terça-feira, 16 de maio de 2017

REPORTAGEM: Parceria beneficia mais de 600 agricultores na luta contra as pragas da palma forrageira

Agrônoma Marilene Moura, do Seapac, orientando os agricultores (Foto: José Bezerra)
Agrônoma Marilene orientando os agricultores 
Uma parceria envolvendo o Serviço de Apoio aos Projetos Alternativos Comunitários (SEAPAC), a Associação de Apoio às Comunidades do Campo (AACC), o Fórum Microrregional da Asa Potiguar, o Fórum de Associações, Sindicatos de Campo Redondo, Lajes Pintadas, Coronel Ezequiel e Jaçanã, da Região Trairi do Rio Grande do Norte, Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN) e Instituto de Defesa e Inspeção Agropecuária do Rio Grande do Norte (IDIARN) beneficiou 684 agricultores familiares desses 4 municípios com a distribuição de 42.500 mudas (raquetes) de palma forrageira das espécies Miúda e Orelha de Elefante.
Em Campo Redondo, 253 agricultores receberam cerca de 15 mil mudas, sendo mais de 6 mil da espécie Orelha de Elefante e mais de 8 mil da Miúda, em dois momentos. O primeiro, no dia 3 de maio, para 101 agricultores, e o segundo no dia 11, para 152; Em Lajes Pintadas, 153 agricultores receberam cerca de 9.500 mudas, sendo metade da Orelha de Elefante e metade da Miúda; Em Coronel Ezequiel, 139 agricultores receberam cerca de 9.000 mudas, sendo metade de cada espécie; e em Jaçanã, 139 agricultores receberam cerca de 9.000 mudas, sendo metade de cada espécie.
Edmundo Sinedino, da AACC, falando aos agricultores (Foto: José Bezerra)
Edmundo Sinedino, da AACC, falando aos agricultores 
Edmundo Sinedino, da AACC, disse que nesse grupo de 684 agricultores estão famílias que conquistaram as tecnologias sociais de captação e armazenamento de água de beber (P1MC) e de água para produção de alimentos (P1+2). O cultivo da palma, uma vocação da região Trairi, é uma das formas de produção de ração para manter os rebanhos, principalmente no período de estiagem.
João Maria Brilhante, da comunidade Olho D’Água, de Campo Redondo-RN, é um dos agricultores que planta palma  e produz alimentos em quintal produtivo. Ele teve a roça infestada pela Cochonilha. “Quando a praga chegou, nos arrancamos tudo e jogamos fora. Agora, estamos com novo plantio”, disse. Seu Paulino Isidro de Lima, da comunidade Malhada Vermelha, também em Campo Redondo, é outro agricultor prejudicado pela praga. “A praga apodrece a planta; cria uma cinza branca, a gente corta, mas quando nasce, já está bichada de novo. Tem que arrancar tudo”, relata.

Luta das organizações
Agricultores recebendo as palmas (Foto: José Bezerra)
Agricultores recebendo as palmas 
O trabalho é resultado de uma luta das organizações que atuam na região do Trairi junto aos órgãos do Governo do Estado, visando combater a praga da Cochonilha do Carmim nas roças de palma forrageira dos agricultores. A praga foi identificada pelo IDIARN, e constatada, em 2015, pelas organizações que atuam com o Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2). Buscaram ajuda junto à Emparn, inicialmente, que encaminhou para o IDIARN. Segundo Edmundo Sinedino de Oliveira, da AACC, a demora fez a Asa Potiguar denunciar a inércia dos órgãos para enfrentar o problema. As ações só ocorreram no início deste ano.
Edmundo Sinedino conta que efetivamente os entendimentos começaram em fevereiro deste ano. “Tivemos uma reunião com o IDIARN e, nessa conversa, fizemos uma exposição sobre os municípios que tinham as roças de palma infestadas com a Cochonilha do Carmim – Campo Redondo, Coronel Ezequiel, Jaçanã e Lajes Pintadas”, conta Edmundo. Foi convocado um encontro para discutir o que fazer para combater a praga. Nesse encontro, ocorrido em março deste ano, as organizações e os órgãos do governo traçaram a estratégia para enfrentar o problema e orientar os agricultores sobre como enfrentar o problema.
João Maria Brilhante, agricultor (Foto: José Bezerra)
João Maria Brilhante, agricultor 
Na ocasião, com a presença de representantes do IDIARN e da EMPARN, ficou decidido que haveria uma etapa de esclarecimento e orientações, visando a prevenção contra a praga. Numa segunda etapa, haveria a erradicação de palmas infestadas com a Cochonilha do Carmim e substituição do plantio por variedades resistentes a essa praga. “Foi quando a EMPARN disponibilizou cerca 40 mil folhas de palmas. Então, a Asa Potiguar, através da AACC, das associações e do SEAPAC, assumiu o levantamento da demanda e constatamos que 640 agricultores queriam receber as novas variedades da palma”, relata Edmundo.
No período de 27 de abril e 12 de maio, foi feita a distribuição das sementes de palma. Cada agricultor recebeu, em média, 60 folhas de palma, sendo 30 de cada variedade. A Emparn disponibilizou as folhas e a estrutura de transporte para a distribuição. O Seapac e a AACC entraram com a articulação e mobilização dos agricultores. Em cada encontro com os agricultores, antes da distribuição, representantes do SEAPAC, da AACC e do IDIARN orientaram sobre o cultivo das novas espécies e como proceder para combater a Cochonilha. As novas variedades podem ser afetadas pela Cochonilha de Escama, menos agressiva e que pode ser combatida usando defensivos naturais, como água de sabão e óleo.
Palma ifectada (Foto: José Bezerra)
Palma infectada com a cochonilha de escama 

Antes desse processo de distribuição das sementes das duas novas variedades de palma, houve um trabalho de visitas e reuniões nas comunidades, com presença de representantes do IDIARN, com o objetivo de orientar os agricultores sobre a praga da Cochonilha do Carmim, como identificá-la, como prevenir e como tratar. Os principais temas abordados pelo IDIARN, durante o processo, foram: “Como a praga chegou à Região do Trairi, no Rio Grande do Norte”, “Características da praga da Cochonilha do Carmim”, “Como identificá-la”, “evolução da praga”, “Formas de evitar a proliferação da praga”, “Formas de controle” e “Palmas resistentes à Cochonilha do Carmim”.

Nenhum comentário: