segunda-feira, 15 de maio de 2017

BIOTECNOLOGIA

IMAMT busca resistência ao bicudo

Geração de novas tecnologias de algodoeiro visando o controle de pragas como o bicudo
     

Em Rondonópolis, a 210 quilômetros da capital mato-grossense, um dos berços da cotonicultura no Estado, está em andamento um projeto que tem tudo a ver com o futuro da produção algodoeira. Inaugurado em março de 2016, o Centro de Treinamento e Difusão Tecnológica do Núcleo Regional Sul é sede do Laboratório de Biotecnologia, que, além de colaborar com os projetos de melhoramento de algodoeiro e soja do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAMT), participa ativamente da geração de novas tecnologias de algodoeiro visando o controle de pragas como o bicudo.


Construído por iniciativa dos cotonicultores associados à Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), o Laboratório de Biotecnologia surpreende os visitantes ao utilizar tecnologias de ponta para a realização dos projetos de Biologia Molecular e Transformação Genética.

Segundo Álvaro Salles, diretor executivo do IMAMT, o Laboratório iniciou seus trabalhos – ainda na Unidade Experimental do Instituto em Primavera do Leste (239 quilômetros ao sul do Estado) – atuando como prestador de serviços para os projetos de melhoramento do algodoeiro e da soja, conduzidos pelos pesquisadores Jean Louis Belot e Patrícia de Andrade Vilela (algodoeiro) e Alberto Boldt (soja). Esse trabalho continua sendo feito até hoje, assim como a certificação de pureza genética das sementes comercializadas pela Cooperativa Mista de Desenvolvimento do Agronegócio (Comdeagro).

"A certificação é realizada por meio de análises feitas com o uso de marcadores moleculares que atestam a pureza das cultivares IMAMT, evitando a comercialização de lotes de sementes com contaminação indesejada de tecnologias transgênicas, ou a presença de sementes sem a tecnologia pretendida", explica Leonardo Scoz, pesquisador que coordena o Laboratório de Biotecnologia.


De olho no futuro, o IMAmt dá passos a frente e se debruça sobre o projeto de Transformação Genética. Um de seus principais objetivos é a participação efetiva na geração de novas tecnologias de algodoeiro resistente ao bicudo. Essa ação faz parte de um projeto maior, realizado com o financiamento do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) e denominado Projeto de Plataforma de Pesquisa - Desenvolvimento de algodão resistente ao bicudo, que conta com a participação de pesquisadores da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (de Brasília/DF), da empresa israelense Evogene e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), entre outras instituições.

"O papel do IMAmt será a utilização de moléculas como genes e promotores, fornecidas pelos demais parceiros citados acima, para o desenvolvimento de plantas resistentes ao bicudo", informa o pesquisador Leonardo Scoz. Ele acrescenta que também caberá ao IMAmt estabelecer bioensaios com bicudo que possibilitem a seleção de plantas efetivamente resistentes à praga. "A intenção é selecionar plantas resistentes ao bicudo que possam ser levadas ao campo no longo prazo", explica. Para a realização dos trabalhos, foram instaladas estufas no Centro de Treinamento e Difusão Tecnológica do IMAmt em Rondonópolis.

"O IMAmt está trabalhando em parceria com instituições de pesquisa de ponta em diversos projetos e um dos destaques é o desenvolvimento de novas tecnologias para controle do bicudo, considerado a maior praga da cotonicultura nacional", comenta Alexandre Schenkel, presidente da Ampa. Ele lembra que a necessidade de investimentos em pesquisas para solucionar os problemas decorrentes de uma virose (a doença azul) uniu os produtores de algodão na década de 1990 e acabou dando origem à própria Ampa. "A cultura de algodão é das mais complexas e exige que a pesquisa esteja em constante evolução e sintonia com as demandas do campo, de modo a garantir uma produção de pluma com qualidade, redução de custos e responsabilidade social e ambiental".


A RAÍZ - No que diz respeito ao trabalho de melhoramento, segundo o pesquisador, a infraestrutura instalada no Laboratório de Biologia Molecular oferece a possibilidade de se analisarem milhares de plantas/amostras em poucos dias, agregando uma grande eficiência ao desenvolvimento de novos cultivares com resistência a determinadas doenças. Grande parte das plantas originadas após os cruzamentos realizados pelos melhoristas é processada e analisada geneticamente para a seleção rápida das plantas de interesse dos agricultores em atividade no atual sistema produtivo adotado em Mato Grosso, em que aproximadamente 80% do algodão são cultivados em segunda safra após a colheita da soja.

"O trabalho feito no laboratório elimina em grande parte a necessidade de se realizarem ensaios de seleção a campo e estufas, possibilitando grande economia de tempo e recursos, além de auxiliar na manutenção da pureza genética de materiais transgênicos ou convencionais", afirma Scoz.

NOTA DO BLOG: Eu fiz questão de publicar esta matéria do Diário de Cuiabá, sobre a praga do bicudo no algodão, para fazer um comparativo do que aconteceu no Nordeste Brasileiro, com o algodão, desde a década dos anos 60. Vejamos: o Prof. Cortez Pereira, amante e estudioso do agronegócio, naquela oportunidade em seus constantes comentários sobre plantio do algodão, dizia que o governo brasileiro não poderia ficar de braços cruzados assistindo a falência do nosso ouro branco, que outrora fora o nosso principal produto de exportação. E citava que o um país tão imenso, tão gigante, não poderia ficar inerte a um assunto tão delicado para os destinos do Nordeste Brasileiro, que era a praga do bicudo. Eu que sempre defendi a cultura do algodão, pois nasci e cresci vendo o agricultor(familiares) plantar, colher e vender a sua safra do algodão e o resultado sempre lhes era favorável, pois com o lucro obtido do fruto de sua colheita, pagava o banco, comprava roupa para toda família, pagava o que devia no comércio local e muitos ainda adquiriam um automóvel para as suas necessidades. Nunca o governo se propôs a combater o bicudo no Nordeste Brasileiro. Algodoeiras, industrias têxteis, grandes complexos industriais da cunicultora, foram fechados, criando um exercito de desempregados, que para não passarem fome, fugiram para as grandes cidades. Aqui no nosso RN querido, o exemplo deste desastre foi a migração de sertanejos para a zona norte de Natal, o governo incentivando a construção da casa própria, a fim de receber mais ainda um contingente de desempregados, despreparados, sem profissão definida, esperando um dia se aposentarem para sobreviver na selva de pedra. Concluo meu comentário, com um trecho do rei do baião, Luiz Gonzaga, que dizia em uma das suas canções incentivando ao agricultor:
"Sertanejo do norte, vamos plantar algodão. Ouro branco que faz nosso povo feliz, que tanto enriquece o país, produto do nosso sertão."   

Nenhum comentário: