segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Animais e árvores estão morrendo por causa da seca no Nordeste

Até 2010, a média de chuva na região era de 600 milímetros por ano.
Em 2012 caiu para 200 milímetros.

A seca que há três anos castiga o Nordeste está acabando com as árvores e animais selvagens. Por falta de comida, no interior do Piauí as onças estão saindo dos parques nacionais para caçar nos vilarejos vizinhos. Só o agricultor Orleide José da Silva Reis perdeu dez cabeças de ovelhas e de cabras nos últimos três meses. “Nós soltávamos os animais e quando chegava a hora de recolher eles estavam faltando.”
Enquanto os predadores caçam fora do parque, os moradores dos vilarejos, que sofrem com uma estiagem de três anos, invadem a Reserva Nacional da Serra das Confusões em busca do que comer. Nem o tamanduá bandeira escapa. Em um abrigo natural a equipe do Jornal Hoje encontrou ossos de pelo menos quatro animais. “É um bicho que está na lista oficial de extinção. Por isso a nossa preocupação”, explica o chefe do parque José Wilmington Paes Landim.
A equipe de reportagem do JH, com a ajuda do biólogo do parque da Serra da Capivara Fernando Tizianel, entrou na mata para tentar identificar algumas espécies que não resistiram à estiagem. Segundo ele, até a árvore angico preto, típica de mata seca, não resistiu. “Ela tem uma resistência para suportar baixas precipitações de chuva.”
Em outro ponto da mata, o mateiro Adão dos Reis Silva encontrou uma carcaça de tatu bola, um animal típico da região. “Ele está muito magro e é um animal que engorda muito. Arrisco dizer que ele morreu mesmo de fome ou de sede.”
Até 2010, a média de chuva na região era de 600 milímetros por ano. Em 2012 caiu para 200 milímetros. Em outras palavras, a árvore que recebia três litros de água por ano, agora só recebe um terço disso. “Ela tem recebido apenas um litro por ano e isso tem sido insuficiente para a planta”, completa o biólogo.
Os pesquisadores que monitoram os répteis da região há dois anos estão preocupados. “Algumas espécies com ocorrência bem abundante no primeiro ano, nesse segundo ano com a seca mais proeminente não estão caindo nas armadilhas”, explica a pesquisadora do Instituo Chico Mendes Juliana Rodrigues.
Ela explica que até os animais mais resistentes à seca estão correndo risco. “Se essa seca se prolongar por muitos anos essas populações podem flutuar a ponto de eles não se restabelecerem e ocorrer uma extinção local ou algo nesse sentido.”

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