaridez” passou do conceito à ação como consequência do conjunto de transformações estruturais, agroecológicas, sociais e de manejo, em combinação com o fortalecimento de mecanismos de reciprocidade comunitária, caracterizados pela criação de reservas de recursos para uso em tempos de seca; o uso eficiente dos recursos naturais disponíveis; e a articulação, organização e momentos sinérgicos de comunicação entre os diversos sujeitos com interesses em jogo.
Os territórios estudados sofreram mudanças importantes no PII (2002-2016) relacionadas a técnicas e inovações como, por exemplo, cisternas domésticas de água de beber (Programa 1 Milhão de Cisternas – P1MC) e de cisternas de água para produção (Programa Uma Terra e Duas Águas – P1+2), plantios consorciados de culturas, inovações sociais, organização e participação em políticas públicas.

Os agricultores e agricultoras familiares do recorte da Asa Brasil, a qual atende cerca de dois milhões de famílias, segundo a pesquisa, promoveram processos de produção melhorada com base na valorização dos recursos locais (clima, solos, realidade social, gestão comunitária, etc), o uso de tecnologias apropriadas e práticas de gestão agroecológicas. Todos esses elementos provocaram um aumento das reservas de recursos que possibilitaram uma maior circulação produtiva dentro das suas propriedades.

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