sexta-feira, 6 de outubro de 2017

As doenças do tomateiro podem ser controladas com uso de um composto orgânico


tomateiroA partir de três formulações diferentes do composto orgânico fermentado chamado bokashi, um experimento conduzido por pesquisadores da Embrapa Hortaliças (DF) comprovou que o aporte de matéria orgânica no solo é capaz de reduzir o efeito negativo da bactéria Ralstonia solanacearum, causadora da murcha bacteriana no tomateiro e agente nocivo para mais de 200 espécies vegetais. O uso de bokashi propicia o aumento dos microrganismos presentes no solo que competem com a bactéria, dificultando sua reprodução.
Na zona do solo influenciada pelas secreções das raízes, conhecida como rizosfera ou segundo genoma da planta, há uma vasta fauna microbiana composta por microrganismos como fungos, bactérias e algas. Um único grama de solo pode conter milhões de células de uma infinidade de microrganismos que competem de forma bem acirrada por nutrientes e por espaço em busca de sobrevivência.
Com o aumento dos microrganismos que a combatem, a população da bactéria Ralstonia é reduzida, diminuindo a severidade dos danos da doença no tomateiro. Porém, na prática, a relação de causa e efeito não é tão simplista, pois depende do tipo de solo, da formulação do bokashi e de outros aspectos que os cientistas buscaram mensurar na pesquisa.
“O diferencial desse estudo foi avaliar o comportamento de três formulações de bokashi em dois tipos de solo: naturalmente infestado e artificialmente infestado – após esterilização e inoculação da bactéria nociva”, explica o agrônomo Carlos Alberto Lopes, da área de Fitossanidade da Embrapa Hortaliças.
Os resultados comprovaram a hipótese inicial: no solo esterilizado, sem a presença de microrganismos benéficos e com a infestação artificial, a bactéria Ralstonia não encontrou competidores e pôde se estabelecer com facilidade, ocasionando maior incidência da doença nas plantas de tomate. Por outro lado, no solo nativo que já possuía uma população espontânea de microrganismos, inclusive da bactéria Ralstonia, o bokashi foi mais eficiente em restabelecer os microrganismos benéficos do solo e suprimir a ocorrência da murcha bacteriana.
O efeito supressivo no tomateiro variou também de acordo com a formulação do composto orgânico: bokashi à base de cama de aviário, bokashi de esterco de gado e bokashi desenvolvido pela Embrapa (composição mista de esterco de ave e gado). No solo infectado artificialmente, não houve variação estatística para nenhum dos três tratamentos com bokashi, mas no solo com infestação natural o bokashi de cama de aviário e o bokashi da Embrapa apresentaram menor número de plantas infectadas que o bokashi de esterco de gado. Foi possível observar, segundo Lopes, que diferentes tipos de bokashi teriam capacidade diferenciada de controlar a murcha bacteriana pela adição de espécies de microrganismos antagonistas à bactéria Ralstonia.

O melhor resultado ocorreu no tratamento com o bokashi formulado pela Embrapa: na média das repetições do experimento, somente 0,25 planta foi infectada. “Não é possível determinar que o uso de qualquer formulação de bokashi possa ter efeito supressivo no solo contra a Ralstonia, porque os resultados obtidos dependem da formulação do composto orgânico para diminuir a ação da bactéria”, conclui o agrônomo Carlos Lopes. Logo, a resposta para aquela pergunta acima é: não há fórmula exata.
EMBRAPA

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