quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

 

Cana-de-açúcar: a origem de inúmeros produtos

Saiba mais sobre essa que é uma das poucas culturas que produz alimentos, fibras, energia e outros produtos.

A produção brasileira de cana-de-açúcar posiciona o país como o maior produtor do mundo, com produção estimada em 592 milhões de toneladas para a safra 2021/22, de acordo com o MAPA. Junto com a Índia, o Brasil produz mais da metade da cana-de-açúcar produzida em todo o mundo, movimentando a economia do planeta e gerando energia e alimento.

Os produtos que têm a Cana-De-Açúcar como matéria-prima estão presentes em diversos lugares. Da cozinha de nossas casas, ao combustível que abastece o nosso automóvel.

Neste artigo você vai conhecer o potencial da cana-de-açúcar como matéria prima de vários produtos de grande importância na sociedade.

O que pode ser produzido a partir da cana-de-açúcar?

O álcool e o açúcar são os principais produtos da cana-de-açúcar. No entanto, a partir do processamento da gramínea, são gerados subprodutos de grande importância. Segundo a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), entre os subprodutos e resíduos do processamento estão:

  • Bagaço - resíduo fibroso resultante das moendas
    Usos: etanol de segunda geração, bioplásticos, produção de borracha sintética a partir do butadieno, combustível para caldeira (bioeletricidade), célula com etanol (baterias e automóveis) produção de celulose (papel), fabricação de aglomerados, material alternativo na construção civil (fibrocimento), alimentação animal (ração), produção de ácido xilônico utilizado na fabricação de biopesticidas, antisséptico bucal e dispersante em cimento.
  • Palha no solo
    A colheita mecanizada deixa a palhada por cima do solo, melhorando suas condições físicas, químicas e biológicas.
  • Vinhaça - resíduo do etanol
    Usos: principalmente para adubação de solos do canavial, fonte de alimentação animal, produção de eletricidade através da produção de metano (biogás) e produção de proteínas (biomassa).
  • Melaço - caldo concentrado da cana
    Usos: Fabricação de álcool etílico, produção de açúcar em diferentes formas, antibióticos, levedura prensada para panificação, rações, produção de xaropes, vidro falso, produção de ácido lático (indústria alimentícia, química fina (tintas, vernizes) e blocos construtores para fabricação de polímeros renováveis), produção de ácido cítrico (indústria farmacêutica, de cosméticos, alimentícia e de cuidados especiais.
  • Torta de filtro - resíduo da filtragem do caldo extraído das moendas
    Usos: fertilizante rico em fósforo, eficiente para melhoria da Produtividade.
  • Óleo fúsel - matéria-prima para o processo de refinação
    Usos: solventes, indústria farmacêutica, plásticos, perfumaria.
  • Álcool bruto - mistura impura de água e álcool
    Usos: produção de álcool extra-fino e neutro (indústria de bebidas, farmacêutica, setor de cosméticos) e combustível.
  • Levedura seca - sangria da vinhaça
    Usos: fonte de proteína animal de qualidade.
  • Mitigação de gases do efeito estufa
    Seja pelo Sequestro De Carbono Da Atmosfera ou na modalidade de Ativos De Mercado, Como Os Créditos De Descarbonização (CBIOs).

Aproveite para conferir este episódio do Impulso Negócios e entender mais sobre a rebrota da soqueira da cana-de-açúcar, um dos subprodutos gerados pela cultura e capaz de ampliar o ciclo de produção por até quatro cortes.

Cana-de-açúcar e o futuro do etanol

Segundo dados da União da Indústria de Cana-de-açúcar e Bioenergia (UNICA), de 2003 a 2021, a tecnologia flex dos automóveis ajudou a evitar que cerca de 600 milhões de toneladas de CO2 fossem lançadas na atmosfera. Esses benefícios do etanol produzido a partir da cana-de-açúcar se refletem na sociedade, no meio ambiente, na agricultura e na economia.

Com o avanço das tecnologias voltadas para a produção de etanol, o mercado pode acessar quatro gerações do produto:

  • 1ª geração
    Conhecido como bioetanol. É produzido a partir do melaço não-cristalizável (sacarose) da fabricação da cana-de-açúcar, conforme a Embrapa Agroenergia.
  • 2ª geração
    O etanol celulósico provém da biomassa lignocelulósica, ou seja, do bagaço da cana-de-açúcar.
  • 3ª geração
    Utiliza microalgas em vinhaça. A tecnologia ainda está em fases de estudo pela Embrapa Agroenergia, mas tem como potencial de uso o consumo do gás carbônico (CO2) antes que seja emitido para atmosfera.
  • 4ª geração
    Busca a alteração genética de microalgas para produção de etanol, comentada no Artigo de Aron e colaboradores.

O etanol contribui com o avanço da economia pela geração de emprego, renda e eficiência energética, participando com 48% da matriz de transporte brasileira.

A versatilidade da cana-de-açúcar faz dela uma cultura promissora para a garantia da segurança alimentar. Suas múltiplas aplicações podem posicioná-la como a principal substituta ao uso de combustíveis fósseis.


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