Eles não sabiam que Margarida era semente e se espalharia por todo o Brasil |
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“A gente não tem como esquecer (...) É uma data dolorosa,
lembro da amiga, da líder sindical, da mulher que lutou em prol dos
direitos das trabalhadoras(es) rurais”.
O depoimento é de Maria da Soledade, amiga de Margarida Maria
Alves, que há 35 anos (no dia 12 de agosto de 1983) foi assassinada
covardemente por um pistoleiro, a mando dos usineiros do brejo
paraibano. O crime bárbaro tinha um único objetivo: silenciar a voz da
sertaneja que reivindicava pelos direitos trabalhistas. No período que
esteve presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Alagoa
Grande-PB, Margarida moveu mais de 73 ações contra as usinas de cana de
açúcar da região.
Foto: EBC
Soledade conheceu Margarida em Alagoa Grande em 1975, quando se
associou no Sindicato (STTR). A partir desse momento lutaram juntas
pelos mesmos direitos e na militância sindical. Emocionada, Soledade
compartilha o trecho de um poema que escreveu quando soube da morte da
amiga. “Dia 12 de agosto nasceu um sol diferente. Um aspecto de
tristeza, o sol frio em vez de quente. Era Deus dando o sinal da morte
de uma inocente (…) Jesus Cristo deu a vida pra redimir os pecados.
Tiradentes pela pátria foi morto e esquartejado. Margarida na defesa dos
pobres e necessitados”. Lembra Soledade, que estava no município de Cuité-PB, quando soube da triste notícia através do rádio.
Nos 35 anos do assassinato de Margarida Alves, lembramos que a
heroína do sertão paraibano, empresta seu nome e sua luta histórica para
a maior ação de massa das mulheres brasileiras: a MARCHA DAS MARGARIDAS!
Realizada pela CONTAG e várias organizações parceiras, em 2019 a Marcha
das Margaridas se afirma como espaço de luta protagonizado pelas
mulheres do campo, florestas e águas, por um Brasil com Soberania
Popular, Democracia, Justiça, Igualdade e Livre de Violência.
Foto: Comunicação CONTAG - César Ramos
“Agosto é um mês simbólico, de afirmação da nossa luta
inspirada na vida militante de Margarida Alves. O caminhar de Margarida
nos impulsiona a continuarmos mobilizadas, em resistência e com muita
força para construirmos nossa 6ª edição da Marcha. Tiraram sua vida, mas
deixaram espalhadas sementes de Margaridas pelo Brasil que têm certeza
que vale a pena lutar pelos direitos dos povos do meio rural”, afirma a secretária de Mulheres e coordenadora geral da Marcha das Margaridas 2019, Mazé Morais.
Foto: Lucivaldo Sena
A secretária de Mulheres da CONTAG ainda abre uma reflexão sobre o
papel da “Justiça”, que segundo ela sempre fica do lado da classe alta, e
em defesa dos seus benefícios próprios.
“Nesse dia penso nas mortes de Margarida Alves, de Pedro
Teixeira, de Padre Josimo, entre outros mártires que lutaram por uma
vida mais digna no campo brasileiro. Penso na ‘Justiça’ quase sempre
injusta com os menos favorecidos, que mantém preso sem provas o
ex-presidente Lula, o presidente que mais promoveu inclusão social no
Brasil. Juízes que defendem um salário de 39 mil para magistrados,
enquanto no País aumenta para 12 milhões o número de pessoas passando
fome. Contra todas as formas de injustiças que pesam principalmente
contra a vida das mulheres, seguiremos em Marcha”, afirma Mazé Morais.
A Marcha das Margaridas ocorreu pela primeira vez em 2000, e segue com seu caráter de denúncia e resistência.
Viva à luta de Margarida!
Somos todas Margaridas!
#RumoaMarchadasMargaridas2019
DOCUMENTÁRIO: NOS CAMINHOS DE MARGARIDA
Mais informações sobre a vida de Margarida Maria Alves assista AQUI no vídeo-documentário produzido pela CONTAG: NOS CAMINHOS DE MARGARIDA
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FONTE: Comunicação CONTAG |
segunda-feira, 13 de agosto de 2018
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